"Uma pequena joia que presenciou uma linda história de amor.
Uma rixa de família, que acabou em tragédia ao melhor estilo Romeu e Julieta.
Isabela é o fruto de um grande amor, mas foi lançada sozinha no mundo e agora, só o pequeno relicário, herdado...
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Isabela chegou exausta da aula, tomou banho e resolveu descansar um pouquinho antes de ir para o plantão no hospital.
Estava no último ano do curso de enfermagem, e com vinte e um anos sentia-se como um passarinho pronto para planar pela primeira vez.
Como era seu último ano, o padrinho arranjou também um estagio num hospital muito movimentado e Isabela adorava a correria da equipe para atender os casos.
Isabela apanhou o jornal para se colocar a par das novidades. A parte favorita de Isabela eram as colunas sociais, pois sempre encontrava alguma de suas colegas de colégio.
Sempre saía alguma reportagem envolvendo uma de suas amigas, às vezes era casamento, outras uma festa de aniversário, ou o nascimento de um filho...
Mas às vezes elas também apareciam nos obituários. Nesses três anos desde que concluíram o colegial, Isabela já tinha lido cinco delas nos obituário, mas o que achava mais estranho é que as três últimas tinham sido num curto espaço de tempo.
Questão de menos de três meses de uma para a outra, e a coincidência maior era que as três últimas tinham estudado exatamente na turma dela, e a causa da morte estava em sigilo.
Mas nesta tarde não tinha nada nos obituários, nem nas colunas sociais. Ainda assim Isabela chocou-se ao ler, nas páginas policiais, que uma mulher foi presa em flagrante após tentar matar o bebe recém-nascido. A reportagem dizia:
"Um bebe foi encontrado ainda com vida, embrulhado em um saco plástico e jogado numa lixeira. As autoridades foram acionadas e encontraram a mãe da criança quando dava entrada em um hospital com uma forte hemorragia. O bebe foi socorrido e levado para a UTI neonatal, agora seu quadro é estável. A mãe esta sendo medicada, mas já está sob a custódia da policia e vai ter que responder por crime de abandono de incapaz e tentativa de infanticídio."
A reportagem era deveras chocante para Isabela, ainda mais por estarem, mãe e filho, justamente no hospital onde trabalhava.
Mas não era esse o fato mais chocante, Isabela via tragédias quase todos os dias. O fato mais chocante era que Isabela conhecia a mãe do bebê, e conhecia muito bem.
Imaginar que uma garota pobre e sem condições fizesse uma loucura dessa era aceitável, se bem que ainda monstruoso, mas uma menina tão bem nascida... O que levava uma jovem tão rica e bonita cometer uma loucura dessas?
Ao olhar para o relógio viu que já não tinha tempo de ficar divagando. Se vestiu e apanhou suas coisas para iniciar mais uma longa noite de plantão.
§§§
Isabela era adorada por todos no hospital, pois nunca reclamava, e mesmo quando lhe davam os piores serviços, ela fazia com prazer.
As criancinhas eram sua especialidade, por isso não estranharam quando ela pediu para ir dar uma olhadinha no bebê da reportagem.
Ao olhar aquele ser tão frágil dentro da estufa, respirando com dificuldade, cheio de tubos, Isabela emocionou-se. O padrinho tinha dito a ela, que um dia ela também foi um bebezinho daqueles.
