13 - Ambiguidades

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Isabela concentrou sua atenção na capelinha á frente enquanto suportava outra onda de dor, e por instantes fingiu que Alex não estava ao seu lado, mas era impossível não perceber a presença dele ali.

Alex era alto e forte, sua pele negra contrastava com a roupa branca que usava, tinha um queixo forte e decidido, um olhar meigo de garoto desamparado e lábios carnudos irresistíveis.

Isabela olhou para ele com o canto dos olhos e percebeu que ele a encarava com uma intensidade perigosa, como se quisesse mesmo seduzi-la, e por um momento, Isabela o desejou...

Queria experimentar a textura daqueles lábios carnudos e estremeceu com o rumo de seus pensamentos.

Alex sorriu ao ver a reação dela. Estava encantado, e esperava que ela correspondesse ao flerte, mesmo sabendo que estava concorrendo com seu melhor amigo.

Alex já tinha perguntado o que Isabela representava para ele, e Lucio afirmou não existir nada entre eles, mas Alex conhecia muito bem o amigo e percebeu que Lucio estava apaixonado por Isabela, só não queria confessar.

Depois de um longo silêncio, Alex completou.

- Fico contente que seu filho não tenha pai... Talvez eu possa me candidatar ao cargo. O que me diz?

Isabela falou, incrédula.

- Doutor Alex! Tenha modos e não me trate como se eu fosse uma simplória. Que coisa mais boba de se dizer! Se eu fosse uma garota carente já estaria acreditando.

Alex sorriu, e o sorriso dele atingiu Isabela em cheio.

- Pois pode acreditar! Eu vejo grávidas todos os dias, e você é de longe a mais bonita que já vi.

Isabela resolveu fingir que o que ele dizia era só brincadeira, então também começou a brincar.

- Mas o senhor não falou que é contra o regulamento do hospital o relacionamento entre funcionários do mesmo setor?

Alex soltou uma sonora gargalhada e emendou.

- Aí é que eu entro com a sorte! Não sou do seu setor. Você é da obstetrícia e eu sou da neonatologia. Só vou ao andar de cima para examinar os bebês, mas meu setor é na ala pediátrica.

Isabela sorriu, a conversa descontraída com Alex fez suas dores diminuírem, mas de repente, sentiu outra onda de dor, e seu rosto ficou pálido.

Isabela segurou a respiração até a dor diminuir, então falou com voz cansada.

- Está bem doutor Alex, vou pensar na sua proposta.

Alex pegou Isabela pelos ombros e exclamou eufórico.

- É serio?

- É claro que não! - Isabela respondeu surpresa - Estou brincando, assim como brincou comigo esse tempo todo. Sei que não sou nem de longe a grávida mais bonita. Minhas colegas acham que pareço a noiva do Frankenstein.

Alex percebeu que Isabela estava chateada.

- Não se preocupe. Elas te acharam bonita, e é por isso que incomodou tanto. Elas são todas apaixonadas pelo Lucio... Não sei o que esse cara faz pra fazer tanto sucesso! Quando perceberem que não existe nada entre vocês, vão te aceitar numa boa. Aliás, a galera é legal; sei que agora parecem bruxas, mas vai ver que são bem legais.

Isabela tentou sorrir, mas outra onda de dor tomou conta dela, e ela arcou o corpo para tentar se conter.

Alex pegou as mãos dela e percebeu que estavam frias. Tentou fazê-la levantar, mas ela resvalou para a inconsciência.

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