Capítulo 77: Gargalhada.

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Boa leitura, xoxo

Z A Y N

  Eu não conseguia me lembrar o exato momento em que meu pai fora completamente controlado pela marca, mas eu conseguia lembrar de alguns momentos em que ele conseguia recuperar o controle. Eram raros, mas eu conseguia perceber a diferença, por mais difícil que fosse. 

 Uma das poucas lembranças que eu tinha, no entanto, era quase borrada, porque eu era muito pequeno e isso já tinha se passado quase 500 anos. 

 - Zayn, venha aqui. - Eu não queria parar de fazer o que estava fazendo, mas apenas escutar a voz do meu pai fazia cada pelo do meu corpo se arrepiar e a minha espinha ficar gelada. Naquela vez, porém, algo estava diferente. O medo que eu sempre sentia não estava ali presente. 

 Obedecendo, eu vou até onde ele estava sentado. O trono. Meu pai passava boa parte da sua vida ali, sentando, governando tudo no seu trono na Corte dos Pesadelos. De todas, essa era a que eu menos gostava. As paredes em preto eram um ótimo lugar para o monstro se esconder. 

 Nunca tinha luz aqui dentro. Nunca tinha vida. Raramente tinha outro ser e a minha mãe odiava aqui também, o que a fazia não vir, apesar do meu pai me trazer junto. 

 Paro em frente onde ele estava, seguindo a regra de não o olhar nos olhos. Me assusto sentindo seus dedos frios embaixo do meu queixo, levantando a minha cabeça. 

 - Você será um grão-senhor um dia. Um rei. Você não deve abaixar a cabeça para ninguém, nem para mim. - Ele nunca tinha me mandando não olhar para ele, mas como todo mundo tinha que fazer, menos a minha mãe, imaginei que eu também teria. 

 Eu concordo e ficamos em silêncio por um tempo, seus olhos não tão violetas como eu lembrava, me analisando. Lembro de querer lhe deixar orgulhoso, então estava com a minha melhor postura, esperando que ele terminasse o que estava fazendo. 

  - Eu não sei quanto tempo eu tenho para... - Falar qualquer coisa parecia ser dolorido e eu não tinha a mínima ideia do que ele estava falando naquela época, mas agora eu sabia. - Se ficar demais, fuja. 

 Era engraçado estar foçando a memória para lembrar disso agora, porque em momento nenhum da minha vida eu tinha lembrado disso. Eu tinha esquecido completamente das suas palavras.

 Fico me perguntando agora, se ele sabia o que estava me atormentando ou se ele estava falando apenas da marca, como se ficar no mundo humano fosse mais fácil por causa da magia inexistente do outro lado. 

 Jogo uma das pedrinhas que estava na minha mão no lago, observando a imagem da lua se distorcer e voltar ao normal em segundos. Eu ainda não queria voltar para a Corte, depois de tudo. 

 Não sabia se queria vivenciar todas as emoções de novo, que eu sabia que me consumiriam. Estava com medo. Era isso. E sempre foi. Meu pior defeito sempre foi não saber enfrentar meus medos. Nunca soube. Fugir sempre me foi a opção mais tentadora e eu estaria mentindo se falasse que não estava sendo agora. 

 Mas, diferente das outras vezes, eu tinha coisas que me prendia aqui. Sabia que agora, se eu fugisse, iria sozinho. Não teria os amigos do meu lado, como da outra vez... Não, a opção não era nem considerável. Não poderia passar pela minha mente. Eu tinha um filho. Um povo. Uma parceira que eu não sabia mais se me queria ou o que. 

 Acho que já fiquei tempo demais fora, quando os primeiros raios de sol começam a aparecer no horizonte, fracos, como sempre, mas ainda assim, presentes. Deviam estar preocupados comigo... Eu acho. 

 Não demoro para chegar, apesar da minha vontade ser essa. 

 A primeira pessoa que eu dou de cara, no entanto, era que eu menos sabia como abordar no momento. Louis e eu ficamos num impasse silencioso. Ele estava claramente arrependido, mas a questão era que ele não tinha feito nada. E eu não sabia como me sentir sobre. Por que, de novo, apesar de eu saber que não era culpa dele, também não conseguia ignorar o sentimento ruim que me causava. 

Night Court - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora