16 - Livrai-nos do mal

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Como era sexta feira e não teria aula nos dias seguintes, Isabela permaneceu trancada durante três dias em seu quarto

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Como era sexta feira e não teria aula nos dias seguintes, Isabela permaneceu trancada durante três dias em seu quarto.

A própria Camila levava suas refeições e só a deixava sair para ir ao banheiro e para tomar banho, ainda assim a acompanhava de perto para não a deixar falar com ninguém.

Beatriz quis vê-la várias vezes, mas Camila não deixava dizendo que a presença de Beatriz interferiria no aprendizado da menina.

Beatriz recorreu à madre e ameaçou usar sua autoridade de mãe, mas a madre lembrou a ela que a ordem veio direto do monsenhor. Antes de ser uma mãe desesperada ela devia lembrar que também era uma freira, e devia se comportar como tal.

Beatriz se conformou em esperar, mas jurou na presença da madre que se Camila fizesse alguma coisa com a menina, ela esqueceria que era uma freira e acabaria com a raça dela.

Finalmente, na segunda de manhã, Camila deixou que Isabela saísse do quarto para ir à aula.

Beatriz só a viu de relance quando entrava na sala de aula e estranhou não ter visto ela tomar café-da-manhã.

Não podia desobedecer à ordem da madre e tirar Isabela da aula, nem Camila foi autorizada a assistir a aula, então Beatriz arrumou um pretexto qualquer para que chamassem a irmã Paula, que era a professora de Isabela.

Foi até a sala como quem não quer nada, avisou a irmã Paula que estavam precisando dela na diretoria e se ofereceu para cuidar das meninas enquanto ela estivesse ausente.

Assim que a irmã Paula se ausentou, Beatriz fechou a porta e correu ao encontro de Isabela, abraçando-a desesperada e chorando de emoção.

- Como você está meu coração? Eu estava tão preocupada... Você não sabe o inferno que é ver você nas mãos daquela mulher...

- Estou bem mamãe Bia. Está difícil, mas eu vou conseguir com a força de Deus.

- Mas o que aquela maluca fica fazendo com você, trancada o dia todo no quarto? Ela vai acabar enlouquecendo você, meu anjo, me diz uma coisa, ela te maltrata? Se ela te maltratar é só me contar que eu acabo com ela.

Isabela sentiu uma vontade imensa de contar tudo, mas lembrou-se das ameaças daquela maluca e preferiu se calar.

Suportaria tudo, duas semanas passaria rápido, se bem que aqueles três dias pareceram uma eternidade, mas resolveu acalmar Beatriz.

- Não mamãe Bia, ela só é um tanto esquisita... Diz que eu tenho que rezar muito para elevar meu espírito, às vezes eu fico lá rezando por horas, mas é só isso. Às vezes ela me faz perder as refeições, mas é só isso.

Beatriz olhou bem para o rosto de Isabela e sabia que a menina estava mentindo, sabia que ela estava escondendo alguma coisa...

Com o que Isabela tinha contado já conseguiria acabar com aquele castigo, afinal não se podia deixar uma criança rezar durante tanto tempo, nem retirar as refeições de uma criança em fase de crescimento, mas sabia que esse tipo de castigo num convento não era considerado absurdo...

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