25º Capítulo

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Quando acabei o expediente, fui apanhar o meu pequeno mesmo a pé e fomos para casa de táxi para preparar o jantar.

A Vanessa não voltou a aparecer, pelo que fiquei a saber ela foi almoçar sozinha porque não quis ir com o Chris e depois foi para a casa do Matt. Acabou que o Chris foi almoçar connosco, já que também tinha estado perdido com o tempo.

Combinamos estar todos para jantar às sete da noite, eu faria o jantar e eles trariam uma sobremesa. Eu e o Dean decidimos que faríamos um prato bem leve porque no dia seguinte todos teríamos que acordar cedo.

Enquanto o Dean tomava banho, eu cortava os legumes para pô-los a cozer ao mesmo tempo que a carne que estava no forno. Fui espreitando o Dean para ver se ele estava a conseguir mas voltei logo para a sala quando a campainha tocou.

— Pudim? — sorri para o Chris que trazia a sobremesa favorita do Dean.

— Um passarinho soprou que essa é a sobremesa favorita do pequeno. — disse o Matt a entrar — E o tio babado não resiste também, não é Christopher?

— Quem é mesmo, Matthew? — o loiro revirou os olhos com um sorriso — Falando nele, onde está o meu pequeno? — fechei a porta e caminhei até ao forno quando apitou.

— Deve estar a sair do banho, podes ir ajudá-lo a vestir? — tirei a travessa do forno, levando-a para a mesa — Vou só acabar isso e já vou tomar banho.

— Sem problemas. — ele começou a caminhar para o corredor — Tem cuidado com o Matthew, ele fica muito animado quando vê o pudim dele. — fez uma cara de tarado, fazendo-nos rir e desapareceu no corredor.

— Deixa-me acabar isso e vai tomar banho. — ele disse tirando a esponja da loiça da minha mão e empurrando-me para o lado.

— Obrigada. — beijei a sua bochecha e corri para o meu quarto, mas não sem antes dar uma vista de olhos ao que o Chris e o Dean estavam a fazer.

O Chris estava sentado na cama a ajudar o Dean a vestir a camisa do pijama enquanto cantavam uma canção baixinho. Sorri com a imagem e segui o meu caminho.

Acabei de preparar-me, vestindo um pijama confortável e comecei a pentear o cabelo para fazer duas tranças. Desembaracei-o todo e depois fiz a divisão, começando a fazer a trança virada.

Enquanto olhava o meu reflexo no espelho, tinha lembranças da minha infância, do tempo que sentava nas escadas da nossa casa de praia e a minha mãe sentava-se comigo para pentear o meu cabelo enquanto o meu pai e o Danny jogavam futebol e depois fazíamos duplas, eu e o meu pai, o Danny e a minha mãe. Passávamos os fins-de-semana juntos entre gargalhadas e contos, comida e brincadeiras, sol, praia e muita felicidade.

As minhas mãos baixaram-se e bateram com força no lavatório, tentando acalmar o meu coração que apertava de saudades. Fechei os olhos com força para travar as lágrimas mas elas foram descendo mesmo assim. Chorei baixinho durante alguns minutos mas voltei a bloquear aqueles pensamentos dolorosos. Respirei fundo e levantei o olhar para o espelho. Pronunciei uma ofensa de baixo calão em português, sentindo as minhas pernas fracas e o terror a subir pelas minhas veias.

Tinha uma mulher colada à mim e eu não estava na minha casa de banho, mas sim de volta àquele quarto onde estava à tarde quando o Matt fez o tal traspasso. Soltei o grito que estava preso na minha garganta mas não conseguia ouvir a minha voz, apercebendo-me que ela não estava a olhar para mim. Arrisco dizer que ela não conseguia ver-me.

Ela andou às voltas no quarto onde estava e começou a conversar com alguém.

— Eles estão todos juntos, até aquela ruiva mal aquecida está com eles. — ela falou com raiva na voz — A segurança da escola daquele lobinho mal feito é uma brincadeira, fácil demais, mas não tenho certeza que vale a pena atacar por lá.

EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora