“Preciso ter auto-controle
E bem no fundo, eu sei que isso nunca funciona”Observo as paredes, tentando pensar em alguma coisa para escrever. Odeio fazer redações! Isso não faz sentido, não entra nada na minha cabeça com a pressão de que vou ter que ler em voz alta para a classe toda.
Coloco as pantufas e desço as escadas com as folhas e uma caneta azul. Vejo Josh sentado na ponta da mesa enquanto minha mãe faz o jantar, estavam rindo e conversando como se realmente nunca tivessem se afastado.
— Mãe, eu preciso de ajuda. — me sento e coloco as coisas em cima da mesa.
— Ajuda no que? — Pergunta sem se virar, continua mexendo nas panelas sem parecer prestar atenção em mim.
— Trabalho da escola, preciso fazer uma redação para entregar amanhã. — mordo a tampa da caneta e ignoro o olhar de Josh.
— Querida, eu estou fazendo o jantar. Pode ser mais tarde? — Pergunta, vejo que já era 20:30. Ela nem vai ajudar nada.
— Eu sou bom em fazer redações, quer ajuda? — Josh pergunta me fazendo encará-lo, balanço a cabeça em afirmação e ele se levanta andando até mim. Estremeço e abaixo a cabeça olhando para as folhas em minha frente. — Já escreveu alguma coisa? — Questiona se aproximando e quase cobrindo meu corpo, por ele estar em pé e eu sentada na cadeira. Analisa o papel com poucos rascunhos e pega a caneta da minha mão.
— Só escrevi isso daí, um rascunho sem coerência alguma. — Digo desanimada e tentando não olhar para ele, merda! Posso senti-lo respirando a centímetros de distância do meu ouvido.
— Hm, eu gostei. Tem coerência, só falta um meio e um final. Isso é rapidinho. — Murmura com um sorriso esboçado nos lábios, estava tão distraída olhando para ele que não escutei uma palavras se quer.
— Que? O que é rapidinho? — Pergunto tentando afastar os pensamentos...
— Fazer a redação, você está bem? — Questiona olhando para mim, está tão perto que não consigo dizer nada. Só sinto meu coração batendo tão forte que parece querer saltar pela minha boca.
— O jantar está pronto. — Fala minha mãe fazendo com que Josh se afaste e volte para onde estava sentado antes. Ela pega a louça e coloca na mesa junto com as panelas. Era mais fácil pedir para a Tânia fazer isso, já que minha mãe não faz comida a décadas.
— O cheiro está ótimo, mas estou sem fome. Posso comer depois? — Pergunto e ela me encara com as mãos na cintura e a cabeça inclinada pro lado. Mostrando seu descontentamento.
— Por que depois? A comida vai esfriar, Any. — Diz me fazendo revirar os olhos. — Conseguiu fazer o trabalho? — Pergunta e eu olho para as folhas quase sem nada escrito.
— Sim, depois eu passo a limpo. — Resmungo me levantando e pegando meus materiais. Saío de lá o mais rápido que posso. É estranho jantar em "família" já que Josh chegou faz só três dias. E depois daquele episódio da queimadura não tivemos mais contato.
Volto a encarar as paredes, o que está acontecendo comigo? Tenho tudo e mais um pouco. Mas nada parece o suficiente no momento, o que é estranho. Pois antes eu não sentia isso.
Me jogo na cama e fico rolando de um lado para o outro, até pegar no sono.
Acordo e procuro o celular pela cama, onde foi parar essa merda?
Levanto os cobertores e não encontro nada. Olho no chão e lá está ele, meu coração até doeu agora.
Pego com cuidado e sem virar, se tiver quebrado eu não quero nem ver...
Suspiro aliviada vendo a tela intacta, vejo que já era 7:30. MERDAA! Estou meia hora atrasada. Me arrumo em um flash e desço as escadas com uma velocidade absurda. Minha mãe sempre me leva quando é 7:00. Não sei porque ela não me acordou hoje.
— Tá indo aonde? — Questiono vendo Josh a recém parando a moto em frente a minha casa.
— Estou chegando, por quê? Quer que eu te leve pra escola? — Pergunta olhando as horas no relógio de pulso. Faço que sim com a cabeça, ainda morrendo de vergonha. Ele me oferece o capacete dele eu coloco, como eu vou subir nessa moto? Só é duas vezes o meu tamanho. — Quer ajuda?
— Não, eu consigo! — Digo ignorando suas risadinhas e me apoiando nele para subir.
— Tô vendo que consegue... — Debocha, reviro os olhos e me seguro nele. Eu estou mais vermelha que um tomate nesse momento. — Vai ter que segurar mais firme que isso, se não quiser cair. — Avisa me fazendo enterrar o rosto em suas costas, que vergonha.
Quando chegamos a escola eu desci tão rápido da moto que nem dei tempo do Josh se despedir.
— Eu venho te buscar. — Fala em voz alta me fazendo travar no lugar, a minha vontade de correr para dentro da escola é grande.
— Não precisa, a minha mãe me busca. — Anuncio me virando para ele mas andando para trás. Quase que fugindo.
— Ela vai fazer plantão hoje. — Resmunga colocando o capacete, o vejo ligar a moto e se sumir do meu campo de vista. Suspiro aliviada. Por que estou assim? Não consigo ficar normal ao lado dele. Talvez porque nunca convivemos, e agora descobrimos que somos parentes e ele está morando comigo. Isso é meio estranho.
— Quem é o gatinho loiro? — Escuto a voz ao meu lado me fazendo dar um salto, merda, Heyoon!
— Yoon? Pensei que não estava mais falando comigo. — Digo tentando esconder minha felicidade, ela sempre foi minha única amiga... Odiaria perder sua amizade. — Ele é meu tio, não me diga que ficou interessada. — Murmuro olhando pra ela, da um sorriso sacana e me puxa para dentro da escola.
— Não vamos estragar nossa amizade por causa daquele merda do meu ex. — Diz forçando um sorriso.
— Ah meu Deus, ele te traiu? — Pergunto já sabendo que quando ela termina com ele sempre o xinga.
— Não precisa falar pra escola inteira ouvir. E sim, ele me traiu, e admitiu ter te beijado a força. Me desculpas por não acreditar em você. — Fala e me abraça, eu estava com tanta saudade desse abraço. — Mas agora me diz, quantos anos tem seu tio? — Pergunta e eu faço uma careta.
— Muito velho pra você. — Digo e ela da uma risada. Na verdade ele não tem nada de velho, é só quatro anos mais velho que nós.
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𝗶𝗹𝗶́𝗰𝗶𝘁𝗼 | 𝗯𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆 ✓
Hayran Kurgu→ 𝗮𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻 | Quando Josh Beauchamp bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Any vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimentos pelo tio são bem mais do que uma simples a...