Wolf Like Me

Fortuna Minor

As próximas 48 horas passaram rápido demais para quem estava antecipando logo um dia que deveria ser planejado minuciosamente. Eu ainda refletia sobre como a vinda de Catherine havia impactado as pessoas da minha família de maneiras diferentes, a começar por Eric. Ele estava em casa quando chegamos naquela noite e tentara agir com normalidade quando a vira passando pela porta depois que eu a convidei para entrar. Na verdade ele estava completamente em choque, pois assim como eu ninguém o havia informado do plano super secreto de Harvey. E antigamente ele costumava ter alguns sentimentos pela minha melhor amiga, então aquela reação foi especialmente interessante.

Lembro de vê-lo confuso, e Cat se fez de indignada quando Eric ficou parado sem saber se deveria cumprimentá-la por questão de rivalidade lupina envolvida. Por fim, ele decidiu que nada daquilo importava e agiu como a pessoa normal que deveria ser, para a alegria de Catherine. Era realmente como se nada tivesse mudado por ali.

Meus pais estavam... Neutros. Eles sempre gostaram das minhas amizades em Danvers, mas desde que Catherine fora transformada eles pediam cuidado, sabendo que cada vez mais eu me envolvia com seres de outro plano senão o dos vivos. Se dependesse deles, era Liv que estaria ali com certeza.

Mas das situações inesperadas eu diria que a reação da própria Cat foi a mais singular de todas. Mostrei o meu quarto e indiquei que provavelmente ela dividiria aquele espaço comigo caso precisasse dormir, mas assim que colocou a pequena mala de mão em cima de uma cadeira ela olhou para todos nós com um certo medo e disse quase num sussurro:

- B, eu consigo senti-lo por perto.

Ela se referia, é claro, ao vampiro que seguia em seu estado quase morto no porão improvisado da casa. Catherine explicou que sentira a presença dele no instante em que colocara os pés além da porta, mas que preferiu guardar para quando conseguisse identificar melhor o que era aquele sentimento. Só que foi ficando cada vez mais forte até que ela precisou nos contar. Fazia total sentido; o vampiro loiro fora criado por Thalia, assim como Cat, então eles tinham um vínculo sobrenatural do mesmo nível que Harvey e Caleb mesmo que nunca tivessem se conhecido.

- Posso vê-lo? - ela pediu parecendo querer resistir aos impulsos.

Procuramos os meus pais e tio Gabe no andar de baixo. Eles permitiram que acessássemos o anexo com cuidado, então todos nós fomos até lá em fila indiana - Harvey, Cat, Eric, eu e Jake. Ela estava extremamente apreensiva e não sabia nos dizer o motivo. Em duas partes precisamos convidá-la para entrar novamente por se tratarem de outras construções. Ela ficou admirada pela invenção do espaço e por não poder encostar em parte alguma das paredes ou do chão pintados à base de prata.

- Ele não me é estranho - Cat analisou o rosto do vampiro completamente deformado pelo estado de praticamente decomposição, embora nenhum processo biológico natural agisse em seu corpo. - Já o vi em algum noticiário ou lista de desaparecidos talvez.

- E você sente mais alguma coisa? - perguntou Eric sem tirar os olhos dela.

- É complexo demais para conseguir colocar em palavras - ela continuou, não satisfeita com o que via. - É uma sensação bizarra, me sinto incompleta por saber que ele está nesse estado. E eu sei que ele tentou te matar, B, mas é como se no final das contas ele fosse... Meu irmão, eu acho.

- Você não vai, sei lá, acordar no meio da noite e soltá-lo, vai? - Jacob inferiu de um jeito muito crítico.

- O que?! - Cat virou-se para ele e ergueu uma sobrancelha. - Quem você pensa que eu sou?

- Nós só precisamos ter cuidado, é só isso... - Eric murmurou concordando com o pensamento absurdo de Jacob.

Eu não consegui dizer nada, porque também estava em conflito. Nunca em um milhão de anos eu pensaria que Cat faria uma coisa dessas, mas ela sentir que o vampiro loiro (e ate então) desconhecido era seu irmão me pegou de surpresa. Aquilo foi um grande choque no meu otimismo das últimas horas.