Capítulo 44: Dor.

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Boa leitura, xoxo

A R I A

   Era um processo complicado de se fazer. De algum jeito, eu sabia o que precisava, mas ainda assim, era necessário pensar e imaginar cada pequena coisa. Como ele vai ser? Que altura? Ele vai ter pernas? Braços? Personalidade? Cada coisinha precisava ser pensada, porque se não, não dava certo. Ficava incompleto. Forçando a memória, eu conseguia lembrar de alguns que eu tinha feito que não se movimentavam e ficavam apenas uma estátua de pedra, porque faltou alguma coisa. 

 Com uma respirada funda, acho que finalmente montei e pensei em tudo que era necessário na minha frente e com um pequeno incentivo, solto a pedra que flutua no ar, começando a crescer e crescer. Louis para do meu lado e observamos juntos a pedra se expandir, dobrando de tamanho várias vezes seguidas e tomar forma. Pernas, braços, cabeça. Era uma versão grotesca de uma "figura humana", maior, mais alta, mais forte, mais... tudo. A expressão era mais quadrada e os olhos apenas buracos, apesar de tudo, seu expressão era meiga. Gentil. 

 - Você sabe o que isso significa? - Louis me pergunta e eu nego, ainda ocupada demais observando o que era uma pedra a segundos atrás se movimentando. 

 - O que? - Questiono, com uma curiosidade distraída, me preocupando mais em observar os movimentos desengonçados da criatura. 

 - A gente não precisa de mais ajuda de ninguém, Aria. Você pode criar exércitos do chão! - Me sinto um pouco burra, porque não tinha pensado nisso, mas era verdade. 

 - Do mesmo jeito que eu posso, ele também pode, Louis. Vamos fazer o que? O máximo possível e torcer para que ele tenha feito menos? - Louis concorda com a cabeça, como se fosse óbvio. 

 - Podemos tentar... - Falo um pouco a contragosto, mas então aponto para o gigante que agora estava abaixado, brincando com a grama. - Louis, como ele pode nos ajudar? - Ele rola os olhos. 

 - Aria, você sabe que se quiser pode fazer uma criatura tão má quanto o próprio Caldeirão. - Era isso o que eu tinha medo. 

 - E se eles se virarem contra a gente? - Louis suspira, sentando no chão para pensar. 

 - Como você fez esse? - Passo os próprios minutos lhe explicando passo a passo do processo, enquanto ele concorda e parece estar absorvendo palavra por palavra. - Então é simples. Coloque na personalidade que ele vai saber lutar, mas que irá te obedecer e só irá matar o inimigo. - Louis falava esse tipo de coisa como se fosse fácil. 

 - A concentração necessária para fazer isso Louis, além de... - Eu paro de falar, sentindo um cansaço repentino e a minha cabeça girar. Era como se o meu coração estivesse sendo espremido entre duas mãos, rodando de um lado pro outro e a dor na minha cabeça era como se pregos estivessem sendo pregados com martelo no meu cérebro, doendo demais. 

 Noto apenas depois, com a visão turva pela dor e ao mesmo tempo que isso acontece, a criatura fica imóvel e só volta a se mexer quando eu fico bem de novo, como se ele estivesse ligado a mim. 

 A dor vai embora de forma súbita, do mesmo jeito que chegou. Silenciosa e repentina. 

 - O que foi isso? - Eu coloco a mão no peito, como se as pontadas ainda estivessem me machucando. 

 - Eu não... eu não sei. - Respondo e ele parece preocupado. 

 - Isso já aconteceu antes? - Se sim, eu não lembro. 

 - Não tem como eu saber, mas até onde eu me lembre, não. - Garanto. Eu lembraria de sentir algo assim. 

 - Então pode estar ligado com ele. - Louis aponta para a criatura de pedra e então suspira. - Não vamos fazer mais isso até ter certeza do que pode ser, okay? - Eu concordo, ainda sentindo meu coração batendo tão forte no peito que era como se fosse rasgar a minha roupa e sair do peito. Até isso estava doendo. Ele estava batendo como se fosse a última vez e precisasse dar tudo de si para continuar funcionando o máximo de tempo que pudesse. Um último batimento para sobreviver. 

Night Court - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora