Acabei de tomar banho na casa de banho de Matthew, deixando-a cheirosa com o cheiro bom do gel de banho. Dirigi-me ao quarto para vestir um vestido amarelo torrado básico, justo até a cintura e depois largo com um cinto a dividir, saltos não muito altos de um tom nude mais escuro. Peguei na minha bolsa com tudo já arrumado dentro dela e saí do quarto para começar uma semana, primeira semana de trabalho. Desci as escadas grandiosas da casa de Matt, desviando para a cozinha onde estavam o três rapazes a tomar o pequeno-almoço às gargalhadas. Vendo aquela imagem, permiti ao meu coração guardá-la como um bem precioso para que pudesse lembrar em dias frios.
Já se passaram alguns dias desde o dia da tempestade e, consecutivamente, do meu pesadelo. Quando acordei naquele dia e não encontrei o pequeno Dean na cama, enrolado nos lençóis, levei um susto tremendo e, desesperada, levantei-me para procurar pelo meu filho, nunca havia sentido tanta aflição como naquele instante. Corri pela casa à procura do pequeno como uma leoa à procura da sua cria. Casas de banho, closet, sala, cozinha, lavandaria, piscina, garagem, tudo. As lágrimas já estavam a cair enquanto voltava para o quarto para pegar o telefone e pedir ajuda ao Matt, quando ouvi risos no corredor. Parei de respirar por uns segundos para ouvir bem.
— Vamos sim. — ouvi a voz de Matt e segui até ao quarto, parando na porta para ouvir a conversa.
— A mamã vai gostar muito. — o meu coração aqueceu ao ouvir a sua voz e permiti-me relaxar do sufoco que sentia. Limpei as lágrimas que escorriam pelo meu rosto, tentando deixá-lo mais apresentável e bati à porta do quarto abrindo-a de seguida. A imagem que tive dos dois na cama, o Matt deitado com Dean apoiado no seu braço enquanto olhavam para mim, os dois despenteados e de boxers iguais pretas, com tshirts brancas, foi boa demais para não permitir que o meu cérebro viajasse para a imagem de uma família feliz.
— Mamã! — Dean saltou da cama alta assustando-me com a rapidez e correu para os meus braços. Ajoelhei-me e acolhi-o com os braços abertos. Apertei o seu corpo contra o meu e senti o seu cheirinho de bebé, desejando e pedindo secretamente a Deus que nos abençoasse e que nunca o tirasse dos meus braços. — Mamã? — ele afastou-se de mim — Está tudo bem? — os seus olhos focaram curiosos e preocupados na minha face — Não chora, mamã. — as suas pequenas mãos passavam pelo meu rosto para limpar as lágrimas que nem percebi que estavam a cair. — Não fica triste. — Dean fez um beicinho de início de choro.
— Eu não estou triste, pequeno. — disse a sorrir — Eu só estou feliz, muito feliz. — passei a mão pelo seu cabelo desarrumado enquanto lágrimas de alívio ainda caíam pela minha face — Um tá amob. — falei beijando a sua testa demoradamente.
— Um tá amob, má. — suspirei e levantei do chão.
— Já fizeste a tua higiene? — o pequeno abanou a cabeça.
— Mas eu já sou grandinho, já posso fazer isso sozinho. — o pequeno correu até a porta da casa de banho e entrou, fechando-a em seguida.
Passei os olhos pelo quarto à procura do Matt, sentindo o seu olhar em mim. O grandalhão estava esparramado na cama, de barriga para baixo, com um braço fora da cama e o outro dobrado, onde apoiava a cabeça. Peguei no seu telemóvel que estava por cima da cômoda e abri a câmera, tirando uma fotografia sua.
— O que é que fizeste? — o Matt levantou da cama.
— Nada. — não levantei os olhos do ecrã e desbloqueei-o para mandar a foto para o meu.
— Ella. — Matt tentou tirar o telemóvel da minha mão mas eu fui mais rápida, desviei a minha mão e fugi para o outro lado do quarto, com a cama a separar-nos. — Ella, não mandes essa fotografia para ninguém. — mandei a fotografia para o meu telemóvel e apaguei somente do dele, bloqueando-o de seguida. Assim que levantei os olhos, senti os braços de Matt puxarem-me para ele. — O que foi que eu disse? — levantei o objecto electrónico, fingindo inocência.
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Ella
RomanceMatthew David Williams, um lobo solitário que vivia somente pela carne, conhecido em qualquer lugar que fosse seja por humanos ou mundanos e que desprezava qualquer um que se metesse no seu caminho. Mas, como toda gente tem um ponto fraco, o dele ap...