1 - Vossa Alteza, Tenho Magia

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 Magia

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 Magia. Uma palavra proibida onde eu moro. Pessoas que possuem esse dom são levadas pelos guardas e decapitadas em praça pública, alguns até sofrem coisas piores. E por isso eu sempre vivi me escondendo, fugindo para onde as estradas me levassem, já que permanecer na minha casa não era uma opção.

Quando tinha dez anos, meus pais decidiram que não me queriam mais, e me largaram a porta de um fazendeiro, que vivia com sua mulher e seu filho, eles cuidaram de mim até os treze anos, e por algum motivo, eu não me lembrava de nada de antes dos meus dez anos. Assim que eu aprendi a plantar e arar a terra, me colocaram para trabalhar, eu não os culpo, até por que não pediram por mim, eu simplesmente apareci, e tinha que comer. Mas a partir do momento que começaram a me tratar mais como uma empregada, me colocando para dormir no chão frio próximo à lareira, me dando o mínimo de comida para que eu só sobrevivesse aí as coisas ficaram complicadas.

Eu realmente amava Margot, a esposa do fazendeiro. Ela era gentil comigo, mas só quando o marido não estava olhando. Ressie, o filho do casal, guardava uma pequena parcela de sua comida para me dar, sempre o considerei como um irmão de verdade. E também, quando podia, ele me ensinava a lutar. Espadas, arcos, adagas... Familiarizei-me com todos antes dos quinze anos, ai começou o problema.

Em um dia, eu estava na feira com Margot e os soldados do rei fizeram uma proclamação, dizendo que o rei e a rainha do reino vizinho de Thyrse tinham sido encontrados e mortos. Isso já era de se esperar, já que eles estavam fugindo a pelo menos cinco anos, mas por algum motivo, aquela notícia me deixou muito triste, eu sentia um puxão dentro do peito, como algo querendo sair de mim, mas não entendia o que.

Pedi a Margot se poderíamos ir embora já que eu não estava bem, ela olhou pra mim por um segundo e arregalou os olhos, tirou sua capa preta me fazendo colocá-la e me mandou ficar de cabeça baixa, saímos da feira com o soldado gritando proclamações as nossas costas. Naquela noite, Ressie foi me ver e me disse para fugir para o mais longe possível, eu via o medo em seus olhos e não entendia, mas não quis discordar, ele pegou minhas roupas e foi colocando em uma bolsa de couro, depois me jogou uma bolsa que estava com comida. Nós saímos pelos fundos da casa, fomos correndo para o celeiro e ele pegou sua melhor espada, prendeu-a em minha cintura, pegou um dos melhores arcos e quase todas as flechas e prendeu-as a mim também, eu estava zonza pelo modo como ele se movia rápido, não entendia o porquê de tudo aquilo, mas sabia que não deveria contestá-lo também.

Ele terminou de esconder algumas adagas entre meu vestido e minhas botas, em seguida correu me puxando pelo braço até o limite da fazenda, ao longe eu ouvi cavalos trotando e o barulho de armaduras tinindo. Eram soldados do rei. Ressie me mandou fugir para o mais longe possível e não olhar para trás, eu gritava com ele tentando entender o porquê eu deveria ir embora, mas ele tampou minha boca e me olhou nos olhos, ao fundo, ouvi gritos que eram obviamente de Margot. Lembro-me até hoje das palavras de meu irmão de consideração.

- Treine! Fique mais forte, fique viva! Um dia nos encontraremos e eu me ajoelharei pedindo para servi-la em sua guerra vindoura! – Outro grito de Margot fez escorrer uma lágrima dos olhos de Ressie – O dourado dos seus olhos, é a prova de quem você é! Então não permita que ninguém os veja! Sempre que tiver medo, lembre-se, você é Kallista!

Rosellen - Crônicas de Magia e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora