9º Capítulo

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Acordei com um leve balançar, sentindo os braços de alguém em torno do meu corpo. Abri os olhos para ver a face de Matthew, que me carregava para fora da sala dele. Confortável onde estava, limitei-me em passar os meus braços pelo seu pescoço e enterrar a minha cabeça no mesmo, sentindo a sua colónia maravilhosa.

— Manhosa. — Matthew disse quando apercebeu-se que eu estava acordada e eu sorri ainda com os olhos fechados.

— Já posso ir para o chão. — desencostei a minha cabeça do seu peito e fiz força para que conseguisse descer do seu colo mas ele nem sequer um centímetro mexeu.

— Estás bem aqui. — eu ia abrir a boca para responder mas ele foi mais rápido — Se o problema é alguém ver que estás no meu colo, não te preocupes que só estamos os dois dentro do edifício. — eu arregalei os olhos. Que horas eram afinal de contas? — São dez da noite.

— Já? — perguntei indignada e cocei o meu olho.

— Sim. — ele abriu a porta com o cotovelo e fechou com o pé. Matthew impulsionou o meu corpo para cima, ajeitando-me nos seus braços — E nós ainda vamos passar num consultório.

— À essa hora? — coisa mesmo de rico, porque se fosse eu provavelmente diria que estava a ir para um hospital ou simplesmente auto-medicar-me. As minhas mãos começaram a soar frio e o meu cérebro começou a aquecer com o pensamento de sentir aquele cheiro novamente. Desde pequena que nunca gostei de hospitais e não seria agora que mudaria.

— Sim. — Matthew tocou no botão do elevador e o mesmo abriu a porta. Fechei os olhos e relaxei nos braços de Matthew, ouvindo o barulho do elevador a descer. Quando a porta abriu, Matthew saiu andando firmemente para fora enquanto eu reparava no local vazio e escuro. Um homem num fato preto aguardava por nós encostado num carro (Mercedes glc) e eu tive que morder o meu lábio para não rir da sua cara. Será que eu estava dentro de um filme?

— Boa noite, Senhorita Ella. — disse o 007 e abriu a porta de trás do carro.

— Boa noite. — sorri para homem e esperei que Matthew me pusesse no chão mas ele não o fez e entrou para o carro comigo no seu colo. James Bond fechou a porta e eu belisquei o braço de Matthew.

— Hey! — o grandalhão reclamou e eu revirei os olhos. Tirei os seus braços da minha cintura e sentei no banco ao seu lado.

— Não reclamas de um corte mas de um belisco levezinho já é o fim do mundo. — passei a mão pelo meu cabelo para prender ele num coque mas Matthew pegou na minha mão, impedindo-me de continuar.

— Ele está bonito assim, Ella. — ele largou a minha mão e eu continuei a fazer o meu coque.

— Já não está apresentável. — endireitei o meu corpo no banco e relaxei a minha cabeça contra o vidro. O James Bond entrou para o lado do motorista e eu estranhei não estarmos no carro de Matthew mas não disse nada.

O carro começou a andar pela cidade ainda movimentada e eu acompanhava com o olhar tudo do lado de fora do vidro. Tirei a minha blusa de dentro da calça e deixei a minha mão na sob a barriga. Ainda estava com uma dor de estômago que me estava a incomodar muito mas continuei quieta e calada. Observei casais a passarem na rua de mãos dadas ou em um meio abraço e tentei imaginar as suas histórias, onde se conheceram, onde e se já tiveram o primeiro beijo, se já casaram ou se simplesmente se amavam. A nossa sociedade virou algo que não me agrada nem um pouco, pois todos, ou a maioria, parecem ter perdido o amor e a paixão que traz a vida. O amor existe para todos e não deveriam deixar de acreditar nisso por desilusões na vida. Eu ainda acreditava no amor mesmo depois de tudo que passei e queria que todas as pessoas soubessem que depois de uma desilusão, a vida tende a melhorar se nós soubermos aprender com ela.

EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora