"Uma pequena joia que presenciou uma linda história de amor.
Uma rixa de família, que acabou em tragédia ao melhor estilo Romeu e Julieta.
Isabela é o fruto de um grande amor, mas foi lançada sozinha no mundo e agora, só o pequeno relicário, herdado...
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Beatriz estava deitadak6b como de costume, pensando na tragédia que aconteceu em sua vida, e decidiu que não seria um fardo para Isabela; ela nem era sua filha de verdade.
Tentou reagir e se levantar, mas assim que tentou, seu corpo perdeu as forças e ela sentia uma vontade incrível de morrer. Se ela morresse, com certeza deixaria de ser um fardo.
Beatriz apanhou um frasco de comprimidos que estava sobre sua cômoda e ia tomar todos de uma vez para acabar com sua vida, mas quando colocou o primeiro deles na boca escutou uma voz na penumbra.
- O que está acontecendo com você Bia? Pensei que fosse mais forte que isso. Vai mesmo deixar um contratempo acabar com sua vida?
Num primeiro instante, Beatriz pensou que fosse Isabela, pois a voz tinha o mesmo timbre, mas percebeu que a silhueta era diferente e muito delgada para ser ela.
Beatriz sentou-se na cama, então o vulto se aproximou, e Beatriz constatou emocionada que era sua melhor amiga Elisa.
Beatriz deu-lhe um abraço emocionado e Elisa continuou falando.
- Estou orgulhosa de você, fez um ótimo trabalho com nossa Isabela! Que garota maravilhosa ela se tornou! E que coragem! Pensei que ela tinha aprendido isso com você, mas agora que vejo você aí, vegetando, fico decepcionada! Você é melhor que isso Bia; e eu sei!
Beatriz começou a chorar e falou, entre soluços.
- E o que você sabe? Eu não tenho ninguém na vida... Você se foi e a madre... Eu aprendi a ser freira e não sei ser mais nada. Quando a diocese descobrir... Eu nunca mais poderei ser Madre! Mesmo que me deixem ser freira, eles não me permitiriam permanecer ao lado das meninas, e eu não sei viver sem elas. O que eu faço com o resto dos meus dias? Não posso ser um fardo para minha, ou melhor, nossa Isabela. Ela nem ao menos é minha de verdade!
Beatriz continuou chorando então Elisa afagou os cabelos dela e completou.
- Você nunca será um fardo para ela. É a única mãe que ela conheceu e neste exato momento ela está precisando de você. Ela foi vítima de uma tragédia sem precedentes, ainda assim, com força e garra, ela enfrentou tudo e está lentamente se recuperando. Mas ela está grávida e vulnerável, não é o momento de ficar aí, sentindo pena de si mesma. Você tem que dar a volta por cima e se recuperar para continuar cuidando da nossa menina. Esse é o momento mais importante da vida dela e é quando ela mais precisa de sua ajuda. O que aconteceu com ela foi muito pior do que aconteceu a você e ela superou!
- Eu não consigo ser uma boa mãe! - Beatriz queria argumentar, mas sabia que Elisa tinha razão - E mesmo que eu me recuperasse agora... O que vai ser de mim quando ela não precisar mais de mim?
Elisa deu um sorriso condescendente.
- Lembra quando você era mocinha? Você me contou, certa vez, que era apaixonada por alguém, mas que esse alguém lhe era proibido, por isso resolveu ser freira... Para esquecê-lo, lembra-se?
