Acordei com um leve balançar, sentindo os braços de alguém em torno do meu corpo. Abri os olhos para ver a face de Matthew, que me carregava para fora da sala dele. Confortável onde estava, limitei-me em passar os meus braços pelo seu pescoço e enterrar a minha cabeça no mesmo, sentindo a sua colónia maravilhosa.
— Manhosa. — Matthew disse quando apercebeu-se que eu estava acordada e eu sorri ainda com os olhos fechados.
— Já posso ir para o chão. — desencostei a minha cabeça do seu peito e fiz força para que conseguisse descer do seu colo mas ele nem sequer um centímetro mexeu.
— Estás bem aqui. — eu ia abrir a boca para responder mas ele foi mais rápido — Se o problema é alguém ver que estás no meu colo, não te preocupes que só estamos os dois dentro do edifício. — eu arregalei os olhos. Que horas eram afinal de contas? — São dez da noite.
— Já? — perguntei indignada e cocei o meu olho.
— Sim. — ele abriu a porta com o cotovelo e fechou com o pé. Matthew impulsionou o meu corpo para cima, ajeitando-me nos seus braços — E nós ainda vamos passar num consultório.
— À essa hora? — coisa mesmo de rico, porque se fosse eu provavelmente diria que estava a ir para um hospital ou simplesmente auto-medicar-me. As minhas mãos começaram a soar frio e o meu cérebro começou a aquecer com o pensamento de sentir aquele cheiro novamente. Desde pequena que nunca gostei de hospitais e não seria agora que mudaria.
— Sim. — Matthew tocou no botão do elevador e o mesmo abriu a porta. Fechei os olhos e relaxei nos braços de Matthew, ouvindo o barulho do elevador a descer. Quando a porta abriu, Matthew saiu andando firmemente para fora enquanto eu reparava no local vazio e escuro. Um homem num fato preto aguardava por nós encostado num carro (Mercedes glc) e eu tive que morder o meu lábio para não rir da sua cara. Será que eu estava dentro de um filme?
— Boa noite, Senhorita Ella. — disse o 007 e abriu a porta de trás do carro.
— Boa noite. — sorri para homem e esperei que Matthew me pusesse no chão mas ele não o fez e entrou para o carro comigo no seu colo. James Bond fechou a porta e eu belisquei o braço de Matthew.
— Hey! — o grandalhão reclamou e eu revirei os olhos. Tirei os seus braços da minha cintura e sentei no banco ao seu lado.
— Não reclamas de um corte mas de um belisco levezinho já é o fim do mundo. — passei a mão pelo meu cabelo para prender ele num coque mas Matthew pegou na minha mão, impedindo-me de continuar.
— Ele está bonito assim, Ella. — ele largou a minha mão e eu continuei a fazer o meu coque.
— Já não está apresentável. — endireitei o meu corpo no banco e relaxei a minha cabeça contra o vidro. O James Bond entrou para o lado do motorista e eu estranhei não estarmos no carro de Matthew mas não disse nada.
O carro começou a andar pela cidade ainda movimentada e eu acompanhava com o olhar tudo do lado de fora do vidro. Tirei a minha blusa de dentro da calça e deixei a minha mão na sob a barriga. Ainda estava com uma dor de estômago que me estava a incomodar muito mas continuei quieta e calada. Observei casais a passarem na rua de mãos dadas ou em um meio abraço e tentei imaginar as suas histórias, onde se conheceram, onde e se já tiveram o primeiro beijo, se já casaram ou se simplesmente se amavam. A nossa sociedade virou algo que não me agrada nem um pouco, pois todos, ou a maioria, parecem ter perdido o amor e a paixão que traz a vida. O amor existe para todos e não deveriam deixar de acreditar nisso por desilusões na vida. Eu ainda acreditava no amor mesmo depois de tudo que passei e queria que todas as pessoas soubessem que depois de uma desilusão, a vida tende a melhorar se nós soubermos aprender com ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ella
RomanceMatthew David Williams, um lobo solitário que vivia somente pela carne, conhecido em qualquer lugar que fosse seja por humanos ou mundanos e que desprezava qualquer um que se metesse no seu caminho. Mas, como toda gente tem um ponto fraco, o dele ap...