Lute direito!

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Não sei por quanto tempo dormi, porém, mais uma vez, ao acordar, meu peito estava apertado e meus olhos ameaçavam soltar lágrimas.

A melodia ainda ecoava em minha mente, assim como a visão do rosto de minha mãe.

A semelhança era realmente gritante. Seus olhos âmbar eram exatamente iguais aos meus e seu cabelo era apenas um pouco mais escuro do que o meu, que parecia ser uma mistura do dela e do meu pai.

Esses sonhos com minha mãe... eram tão... reais. Desde o primeiro que tive, nunca pareceu ser somente uma criação de minha cabeça, era mais como uma memória. E me pergunto, de novo, por que eles estão aparecendo só agora? Por que isso é tão complicado de entender? Nada parecia estar esclarecido, tantas dúvidas rodeavam minha mente... e isso... isso... isso me deixava louca!

Não consegui mais descansar pelo resto do dia. Fiquei revirando na cama, encarando as fotos na parede, relembrando os últimos sonhos que tive com minha mãe. Minha cabeça estava tão atordoada... meus pensamentos me consumiam, martelavam e alimentavam sentimentos agonizantes.

Eu precisava me distrair, encontrar algo para extravasar, para liberar as emoções. Eu não queria chorar e demonstrar mais uma fraqueza... ainda mais depois de hoje, que chorei na frente de todos... ainda mais com Sophie no quarto ao lado, podendo ouvir o barulho do choro ou sentir as lágrimas descendo através de sua sensibilidade com a água... ela iria acabar fazendo perguntas que nem eu sou capaz de responder. E eu não precisava de mais um peso como esse.

Levantei da cama e joguei uma água no rosto para voltar à realidade. Coloquei uma legging cinza, um top de exercício e um casaco de zíper preto, peguei uma garrafa de água e fui em direção à estação de treinamento da Base de Ar sem hesitar.

Os outros alunos deviam estar descansando ou comemorando a vitória juntos, e, por conta disso, não havia ninguém ali. Somente eu.

Perfeito.

Não queria ter que interagir com ninguém, só queria ficar ali sozinha.

*Numb - Linkin Park*

Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e comecei a aquecer o corpo, inicialmente com uma alongada nos braços e pernas. Realizei algumas flexões e, em seguida, fiz séries de abdominais que deixaram os músculos da minha barriga queimando.

Em pouco tempo de treino, eu já suava e ofegava irregularmente, até porque minhas energias não tinham sido completamente recuperadas. Mas eu não podia parar.

Eu não podia ser fraca. De novo não.

Levantei e caminhei até os sacos de pancada pendurados do outro lado do salão de treino. Escolhi o mais pesado e comecei a golpear com força. Minhas mãos doíam com o impacto contra a superfície dura, mas eu continuei socando e não parei, nem por um segundo. Só continuei esmurrando o saco rígido freneticamente, cada vez com mais força.

Comecei a chorar, e já não sei se foi pela dor física ou pela emocional. Eu estava sozinha ali, então botei tudo para fora mesmo. Chorei, gritei, bufei. Meus pensamentos alimentavam a raiva que crescia dentro de mim, como combustível para uma chama dormente. A angústia de não poder voar, o sentimento de abandono, a frustração diante das dúvidas que me cercavam, a sensação de fraqueza...

Tudo me atingiu como uma onda, como um tsunami, me engolindo e me afogando. Minha boia eram as pancadas, meu oxigênio era a raiva.

- Você vai acabar arrancando o saco de pancada se continuar fazendo isso.

Me assustei com a fala repentina e parei de socar o objeto à minha frente, virando na direção do som. Aron estava ali, apoiado em uma pilastra e me analisando com os braços cruzados. Ele usava uma regata e uma calça de tactel preta, vestido para treinar. Encarei-o enquanto ofegava e depois voltei minha atenção para o equipamento de golpes novamente, evitando que ele visse meu rosto inchado por conta do choro.

Os Elementais: A Ascensão da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora