Ella

11º Capítulo

Tudo parecia girar à minha volta e o equilíbrio escapou de mim, deixando a gravidade actuar e o meu corpo cedeu à tentação de deitar naquele chão e tentar respirar como deve ser. Toda aquela segurança que eu sentia dentro daquela casa passou por mim e deixou desolada no chão frio da casa de Matthew. A respiração esqueceu da sua importância para o funcionamento do meu corpo e os meus ouvidos não queriam acreditar no que tinham ouvido. Tudo passava em câmara-lenta e eu tentei respirar para evitar o ataque de pânico.

— E como é que conseguiste entrar aqui? — perguntou Christopher com uma voz séria aterrorizante. Fez-se silêncio por algum tempo e eu conseguia ouvir a minha respiração pesada.

— RESPONDE! — berrou Matthew e aposto que até Lúcifer conseguiu ouvir. O meu corpo tremeu com medo da sua reacção e o meu peito não conseguia mais aguentar os meus batimentos altos e fortes.

— Só vim para dizer isso, — fez uma pausa e aposto que estava a sorrir — caso queiram mais alguma coisa, por favor, contactem o meu advogado. — ouvi uma pancada, seguida de muitas mais e o meu corpo tremeu mais ainda. O vento passava com mais força pelo meu corpo e logo a chuva continuou da tarde começou a cair novamente. Caí na realidade e levantei do chão rapidamente, correndo para dentro de casa.

— Ella. — ouvi alguém cantarolar o meu nome e olhei para trás, congelando no meu lugar. — Eu acho que tens uma promessa para cumprir. — a minha visão estava embaciada mas eu reconhecia aquela voz vinda do inferno. Erik Evans estava diante dos meus olhos e as lágrimas acumulavam-se nos mesmos. Ele veio buscar-me e ele vai conseguir, já que ninguém estava ali para ajudar-me e eu não era o suficiente para conseguir sair daquela enrascada. Todas as técnicas que eu poderia usar dissiparam-se da minha mente e o grito de pavor ficou entalado na minha garganta. Aquele homem atormentava a minha mente e conseguia confundir todos os meus pensamentos e sentimentos, era difícil escapar dele tal como é difícil escapar do destino.

As minhas pernas tremiam e o meu cérebro tentou processar alguma escapatória mas o meu coração disse para eu correr, e foi justamente isso que eu fiz. A adrenalina passava pelo meu corpo, não deixando o mesmo cair no chão cansado enquanto o meu pulmão clamava por oxigénio. Corri para dentro de casa e fechei a porta na sua cara, passei pela cozinha e saí na parte de trás da casa onde tinha a piscina e a entrada da floresta. Precisava deixar Dean seguro, nem que para isso tivesse que correr para dentro da floresta. Tive uma ideia e olhei para trás para garantir que ele não via por onde eu estava a ir, entrei para a piscina sem fazer muitos movimentos e baixei na água, tentando conter a minha respiração. Fiquei muito tempo sem respirar mas queria ter certeza que ele ia passar por mim sem notar, já que a piscina estava escura e a chuva caía com força, confundindo a visão. Tirei a cabeça da água e notei que ele estava a caminhar até a floresta, gritando o meu nome com raiva. Saí da piscina mas tropecei com uma das espreguiçadeiras, chamando a atenção de Erik que olhou para mim enraivecido mas com um sorriso pervertido. Ele adorava uma boa caça e era isso que estava a receber.

Quando ele começou a correr até mim, os meus pés não perderam tempo e começaram a fazer o caminho até ao lugar onde os grandalhões estavam reunidos com os seguranças. As minhas pernas mexiam-se na velocidade máxima permitida e o meu coração batia ainda muito forte no meu peito, a adrenalina ainda estava nas minhas veias e fazia o cansaço ficar em algum canto no meu subconsciente. Comecei a ver a luz da porta mas também conseguia ouvir os passos pesados e apressados de Erik, percebendo da forma mais dura que não ia conseguir. Senti o meu pé ser agarrado por uma mão forte e o meu corpo bater com tudo no chão, fazendo a minha testa começar a arder e ficar cada vez mais difícil de respirar ou concentrar-me em algo útil. Comecei a espernear contra o seu toque e bati com o outro pé no seu pulso, tentando soltar-me. Perante o meu insucesso não vi outra solução se não usar a minha garganta.