5º Capítulo

1.9K 161 13
                                    

Abracei o corpo de Dean fortemente contra o meu e entrei para o apartamento. Contive a vontade de chorar e o ataque de pânico ao ver uma frase escrita na parede branca com tinta vermelha. Agarrei nos meus documentos e os de Dean colocando-os na minha bolsa e saí daquele lugar o mais rápido possível. Desci as escadas rapidamente tentando não acordar Dean, que ia fazer um monte de perguntas das quais eu não tenho respostas. Andei para fora daquele lugar e não abrandei até estar longe o suficiente para conseguir respirar. O meu cérebro gritava e andava de um lado para o outro em alerta vermelho e o meu coração ameaçava parar de tanto pânico que passava pelas minhas veias. Aquela sensação de segurança que ainda conseguia sentir foi para o chão e deitou na lama morrendo. A minha pele estava quente com a adrenalina de estar a ser caçada novamente e os meus pulmões respiravam um ar perigoso e incerto. Tudo em mim estava em alerta máximo e todas as poucas pessoas nas ruas pareciam estar a olhar para mim, fazendo-me ficar tonta. Tentei consertar a minha respiração mas parecia impossível. Eu precisava parar por um minuto e respirar. O meu estômago deu uma volta completa e o pouco de comida que estava nele queria sair por onde entrou. Dean mexeu-se nos meus braços e eu tentei recompor a minha cara de pânico.

— Mamã? — ele levantou a sua carinha e eu sorri para ele.

— Vamos comer num restaurante, sim? Não tem nada em casa para fazer a tua sopinha. — ele abanou a cabeça e eu ajeitei ele no meu colo, pondo as pernas dele uma de cada lado da minha cintura e ele deitou a cabeça no meu pescoço. Olhei para onde estávamos e vi uma lanchonete aberta um pouco mais longe e fui até lá e entrei. O lugar parecia ter saído de Riverdale, todo decorado com sofás vermelhos e luzes amarelas em candeeiros colados ao tecto, o balcão ficava mesmo à entrada e ocupava o lado direito todo e tinha alguns bancos altos azuis e brancos. O lugar tinha um cheiro doce, aposto que é baunilha, e não parecia que serviam comida aqui. Perguntei à menina que estava a atender no caixa e ela disse que eu podia ir sentar que já iam levar a sopa. Sentei na mesa mais escondida, não que fosse assim tão escondida já que tinha uma janela ao meu lado, ainda com Dean no meu colo.

O medo de ser apanhada ainda passa pelas minhas veias e sei que o mais certo é sair desta cidade o mais rápido possível, mas ainda era noite e precisava de descansar, assim como Dean que precisava de uma cama e uma boa noite de sono para repor as energias. Lembrei de Christopher e até mesmo de Matthew. Ele disse que ia ajudar-me certo? E que podia proteger-me se eu deixasse ele entrar na minha vida, mas estava a duvidar que ele podia ajudar-me agora que ele já sabe que eu estou aqui. Ele não vai simplesmente aparecer na porta da minha casa e dizer um 'oi', ele gosta de uma boa caça, gosta de intimidar a presa e deixar ela desesperada, brincar com os sentimentos da pessoa e depois ajudá-la, só para fazê-la cair num buraco maior do que já se encontrava. E era isso que ele ia fazer comigo se eu não fugisse agora, só ia começar a ficar paranóica.

— Está aqui a sua sopa. — uma voz soou ao meu lado e eu assustei-me mas logo acalmei o coração quando vi que era uma mulher mais velha que estava a trazer a sopa para o Dean.

— Obrigada. — sorri para a senhora e peguei no prato de sopa olhando para a senhora que voltou para onde saiu — Dean. — acordei o rapaz que estava a babar no meu ombro e eu ri baixinho quando ele passou a mão pela cara, sujando mais ainda com a baba. — Está aqui a sopa. — disse tentando tirar a baba da sua cara com um guardanapo. Levantei-o e coloquei -o sentado no outro banco ou sofá, voltando a sentar no meu lugar enquanto ele comia a sua sopa em silêncio, quase adormecendo por cima do prato. Abri a sua mochila para ver se tinha algo lá dentro para ele vestir para dormir e encontrei o seu pijama azul. Tirei o mesmo e deixei por cima das minhas pernas enquanto via se os documentos estavam todos ali e suspirei aliviada. Eu tenho algum dinheiro no cartão e chegava muito bem para passarmos a noite em algum hotel mais próximo e para amanhã irmos para outra cidade dos Estados Unidos, que não fosse aquela que eu já estava a ser caçada por uma pessoa e meia. Sim, meia. Carlos não conta como uma pessoa completa, não ao pé d'ele, Carlos é a menor das minhas preocupações.

EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora