6º Capítulo

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Se alguém inventasse um espectáculo para ver de quem é a vida mais engraçada, eu, com toda a certeza, haveria de ganhar. Se a vida desse um Grammy ou um Óscar todas as vezes que algo mau acontece na minha vida, eu teria um armazém enorme cheio deles. Seria cómico se não fosse trágico. Não digo que não acontecem coisas boas na minha vida, até porque eu não devo dizer mentiras, o Harry Potter ensinou bem, mas as coisas más parecem amar acontecer na minha vida. Só pode. Eu já cheguei ao ponto de querer simplesmente pôr um fim nisso tudo mas sabia que não era assim que a vida era. Eu podia perder um mundo de coisas boas que poderiam acontecer na minha vida, se eu decidisse acabar aqui, sem falar que ele ganharia. E eu não vou deixar ele ganhar sem batalhar.

Eu preciso de um momento, apenas cinco minutos para conseguir respirar porque os meus pulmões ameaçavam parar a qualquer momento. Os meus joelhos falharam e eu bati com eles no chão, assustando Dean. Levantei os olhos para a sua cara assustada e vi a sua boca a mexer mas não conseguia ouvir nada, só conseguia ouvir o coração a bater fortemente contra o meu peito e nem mesmo o meu cérebro conseguiu fazer alguma piada sobre o momento, porque sabia da gravidade da situação. Ele sabia onde eu morava e sabia que eu planeava ir para LA, ele sabia muito mais do que eu pensava, e muito provavelmente sabe mais que isso, o que reduz as minhas chances de conseguir fugir sem ser seguida. Provavelmente ele ia conseguir o que sempre quis amanhã, porque sabe tudo da minha vida. Levantei as minhas mãos trêmulas e suadas, peguei nas de Dean e olhei para os seus olhos, antes de abrir a boca travei o grito de pânico que ficou suprimido na minha garganta.

— Está tudo bem, okay, Dean? — ele apenas abanou a cabeça — A mamã só precisa de um momento, okay? — ele concordou e continuou a olhar para mim. Fechei os olhos e contei até dez mentalmente mas o ataque de pânico ia começar e eu não estava a conseguir ficar calma por nada. A minha respiração parou e senti o meu coração descompassado, eu estava a beira de um colapso. Todas as vozes não passavam de sussurros no fundo da minha mente e que ficava cada vez mais confusa de tudo. Conseguia ouvir o sangue pulsar nas veias com força e fluir até chegar ao coração que se encontrava numa confusão de batimentos.

— Ella? — consegui ouvir uma voz a chamar o meu nome, uma voz bem conhecida pelos meus ouvidos — Ella! — senti alguém ajoelhar ao meu lado e abri os olhos e olhei para o lado encontrando os olhos azuis de Matthew — Consegues ouvir-me? — pisquei os olhos com força e confirmei com a cabeça, largando as mãos de Dean — Ótimo. Agora concentra-te na minha voz, okay? — eu olhei para o lado para ver onde estava Dean. Christopher conversava com o pequeno longe de onde estávamos. — Olha para mim, Ella. — Matthew disse pondo as suas mãos no meu rosto — Eu preciso que tu respires e que concentres somente na minha voz. — empurrei as lágrimas para dentro e tentei respirar mas não dava então abanei a cabeça — Eu estou aqui, Ella, não precisas de ficar com medo de quem quer que for. — as minhas lágrimas já molhavam o meu rosto mesmo eu não permitindo, parecia que eu tinha perdido o controle do meu próprio corpo. — Tu estás segura. — ele limpou as minhas lágrimas, puxou a minha testa e colou à sua. O meu corpo começou a funcionar e logo consegui respirar e o medo começou a drenar das minhas veias. Todo o terror ainda encontrava-se algures ali, escondido, para apanhar-me desprevenida. As minhas mãos pararam de suar e de tremer aos poucos, o meu coração começou a bater mais calmamente e já conseguia ouvir os barulhos das pessoas a caminharem .

— Tu não sabes do que ele é capaz, ele vai encontrar-me e vai fazer o que sempre quis. — não sei o porquê de ter dito isso mas não sabia dizer se ele conseguiu ouvir.

— E ele não sabe do que eu sou capaz. — deixei-me ser abraçada por Matthew até parar de tremer, apenas inalando o seu cheiro característico e sendo aquecida pelos seus braços despidos.

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