A queda

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Os alunos abriram caminho e me aproximei da beirada bem lentamente. Lugares altos nunca me assustaram tanto, mas dessa vez, meu coração batia mais rápido do que o normal e minha respiração estava completamente irregular. Analisar a distância de onde eu estava até a beira do lago despertava calafrios por todo o meu corpo. Engoli em seco.

- Lembre-se, Angel, isso está no seu sangue, confie em si mesma - o mestre falou com convicção.

Concordei com a cabeça, sem tirar os olhos lá de baixo, então respirei fundo, contei até três mentalmente e pulei.

Eu caía em uma velocidade rápida até demais, mas tudo parecia estar em câmera lenta. Sentia o vento gelado bater com força contra todo o meu corpo, enquanto meus cabelos balançavam de maneira rebelde e eu mal conseguia manter meus olhos abertos. A brisa fria arrepiava cada centímetro meu e se misturava com a agonia e a inconstância devastadora... mas por um momento... eu me senti leve e extremamente livre.

O medo que tomava conta de toda a minha estrutura, as mãos suadas e a respiração ofegante se tornaram em um frio na barriga desafiador. E eu parecia estar gostando do que estava sentindo.

Contudo, toda essa sensação incrível foi interrompida no momento em que me dei conta de que o chão estava se aproximando. E apesar de toda leveza que sentia, eu ainda não estava voando.

Instantaneamente, todos os músculos do meu corpo tensionaram e o medo voltou a me dominar por completo. Fechei os olhos e me esforcei o máximo que consegui para bater voo, lutando contra a gravidade até o último segundo, mas nada parecia adiantar. Era o fim; eu ia cair. E não havia nada a se fazer.

Me entreguei e deixei meu corpo descer. Porém, quando eu estava quase me chocando contra a superfície, Jesse voou até mim e me agarrou com os braços, evitando que o impacto acontecesse.

Eu o encarei assustada enquanto recuperava a respiração aos poucos.

- Você está bem?! - ele também parecia assustado.

Assenti com a cabeça aceleradamente, ainda processando tudo o que acabara de acontecer. Eu estava em estado de choque, mal conseguia falar.

Alguns alunos e Dominic pularam do penhasco, voaram até onde estávamos e vieram falar conosco.

- Está ferida? - o professor perguntou preocupado, se aproximando de mim e conferindo meu corpo na procura de algum arranhão ou membro quebrado.

- Estou bem, mestre - respondi apóes Jesse me colocar no chão com cuidado.

O menino permanecia me dando suporte para que eu ficasse de pé.

- É a primeira vez que isso acontece... Geralmente alguns alunos demoram mais pra dominar o vôo, mas nunca nenhum tinha caído completamente - Dominic comentou.

- E se ela tentar de novo? Talvez na segunda tentativa ela consiga... - disse Wendy.

- De fato podemos tentar, você acha que consegue, Angel? Jesse e Olívia estarão aqui embaixo para te ajudar caso caía.

Eu olhei pra eles e em seguida para o topo do penhasco novamente, descendo os olhos até onde estávamos. Os calafrios voltaram quando me deparei com tamanha distância, que parecia ser ainda maior naquele momento.

Eu achei que fosse morrer. Estava assustada demais pra me colocar naquela situação de novo tão rápido assim. Precisava respirar um pouco e entender o que havia de errado comigo.

- Ainda não me sinto totalmente confortável...

- Entendo, Angel. Vamos todos retornar para sala, de lá prosseguiremos a aula - ele disse de maneira terna.

Os Elementais: A Ascensão da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora