8 - A ameaça

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Ainda no horário de visitas, o Dr. Ferreira apareceu para interrogá-la.

Beatriz achou que não era um bom momento, mas Isabela estava disposta a acabar logo com aquilo.

- Olá doutor, como está?

- Estou bem, mas eu quem deveria fazer essa pergunta... Como está?

- Vou levando... Mas vamos ao que interessa. É o senhor que está investigando o caso das meninas do colégio Sagrado Coração não é mesmo? Tenho novidades a acrescentar à sua investigação. O senhor ainda guarda o material recolhido no corpo das vítimas?

- Sim, quer dizer, o instituto médico legal guarda, mas de nada nos adianta se não temos um suspeito.

- Pois agora tem um, ou melhor, tem três. Estou acusando formalmente o meu agressor como o autor dos crimes, e ele tem como cúmplices dois amigos inseparáveis, e a própria mãe.

O investigador fez uma expressão preocupada e alertou.

- Por favor, senhorita; não podemos nos precipitar. Em que se baseia para tirar essas conclusões? Eu apenas levantei a hipótese...

- Lembra-se da lista da escola? - ele fez uma cara de surpresa, mas antes que pudesse dizer algo, Isabela continuou - Tudo começou há muito tempo atrás. Era a mim que ele procurava, mas enquanto não me encontrava, ele foi atacando uma por uma das meninas que estudaram na mesma serie que eu. A mãe dele conseguiu a lista e lhe dizia a quem devia atacar. Como era covarde, sempre agia em conluio com os amigos de farra. As testemunhas no caso de Caroline disseram que a viram ser seqüestrada por três homens, da mesma maneira que o testemunho de Daniela. No meu caso fui atacada apenas por Luciano, mas tenho certeza que ele tem tudo a ver com os outros casos, pois escutei a própria mãe dele falar isso.

O Dr. Ferreira suspirou desanimado.

- Acho que tenho que pendurar as chuteiras. Você não é a primeira que me mostra o óbvio nesse caso.

Isabela sorriu compreensiva.

- Sei que estou mudada por causa da cirurgia, mas eu já conheço o senhor.

- Impossível, eu nunca esqueço um rosto.

Isabela tornou a rir, dessa vez mais descontraída pelo fato de não ser reconhecida.

- Mudei bastante, fazer o que, é culpa das cirurgias. Lembra-se da noite em que atacaram Daniela? Uma enfermeira metida a detetive... eu era a décima da lista, lembra-se?

- Oh céus, é você mesma! Não tenho maneiras de agradecer tudo o que tem feito por nós. É uma pena que não pudemos evitar que isso acontecesse com a senhorita, mas se suas informações estiverem certas, esses maníacos vão apodrecer na cadeia. Sei que agora não adianta, mas há alguma coisa que eu possa fazer pela senhorita?

- Investigue aqueles três. Se forem os culpados quero que apodreçam na cadeia. Vingue minhas amigas, doutor. Ah, e se for possível, faça um exame de DNA naquele bebê que foi abandonado. Se o DNA bater com o de qualquer daqueles miseráveis, comunique à senhorita Bianca, diga a ela que foi uma cortesia minha.

- Pode ter certeza que vamos provar que eles são os culpados. Muito obrigado, senhorita. Tem certeza que não quer ser investigadora?

Ambos riram e o doutor Ferreira achou melhor deixar Isabela descansar, tinha muito a fazer e ele não queria perder tempo.

Antes, porém, que ele saísse Isabela o chamou de volta.

- Por favor, doutor, não se esqueça de investigar dona Clara.

§§§

Por incrível que pareça, a justiça agiu com uma rapidez surpreendente.

Bianca reconheceu Luciano como o cara que a seduziu, e finalmente criou coragem de denunciá-lo.

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