13 - A menina estranha

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Isabela caminhou até a janela e se pôs a apreciar a paisagem

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Isabela caminhou até a janela e se pôs a apreciar a paisagem. Além dos muros do colégio havia uma planície calma e sossegada, um rebanho de ovelhas pastavam tranqüilas.

Desejou ser um pássaro para poder voar até lá, fazer parte daquela paisagem tão pura e inocente e esquecer dos problemas que tinha, mas sabia que era terminantemente proibida a sua saída dos muros do colégio.

Mais adiante da pastagem tinha um lago, plácido e convidativo, e Isabela queria só por um momento poder caminhar até lá para, ao menos, molhar os pés naquela água.

Isabela olhou para Beatriz com os olhos rasos de lágrimas, mas então percebeu que Beatriz a olhava com um olhar desconsolado.

- O que há de errado, mamãe Bia? A senhora parece tão séria comigo!

- O que há de errado? Juro que eu não pensei que você fosse capaz de uma coisa assim. Esperei até o último instante para ver se você se arrependia e contava a verdade, mas você se manteve firme até o último instante. Meus parabéns, você foi muito convincente, merecia até o Oscar de melhor atriz, confesso que nunca vi ninguém mentir com tanta eficiência. É uma pena que agora, sabendo do que é capaz, não posso mais acreditar em nada do que você diz.

Isabela sentiu que o chão fugia de seus pés. Não podia perder a credibilidade com a única pessoa que importava na sua vida, mas como ela sabia? Será mesmo que as mães são tão intuitivas como disseram que era? Mas Beatriz nem era sua mãe de verdade.

Isabela abaixou a cabeça reconhecendo que estava errada, mas não se pronunciou. Beatriz queria que Isabela se explicasse, queria que a menina se abrisse para ela.

- Por que, Isabela? Não te ensinei que a bondade é sempre o melhor caminho?

- Mas ser boa até agora só me causou problemas...

- Te causa problemas momentâneos, mas é sempre o melhor caminho. Eu queria tanto saber onde foi que eu errei. Pensei que você sempre me contaria tudo e que confiaria em mim para solucionarmos tudo, juntas, mas ao invés disso você está sempre fugindo de mim, e ainda se tornou uma mentirosa... Se sua mãe pudesse te ver, ficaria decepcionada.

Isabela lançou um olhar furioso para Beatriz e desabafou.

- Se ela não tivesse morrido e me deixado sozinha... Me deixado ser uma maldita órfã.

- Não diga isso, Isabela, ela te deixou a mim. Por acaso eu não tenho sido uma boa mãe?

- Tem sido uma mãe ótima, mas não é minha mãe de verdade. Eu preferia ter uma mãe ruim a ser chamada de órfã.

- E o que há de errado em ser órfã?

- Você ouviu aquele senhor. Não é minha culpa, mas querem sempre me castigar por ser uma órfã... Mas você nunca saberia...

Beatriz olhou nos olhos da menina e falou

- Sabe Isabela, você é o que deixar que pensem de você. Mesmo que alguém possa achar que é feio ser órfã, só vai ser feio se você quiser que seja. E pra sua informação, eu também sou órfã, e você ainda teve sorte de ter uma mãe maravilhosa pra lembrar, mas eu fui abandonada na porta deste colégio e até hoje não sei quem me gerou. Você deveria se sentir privilegiada, pois além de saber quem você realmente é, ainda é amada por tantas pessoas. Mas se descobrirem que você anda mentindo, vai acabar ficando realmente sozinha.

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