“O que eu devo fazer sem você?
É tarde demais para catar os pedaços?
Muito cedo para se desfazer deles?
Você se sente abatida assim como eu?
Seu rosto, ele faz meu corpo doer
Isso não vai me deixar em paz”Estou me odiando no momento, mas sei que isso é melhor. Não posso mais continuar com Josh, hoje percebi o quanto isso é destrutivo para nós dois. O quanto isso é desgastante e insano.
Por isso contei a verdade, por isso mandei ele embora. Porque vê-lo sofrer agora, é melhor do que quando já estivermos no fundo do poço, em um caminho sem volta.
Eu não me perdoaria se fizesse Josh infeliz, se me fizesse infeliz. Nós somos diferentes, outros ideais.
Ele foi criado com uma família rica que sempre o deixou em primeiro plano, não ligando para nenhuma merda que ele fizesse. Foi mimado, arrogante, usou as mulheres, não se importava com nada que não fosse dinheiro e o carro dele.
Eu já sempre tive uma vida muito turbulenta, meus pais brigavam, nunca fui muito popular ou tive amigos. Era só eu e Heyoon, meus pais trabalhavam o tempo todo, então a atenção e mimo nunca existiram. A família sempre foi o meu ponto fraco, e depois da tração e morte do papai, eu fiquei despedaçada... E mamãe principalmente.
Foi algo tão chocante que eu fiquei com medo disso acontecer comigo, de alguém que eu amava me trair com outra pessoa que eu amava. Fiquei morrendo de medo de namorar, de me apaixonar de verdade e me entregar para alguém que no final iria me usar e jogar fora como lixo descartável.
Não que Josh tenha me tratado dessa forma, pois ele era solteiro, não nos conhecíamos na verdade. Mas também, fiquei desapontada com suas mentiras, com o jeito que me olhava, como se ele tivesse pena de mim. Também estava irritado por eu estar colocando todas as verdades para fora, contando tudo o que poderia nos destruir e nos separar. Eu fiz isso, somente eu... Mas Josh em nenhum momento tentou reverter, apenas mentiu, mentiu e mentiu mais um pouco.
— Posso entrar? — Escuto a voz do outro lado da porta e me arrumo na cama, afastando os lágrimas e esperando que minha mãe abra a porta.
— Oi, mãe — resmungo deixando que ela se sente ao meu lado e coloque o cobertor em cima dela. — O que tá fazendo aqui? — Ainda estou me sentindo culpada por ter transformado o seu noivado no pior de todos.
— Vim pedir desculpas. — Ela pega uma almofada e indica suas pernas, eu deito minha cabeça em seu colo. — Se eu tivesse prestado mais atenção em você, eu...
— Não foi culpa sua, mãe. — Minha voz sai baixa, se nós continuarmos essa conversa, vou começar a chorar. — Você não poderia ter mudado nada do que aconteceu.
— Eu poderia sim, se eu não tivesse convidado o Josh para morar aqui ele não teria...
— Não teria o que, mãe? Se apaixonado por mim? — Olho para ela, que está sem reação. — Josh não se aproveitou de mim, foi tudo nós dois que queria fazer o que fizemos.
Preciso que ela entenda isso, que ele em nenhum momento tentou algo que eu não queria. Ela precisa entender que foi Josh quem não queria começar com tudo isso, que tentou se afastar e me ver como a sobrinha que deveria ter visto desde o início. Mas eu quis ir mais fundo, testar os limites... Então nós dois aconteceu.
— Por que eu não percebi nada antes? Como fui tão idiota em achar que ele era como um irmão pra você? Cheguei a ficar com ciúmes, pensando que Josh cuidava melhor de você do que eu. — Ouvir ela dizer isso me dói, eu traí sua confiança, ela confiou em nós dois e estávamos juntos pelas suas costas.
— Mãe, se Josh nunca tivesse morado aqui, eu seria a adolescente triste e idiota de sempre. Que nunca saia de casa e achava que tinha amigas de verdades, eu confiava demais nas pessoas. Eu ficava remoendo a morte do papai e da tia Clara, eu estava a um passo de desistir de tudo... Ele me salvou.
Minha voz está embargada e seus olhos marejados. Como se ela soubesse disso tudo, mas não quisesse admitir que é verdade, que é real.
— Mas ele é seu tio, Any. Como pode ir tão baixo? Perder toda aquela inocência de uma criança? Lembra como você era? Era como uma doce criança ingênua. — Não gosto que ela diga isso, não quero lembrar dessa pessoa que ela disse que eu era. Eu detestava aquela Any, ela era uma idiota que foi enganada por acreditar demais.
— Ele me fez perder tudo aquilo, e eu só tenho a agradecê-lo por isso — digo, voltando a deitar sobre a almofada em suas pernas.
— Quando isso começou? Vocês já...? — Reviro os olhos, impaciente e constrangida. Ela é minha mãe, e ele irmão dela. Falar sobre nós dois não seria nada normal e legal de se fazer. — Eu só quero tirar essas dúvidas da minha cabeça, filha — explica. Posso sentir a dor em suas palavras.
— Acho que desde o segundo em que abri a porta, eu soube que ele não seria mais uma pessoa a passar despercebido pela minha vida. Acho que senti algo renascer em mim, e isso me assustou. Como se eu nem soubesse que uma parte minha havia morrido. — Não consigo explicar direito, mas acho que ela entendeu. Pois apenas balançou a cabeça em afirmação e continuou acariciando meus cabelos. — E sim, nós já... Tivemos relações.
— E eu estava em casa quando isso aconteceu? — Ela para de fazer carinho nos meus cabelos e me observa. Sei o que quer ouvir, mas não seria verdade.
— Sim — sussurro.
Sei que ela está chorando, posso ouvir sua respiração ser puxada como se estivesse sem ar, ela está fungando e tentando fingir que isso não está doendo. Tentando ficar do meu lado, mas condenada mentalmente toda essa merda entre Josh e eu.
— Desculpa, filha — pede entre as lágrimas e soluços. Abraço-a bem forte, querendo que isso acabe logo. Eu a amo, e sei que está destruída com tudo isso.
Acabei com sua imagem de família perfeita... E infelizmente não me arrependo nem um pouco.
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𝗶𝗹𝗶́𝗰𝗶𝘁𝗼 | 𝗯𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆 ✓
Fanfiction→ 𝗮𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻 | Quando Josh Beauchamp bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Any vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimentos pelo tio são bem mais do que uma simples a...