Em um reino onde a magia é proibida, uma garota luta para esconder seus poderes.
Trabalhando em prol de sua vingança, Rosellen, uma das líderes do movimento rebelde contra o rei de Curcya, se infiltra no castelo como uma criada, afim de descobrir a...
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Você já esteve no inferno? Já sonhou com ele? Já imaginou como seriam os gritos das pessoas que são torturadas pela eternidade em um loop infinito? Eu nunca tinha pensado nisso, apesar de várias vezes imaginar que eu iria para esse lugar, considerando muitas das coisas que eu fiz. Mas eu nunca pensei que veria um pequeno inferno na terra.
Levantei-me com um pulo, já que estava quase deitada sobre Eiden. Ele pareceu se assustar comigo, o olhei nos olhos, tentando entender o que acontecia, o que eram aqueles sons, ele apenas baixou os olhos como se não quisesse falar e engoliu em seco.
Ao meu redor um campo que anteriormente deveria ter sido um lindo vale verde, era agora desmatado, altos muros de pedra cercavam o local, ao longe alojamentos eram vistos, mas não eram para os escravos, por que esses estavam dormindo no lado direito do campo, em meio a instrumentos de trabalho e sujeira. No centro do lugar, dois postes altos de madeira e ferro estavam manchados de sangue, um homem estava pendurado entre os dois postes, e atrás dele, um soldado carcereiro o avaliava com um chicote em mãos.
Eu achava que já tinha visto muito da maldade humana, como o que acontecia na praça da capital, como as pessoas que eram arrancadas ou abandonadas por suas famílias por terem magia, até aquelas que eram linchadas em suas vilas por apresentarem características dos magics. Mas aquele lugar era literalmente o pico de toda a maldade, o cheiro de sangue e podridão me enojava, mas eu não estava com nojo daquelas pessoas, e sim dos soldados daquele lugar, que riam enquanto o carcereiro açoitava o homem entre os postes.
Tive que usar todo o controle que eu tinha para não sair daquele cavalo e incendiar todos aqueles malditos soldados, todo aquele lugar. Como o príncipe, Dern e os guardas sabiam disso e agiam com indiferença? Eu estava enganada em relação à bondade de Eiden? Estava equivocada em relação ao bom comando de Dern? Enner tinha mentido sobre ser um transmorfo? Ou ele apenas não ligava para seu próprio povo? Por que qualquer utilizador de magia se soubesse daquilo, já teria usado toda a sua força para destruir o lugar.
- Rose não fique olhando... – Eiden disse perto de mim.
- Como podem permitir isso..? – Olhei em seus olhos com os meus marejados, sentia que ia irromper em lágrimas a qualquer segundo.
- O rei faz isso – Dern explicou ao lado – Não podemos fazer nada...
- Com as suas posições, eu já teria dado um jeito de acabar com esse lugar! – Disse com a voz alta, olhei para frente e Enner e Cliver haviam prendido seus cavalos ao lado dos alojamentos e estavam entrando no prédio maior a esquerda, desci rapidamente e fui em direção a eles.
- Rose?! – Enner virou pra mim e ao ver meu rosto entendeu tudo, ele me abraçou, enterrei meu rosto em seu peito fungando tentando segurar as lágrimas – Eu sei... Desculpe não ter avisado.
- Como eles podem? – Sussurrei – Não somos humanos como eles? Não sentimos dor, choramos e ficamos felizes iguais a eles?
- Eles não nos entendem Rose – Ele sussurrou e se afastou o suficiente para olhar em meus olhos, passou o polegar sobre minha bochecha secando uma lágrima que teimosamente havia caído – E os humanos destroem aquilo que não entendem, ainda mais se não podem controlar.
