Capítulo 60: Descanse.

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Boa leitura, xoxo

A R I A

 Fiquei mais do que grata quando mesmo depois da explicação e mesmo que todos estivessem confusos, ninguém me fez falar mais do que eu tinha dito. Respeitaram os cinco minutos que eu precisava para apenas respirar e existir, pensar e tentar ao máximo, mesmo que sem muito sucesso, colocar os pensamentos e as coisas em ordem na mente. 

 - Vamos ir terminar isso. - Minha voz soa de forma estranha na campina silenciosa. Soava estranha para os meus ouvidos. - Como está a situação no campo? 

 Emerald, como todos os outros, coberto de sangue, se prontifica para me passar o relatório, enquanto um a um vinham para o meu lado para que pudéssemos ir juntos. 

 - Os exércitos, com exceção de Hybern, estão confusos e aparentam estar recuando. Tamlin, Edymwnd e Tarquim recuaram e desapareceram, o que trouxe a confusão pros guerreiros. - Aceno com a cabeça, concordando. 

 - Então, vamos ter que chutar a bunda de apenas um rei tirano. - Hybern estava tão ferrado no momento, que eu, quase, apenas por um mero segundo, senti dó. 

 *

 O campo estava realmente uma confusão. Achei que teríamos que ajudar na luta, mas os urgals estavam matando os que sobraram e os guerreiros das Cortes estavam recuando, procurando o seu líder. Nunca senti tanto alívio ao ver um pedaço de pano branco quanto quando as Cortes Estival, Primaveril e Crepuscular se renderam, recuando de vez, mesmo que deixando um rastro vermelho e pegajoso na neve branca e, até então, imaculada. 

 Olhando em volta, encontro todos e mais para o lado, Kael e o machucado no seu rosto que formaria a cicatriz que ele possuía na minha visão. Meu peito se apertou de forma muito forte ao notar a clara falta de Ruby ali e o quanto isso era fodido. Sabia que em comparação a vários, tínhamos "dado sorte", mas qualquer perda pesava. Qualquer perda doía. 

 Os grãos senhores, todos vivos, não se despedem quando simplesmente saem, indo em direção aos seus exércitos para irem embora. Aparentemente, nossa aliança e "amizade" tinham acabado junto com o fim da guerra. 

 Kael nos dá um aceno, mas parece muito perturbado para conseguir fazer qualquer coisa a mais do que isso, também indo cuidar do seu povo. 

 Dou um agradecimento rápido para os meus guerreiros e, mesmo que não perguntem, noto estarem procurando Zayn. Deixo Liam assumir e simplesmente preciso sair dali. Ninguém sabe o que eu passei. 

 Sei que todos devem ter passado por coisas terríveis e deus me livre menosprezar o sentimento alheio, mas ninguém iria saber o que tinha acontecido naquela campina. Ninguém saberia o que eu ganhei, o que eu perdi, o que eu tive que dar para conseguir em troca. Ninguém iria saber do medo, da sensação de impotência, do medo, da perda. Nada. Aquilo seria morto e enterrado, junto comigo. 

 Diferente do que tinha planejado, não volto para a Corte. 

 Era algo que eu queria fazer ao mesmo tempo que não. 

 Pisar lá significaria ter que lidar com o que Zayn estava sendo e isso não era algo que eu tinha forças no momento, porém, também não esperava me encontrar em frente a cela do Entalhador. Dessa vez, criança nenhuma me encara, apenas uma coisa sem forma, com olhos penetrantes e sorriso medonho. Ele não parecia pertencer a esse mundo. Não tinha nome ou comparação com nada existe que pudesse ser igualar ao que eu estava vendo no momento.

 - Poder o suficiente não para apenas quebrar a defesa da Prisão, como também para conseguir não ser enganada pelos seus olhos... Senhora, você poderia acabar com esse mundo num estalar de dedos. Seu filho, num piscar de olhos. - Novamente, meu filho. 

Night Court - Zayn Malik.Onde histórias criam vida. Descubra agora