“Você funciona um pouco diferente do que qualquer uma que eu já conheci
Espero que este pequeno momento me faça te seguir por quilômetros”— Onde vamos? — pergunto colocando o capacete dele... Queria ir de carro, mas acho que ele prefere a moto mesmo. Ele me analisa por alguns segundos e me oferece a mão, percebendo que não vou conseguir subir sozinha.
— É surpresa... Vai saber quando chegarmos lá, aliás, não vai crescer mais que isso, não? — zomba da minha cara, me fazendo revirar os olhos e me arrumar atrás dele. Inclinando o corpo e me segurando à ele. Sentindo meu coração acelerar por sentir seu cheiro.
— Não, Josh. Eu não vou crescer mais que isso, e ninguém mandou você crescer demais. — digo e escuto suas risadas. Ele aperta o guidão da moto e acelera. Me fazendo fechar os olhos e me segurar mais no seu corpo.
Merda! Esqueci de Heyoon. Ela vai me matar, e eu estava me sentindo mal por ter estragado a nossa amizade... Agora faço isso com ela. Sou uma péssima pessoa e principalmente filha, amiga e sobrinha.
Andamos por algum tempo e paramos no meio da estrada. Estamos literalmente no meio do nada, o que o Josh tá tramando?
— Vem comigo. — murmura me tirando de cima da moto e andando na minha frente. Entrando e passando pelas árvores, segurando minha mão e me levando junto. Estou com medo de cair e passar vergonha. — Só cuidado pra não cair. — avisa quando descemos de um pequeno barranco.
Vejo a vista inteira da pequena cidade. Levo minhas mãos e tampo o gigante "O" que se formou ao contemplar a beleza desse lugar.
— Esse lugar é... — fico sem palavras. Valeu a pena esperar tanto tempo para chegarmos aqui, mesmo que já esteja quase anoitecendo. O céu já ganha uma cor laranja com rosa. As luzes da cidade começam a se acender, enquanto os carros passam rapidamente lá embaixo.
— Perfeito. — conclui Josh me fazendo balançar a cabeça em concordância. Ele caminha um pouco e se senta mais à frente, me fazendo ficar parada onde estou. Não sei porque estamos aqui. — Não vou te morder, senta aqui. — pede, dou um sorriso fraco e me sento ao seu lado. Olhando para a perfeita paisagem diante dos nossos olhos. As cores do céu mudavam lentamente, tudo parecia estar em câmera lenta.
— Por que me trouxe aqui? — questiono apoiando minha cabeça em seu ombro, sentindo ele se escorar em mim também. Estou confusa, com medo de isso ser o fim de algo que nem teve um começo. Ele me beijou, depois pareceu se arrepender... Diz não gostar de nada romântico e clichê, mas já jantamos à luz de velas e agora estamos no lugar que provavelmente é o mais bonito dessa cidade.
— Acho esse lugar bonito, sempre venho aqui quando preciso pensar, tomar decisões difíceis ou até mesmo me sentir bem. — levanto meu olhar para ele, o vendo me observar. Fico envergonhada por tê-lo assim tão próximo, mas não me afasto.
Meu corpo parece não obdecer aos sinais e avisos que meu cérebro lhe manda... Parece querer comandar em mim, sem deixar eu me afastar, sempre me puxando para mais perto de Josh.
Maldita hora que eu abri aquela porta! Sei que estou negando e lutando contra mim mesma para não me apaixonar por ele... Uma coisa que eu fiz desde a primeira vez em que lhe vi. Afinal, quem não se apaixonaria por Josh Beauchamp? É impossível não se apaixonar. Ele é perfeito, em todos os sentidos.
Seu cheiro, cabelos, rosto, corpo, humor, personalidade... Em tudo. É por isso que fico tão desconcertada ao seu lado. Ele é o Josh, e eh sou só... A Any, infelizmente ou felizmente a sobrinha dele.
— Geralmente, pensava no que quando estava aqui? — pergunto ainda com o olhar no seu. A pupila de seus olhos azuis crescem e diminuem lentamente, enquanto nas bordas fica em um tom mais puxado para o verde, isso é perfeito.
— Coisas insignificantes agora, mas que na época era demais para mim. — diz voltando a olhar para a paisagem. Suspiro fundo e faço o mesmo. — Eu sempre soube que não me encaixava naquela família, todos eram perfeitos demais. Com personalidades fortes, decididos e talentosos. Eu sempre fui apenas o filhinho da mamãe que o único dever era estudar e cursar todo tipo de coisa... Acho que não era tão ruim assim, mas eu não me encaixava nos padrões deles. — parece estar magoado com isso, olhando para baixo e com uma voz quase inaudível.
— E quando descobriu que havia sido adotado, o que sentiu? — questiono levando minhas unhas até a boca e as roendo. Estou nervosa demais para pensar em deixá-las crescer como tanto quero.
— Foi tudo confuso, mas fiquei aliviado. — ele abre um meio sorriso e encara o relógio no pulso, ele indicava que logo teríamos que voltar para casa. — Descobrir que por tantos anos viveu em uma mentira é apavorante, ainda mais quando dizem que você ficou desaparecido por décadas, para a família biológica, já dado como morto. — seguro em sua mão e entrelaço nossos dedos, acariciando seu polegar e o vendo respirar mais fundo. Isso realmente deve ser difícil para ele.
— Não precisa continuar se não quiser. — murmuro apreensiva com sua reação caso continue com esse assunto.
— Não é nada demais, Any. Eu apenas me perdi dos meus pais, confiei nas pessoas erradas. Acabei bem longe de casa e com uma família nova. São coisas que eu nem lembro mais, afinal, eu ainda era bebê, não tem como lembrar. — diz em tom fraco, fazendo com que eu me sinta horrível por ter tocado em um assunto tão doloroso para ele.
— Acredita em amor à primeira vista? — questiono o vendo me observar brevemente e desviar o olhar. Sei que está com um sorrisinho involuntário nesse momento.
— Já está anoitecendo, Gabrielly. Melhor irmos para casa. — se levanta e estica a mão para mim. Não acredito que vou ficar sem respostas, ele mudou mesmo de assunto?
— Mas eu ainda nem sei nada importante sobre você. E-eu só quero que me responda, por favor, Josh! — o vejo cruzar os braços na altura do peito e me observar, talvez meu desespero em saber algo sobre a sua vida tenha o assustado... Já que deixo bem na cara o que sinto por ele, mesmo eu nem sabendo ao certo o que é isso.
— Stefan Hidalgo, meu nome antes de meus pais me contarem que eu era adotado. Assim que eu fiquei sabendo de tudo e sobre quem eu era, pedi que me chamassem apenas de Josh... Foi a coisa mais difícil que eu já tive que fazer. Mas estava disposto a começar do zero. — escuto atentamente, tentando esconder que meu queixo ficou levemente caído com sua revelação... Por que ele disse algo tão pessoal pra mim? Pensei que iria falar sobre coisas nem tão relevantes. — E eu não sei se acredito em amor à primeira vista, talvez agora sim. Podemos ir? — pergunta esticando a mão em minha direção e olhando impaciente pro relógio, já sabendo que minha mãe deve estar uma fera.
Mas o que eu ainda quero saber, é por que me trouxe até aqui. Não conversamos nada com nada, as intenções dele eram outras?
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𝗶𝗹𝗶́𝗰𝗶𝘁𝗼 | 𝗯𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆 ✓
Fiksi Penggemar→ 𝗮𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻 | Quando Josh Beauchamp bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Any vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimentos pelo tio são bem mais do que uma simples a...