Anomalia

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A brisa quente parecia queimar cada célula de meu corpo. Meus pulmões se enchiam de fumaça conforme eu caía aceleradamente. Eu não enxergava nada, mas sentia tudo.

E, quando por fim cheguei no chão, meu impacto na superfície foi tão forte que pude ouvir meus ossos quebrarem. Eu soltei um grito interminável, a dor era indescritível, contudo, não durou muito... Minha cabeça bateu em uma pedra perto da árvore e as chamas cobriram todo o meu corpo.

Tudo ficou preto, e meus pulmões simplesmente pararam de funcionar, assim como as batidas lentas de meu coração, se desacelerando aos poucos, até que não passassem de um sopro.

E assim, minha história terminou ali.

Isso é o que teria acontecido se dois braços não tivessem me segurado antes que eu pudesse colidir no chão e... morrer. Porém, dessa vez, não era Jesse que me salvara. Não, não foi ele... Foi o dono dos olhos verdes que encontraram os meus quando meu corpo se encaixou em seus braços. Luke.

- Acho que é meu dia de sorte, não se vê um anjo caindo do céu com tanta frequência...- ele brincou e sorriu para mim.

Eu respirava irregularmente e piscava sem parar, ainda com a adrenalina correndo em minhas veias e em completo estado de choque, tanto que o máximo que consegui fazer foi dar um sorriso tímido para Luke, em resposta. Ele me segurou um pouco mais firme e disparou para o alto, indo embora do meio daquela floresta incendiada.

Nós saímos da fumaça e das cinzas, finalmente conseguindo enxergar o brilho intenso do sol no céu azul acima de nós. A multidão foi à loucura, é claro. Eles gritavam e aplaudiam euforicamente quando Luke retornou ao chão e começou a caminhar em direção a nossa equipe, ainda me segurando em seus braços.

Enquanto nos aproximávamos do grupo, olhei ao redor. Os elementais da Terra reconheciam nossa vitória com acenos e sorrisos, apesar de carregarem uma expressão um pouco triste; ao mesmo tempo, os do Fogo também batiam palmas, alguns um pouco contrariados, outros vibrando honestamente, como Brooklyn e Gwen; nossos amigos do ar mantinham-se abraçados ao lado de Sophie e seus parceiros da água.

Assim que chegamos até eles, Luke me ajudou a ficar de pé, me soltando com delicadeza, e finalmente me libertou de seus braços. Sophie imediatamente correu até mim e me agarrou com força.

- Eu sabia que você ia conseguir! - ela disse por cima de meus ombros.

- Não sem você, So - Olhei para minha amiga.

Seus olhos estavam levemente marejados e, quando vi sua expressão, me emocionei e não consegui conter as lágrimas que ameaçavam escorrer em meu rosto.

- Ah, qual é! Assim eu também não vou conseguir segurar o choro! - Jesse brincou e se juntou a nós.

Todos os outros do grupo também se aproximaram e se uniram ao abraço coletivo. Deixei as lágrimas escorrerem, lágrimas de alívio, de gratidão, de força.

Nós ganhamos a primeira batalha.

- As bases de Ar e Água venceram o primeiro combate! Uma salva de palmas para os competidores! - o diretor exclamou e todos na arena vibraram em seguida.

Os meninos me levantaram, me apoiando em seus ombros, e começaram a me jogar para o alto enquanto comemoravam a vitória. Todos gritavam e aplaudiam, uma energia indescritível. Nós conseguimos.

Nós conseguimos.


    Depois que retornei para o quarto após o fim do combate, meus músculos das pernas doíam e a parte interior de minhas costelas liberava uma espécie de queimação conforme eu respirava.

Os Elementais: A Ascensão da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora