6 - O Som Do Inferno

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O sol nascente inundava meu rosto, esfreguei os olhos vendo se alguém estava acordado, apenas vi Enner afiando uma de suas adagas, me levantei com o mínimo de barulho possível e fui em direção ao rio lavar o rosto

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O sol nascente inundava meu rosto, esfreguei os olhos vendo se alguém estava acordado, apenas vi Enner afiando uma de suas adagas, me levantei com o mínimo de barulho possível e fui em direção ao rio lavar o rosto. Ao longe podia ver a ponte que pegaríamos para atravessar o rio, me ajoelhei a margem de águas cristalinas e fiz uma concha com as mãos, passando a água gelado no rosto, depois bebi um pouco. Ao oeste, de onde tínhamos vindo, era possível ver o sol nascendo em meio as árvores, o céu da madrugada se clareava aos poucos, me sentei a margem do rio para observar o sol que tantas vezes eu podia comparar com o brilho que saía dos meus olhos.

- O que você é? – Ouvi os passos dele antes de ouvir sua voz, minha mão já estava em uma das adagas na minha cintura, Enner olhou para mim com os olhos verdes.

- Eu também não sei – Respondi piscando e ainda olhando para o céu – Simplesmente nasci assim.

- Mas os utilizadores comuns não têm olhos brilhantes – Ele falou escorado em uma árvore.

- Obrigada por me lembrar de que mesmo entre os utilizadores que já não são normais, sou menos normal ainda – Disse sarcástica e me levantei.

- Não vou contar – Ele falou dando um passo em minha direção e eu o encarei – Acho que não fez aquilo por que queria, não sabe usar isso ainda, não sabe controlar.

Bom, eu sabia um pouco, o mínimo que Darya pode me ensinar. Mas sempre que ficava com raiva, triste, ou lembrava as coisas do passado, isso dentro de mim explodia como uma bomba.

- Obrigada – Disse a ele.

- Nós utilizadores temos que cuidar uns dos outros – Ele disse e se virou, voltando ao acampamento.

Espera. Nós utilizadores? Enner também tinha magia? Saí correndo em sua direção, deixando para trás o nascer do sol e indo atrás do rapaz de cabelos ruivos.

- Como assim? O que você é? – Perguntei as suas costas o mesmo que ele tinha perguntado a mim.

- Não vai surtar? – Ele perguntou baixo e olhando ao redor.

Uma coisa que eu não entendia, era por que esses guardas viviam olhando os arredores, eu conseguia antecipar se alguém estava por perto só de estar no lugar.

- Claro que não – Respondi dispensando meu pensamento e focando no guarda em minha frente.

- Transmorfo – Ele disse baixinho e meus olhos aos poucos se arregalaram.

Transmorfos eram muito raros, a maioria havia escolhido uma vida animal quando o rei declarou a magia como um crime. Viver nas florestas era mais seguro que ser descoberto na cidade, mas um transmorfo vivendo dentro do castelo todo esse tempo? Perguntei-me se esse era o rosto verdadeiro de Enner.

- É sim – Ele disse como se já soubesse que eu ia perguntar – É extremamente difícil mudar para formas de outras pessoas, animais é mais fácil, por isso mantenho meu rosto de nascença.

Rosellen - Crônicas de Magia e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora