“Eu sinto como se estivesse me afogando
Dificuldades para dormir
Sonhos inquietos
Você está em meus pensamentos”Sento na cama assustada, com a respiração ofegante e sentindo meu corpo suado. Passo as mãos no rosto e tento me trazer de volta à realidade.
— Pesadelos de novo? — pergunta Sabina bocejando e sentando na cama.
— N-não. Tá tudo bem — garanto com um sorriso nervoso. — Só não estou mais com sono.
— É 4h da manhã, Any. — Revirou os olhos e se jogou para trás, puxando as cobertas até a cabeça e virando para o lado.
Desde que comecei a ter os pesadelos, minha mãe pediu pra Saby dormir aqui em casa. Agora elas estão super amigas e eu morro de ciúmes. Sabina sempre diz que como Josh é irmão da minha mãe, ela também é de alguma maneira. Então eu sempre faço o favor de lembrá-la que Josh não é seu irmão biológico... E depois faço uma careta por ter que tocar no nome dele. Já basta ter pesadelos com ele toda noite.
Levanto e desço as escadas, indo para a cozinha e sentando em uma das banquetas. Observando literalmente o nada, com os olhos perdidos e a mente também.
Dois meses, dois meses e nada. Sinto como se fosse morrer, como se aos poucos o ar estivesse fugindo dos meus pulmões, como se aos poucos eu estivesse perdendo cada vez mais a vontade de fazer qualquer coisa.
Minha mãe percebeu, por isso colocou Saby para ficar a todo momento do meu lado. É todo dia isso, Noah fica comigo até a hora de ir trabalhar que geralmente é pela tarde, depois Saby vem para cá e passa a noite aqui. O que eles acham que eu vou fazer? Me matar?
Estão enganados. Não cheguei a esse ponto... E também não vou chegar. Só preciso de um tempo para me recompor, para voltar aos eixos e manter minha cabeça focada em algo. Qualquer coisa, qualquer coisa que não seja Josh.
Mas a cada dia que se passa, eu fico pior. Me sinto pior, mais cansada sem motivos, mais triste. Com vontade de chorar a todo instante, principalmente quando seu nome é mencionado. Às vezes tenho vontade de gritar, gritar tão alto, para que todo o mundo saiba a maldita dor que é não ter ele por perto.
Sinto falta dele a todo instante, tudo me lembra Josh Beauchamp e seu jeito de um perfeito idiota. Aquele sorriso, aquele maldito sorriso que me deixa arrepiada dos pés à cabeça. Ou então aquele corpo, parece ter sido esculpido. E ainda tem aqueles olhos, brilhantes e intensos que me tiram o fôlego. Que fazem meu corpo estremecer sobre seu olhar... É assustador o efeito que ele me causa mesmo não estando perto.
Sem ao menos que eu perceba, estou chorando novamente. Como se isso fosse fazer alguma diferença. Como se isso fosse me levar de volta àquele dia e me fazer ficar quieta, não falar nada. Não fazer perguntas a quais eu não aguento saber as respostas. Simplesmente não entregar o jogo.
Agora tirei um peso imenso das minhas costas, mas o buraco que se abriu dentro do meu coração parece pior. Mais doloroso, mais destrutivo. Minha mente parece me puxar aos poucos para esse buraco, como se soubesse — e ela sabe — meus pontos fracos. Ou melhor, meu único ponto fraco.
Sabina marcou uma festa para nós irmos, e eu espero que Josh esteja lá. Na verdade, apenas aceitei o convite com essa esperança. É isso que acontece em todos os clichês, não é? Quem dera se nosso caso fosse apenas mais um clichê qualquer.
Disse que é algo relacionado ao idiota do Ryan e seus amigos ricos e mais idiotas ainda... Resumindo, Josh faz parte desse “time”, ou pelo menos já fez parte algum dia.
Noah se tornou meu melhor amigo, super chato e extremamente irritante. Mas o único que me atura em meio aos meus surtos e crises de choro. Nós conversamos por horas, todos os dias.
Ainda me surpreendo Saby não ter falado nada pra ele sobre Ryan. Ela não confia o suficiente em Noah para isso, pra contar sobre a sua vida... Então por que se casou com ele? Por que teve um filho com ele? Não entendo o motivo de ainda estarem juntos se são mais como amigos do que como um casal.
Sempre tenho que segurar minha língua para não tocar no nome de Ryan com Noah. Ele sabe que Sabina já esteve grávida e se apaixonou por quem não devia... Só não imagina que esse alguém seja seu considerável amigo.
Minha mãe não fala em Josh, muito menos em o que aconteceu entre nós. Ela finge que isso nunca existiu, finge que ele não existe. Mas mesmo assim, insiste para que eu vá falar com um psiquiatra.
Seus motivos são que eu sou frágil. Que sou apenas uma criança que passou por traumas, que nada disso foi minha culpa, que a morte do papai e da tia Clara foi um acidente e que eu deveria esquecer isso. Eu sei que ela quer tocar no nome de Josh, dizer que esse é o motivo. Dizer que ele fodeu tanto com meu psicológico que ela acha que tenho depressão e que estou a um passo de me suicidar.
Minha mãe tenta ser legal, tenta ser compreensível, tenta ser uma mãe... Mas seu emprego sempre esteve em primeiro lugar. Salvar vidas sempre foi o seu dever, acho que ela nasceu pra isso; não para ser mãe.
Dígito seu número e penso em ligar. Mas à essas horas Josh deve estar dormindo, e também não atenderia. Eu pelo menos não iria atender se estivesse no seu lugar. Mamãe me fez apagar seu número, e assim eu fiz.
Mas antes disso o decorei e falei que já não lembrava mais nem o começo do número. Tenho orgulho em dizer que estou me tornando uma boa mentirosa... Aprendi com o melhor.
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𝗶𝗹𝗶́𝗰𝗶𝘁𝗼 | 𝗯𝗲𝗮𝘂𝗮𝗻𝘆 ✓
Fanfiction→ 𝗮𝗱𝗮𝗽𝘁𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻 | Quando Josh Beauchamp bate na porta dizendo ser da família, tudo muda de maneira brusca na vida dos dois. Any vê toda sua sanidade e moral se esvair ao perceber que seus sentimentos pelo tio são bem mais do que uma simples a...