15 - Brincando com fogo

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Roberta resolveu mudar para um assunto mais íntimo.

- Sabe colega, vai me desculpar, mas o Lucio é o cara mais lindo que eu já vi na vida. Deve ser um sacrifício morar com ele e não ter nada de especial.

Isabela sabia que a amiga tinha toda a razão ainda assim resolveu mentir.

- Somos como irmãos. Ele não me vê como mulher.

Janete riu e completou.

- Acho que ele não vê ninguém como mulher. A propósito, você que convive com ele, nunca percebeu nada estranho? As pessoas comentam que ele... é gay. Isso é verdade?

Isabela resolveu ser franca

- Quando fui morar com meu padrinho, a criadagem já comentava. Mas eu nunca tive provas. Ele sempre foi muito legal comigo, e eu não notei nada estranho. Quando está em casa ele é uma pessoa totalmente normal. Se ele não demonstra gostar de mulheres, tampouco demonstra gostar de homens. Acho que ele só é um cara muito centrado no trabalho e não tem tempo para namorar, só isso.

- Deve ser o máximo morar com ele - Roberta comentou sonhadora - Imagina só, vê-lo desfilando à vontade pela casa, sem aquele jaleco branco... Ele já é muito gato quando está vestido, imagino à vontade. E aí amiga, como ele é sem aquelas roupas de médico? Já viu ele sem camisa?

Isabela ficou pensativa e lhe ocorreu algo que até então não tinha lhe ocorrido.

- Pra dizer a verdade, eu não sei. Ele não é do tipo que fica à vontade quando está em casa. Ele entra no quarto dele e já aparece todo arrumado. Se bem que eu ainda não convivi tempo suficiente para prestar atenção. Vivi poucos dias na casa de meu padrinho, então aconteceu o acidente e passei todos esses meses no hospital. Estamos morando juntos há bem poucos dias.

Isabela ficou pensativa. Ela mesma vivia bem à vontade, andando descalça, vestindo apenas uma das camisetas que ele lhe deu e uma bermuda velha da Justina, mas Lucio parecia sempre impecável.

Lucio seria mesmo daquele jeito ou estava se sentindo pouco à vontade com ela morando debaixo do mesmo teto?

As quatro terminaram o almoço e voltaram aos seus afazeres. Só o que ninguém teve coragem de perguntar, é onde Isabela arrumou o bebê.

Ficou claro que ele não era do doutor Lucio, mas onde uma garota criada num colégio de freiras, arrumaria um bebê?

E porque ninguém reparava no fato dela estar grávida? Quem seria o pai dessa criança?

Eram perguntas que ficariam sem respostas por enquanto, pois ninguém se sentia íntima o suficiente para tocar no assunto.

§§§

Os dias foram passando e Lucio se sentia mais descontraído.

Quando os dois estavam de folga, Lucio preparava uma grande bacia de pipocas e ambos passavam muitas horas assistindo filmes.

Lucio se sentava no sofá, e Isabela, muito folgadamente, colocava as pernas sobre o colo dele.

Ele fingia achar natural, e até massageava-lhe os pés, mas estava cada dia mais atraído por ela, apesar de tentar negar a si mesmo de todas as maneiras.

Isabela também estava apaixonada, mas não queria criar expectativas.

Ainda assim, decidiu seduzi-lo, mesmo sabendo que nunca seria correspondida.

Certa feita Lucio trouxe um jogo de tabuleiro, que ele adorava jogar quando criança; e Isabela se encantou, pois nunca jogou tais jogos no colégio.

Lucio ganhou várias partidas, mas então Isabela pegou o jeito e começou a vencer.

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