Epílogo

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Depois de tanto pedirem, vim finalmente escrever um epílogo.

Acordei com a respiração acelerada e a mão no pescoço. A dor nas minhas costas ainda se fazia presente e o ardor na minha respiração era real, tal como a dor no meu tornozelo. Olhei para o relógio na banca e suspirei. Consegui dormir mais dez minutos que ontem, o que era uma conquista enorme.

Levantei-me da cama empurrando os cobertores para longe. A luz da casa de banho mostrou o quão ridiculamente cansada estava ao espelho que, se pudesse, partia-se para não olhar para o cadáver ambulante que eu estava. Ignorei o meu reflexo para conseguir concentrar-me no que estava a fazer. Lavei os dentes e tomei um banho rápido, vesti a minha roupa de treino e amarrei o cabelo. Passei pelo quarto do Dean e beijei a sua testa, cobrindo-o melhor com o cobertor e liguei as câmaras do monitor de bebê.

Estaria eu louca por fazer aquilo? Sinceramente, não sei mas digo-vos algo: se algum dia imaginarem o que eu passei nos últimos anos, entenderão o porquê de tudo que fiz para manter a minha cabeça (e coração) minimamente descansados.

Fiz um café rápido enquanto observava o relógio a andar tão devagar que parecia uma tortura. Peguei o tubo de pomada para passar pelos hematomas da noite anterior para não fazê-lo sentir-se culpado pelas voltas que demos toda a madrugada.

Alonguei o meu corpo na varanda que tinha uma das melhores paisagens da pequena cidade e fechei os olhos por alguns segundos mas voltei a abri-los rapidamente com as lembranças do pesadelo mais recente. Foi assim que ele apanhou-me: de olhos fechados a sentir o vento a passar pelo meu cabelo.

Respirei fundo e segui para a cozinha, lavei a minha caneca do café e peguei nas chaves para sair.

(...)

— Não posso estar contigo, Matt. Deixa-me ir. — falei tentando não olhar para os seus olhos.

— Olha para os meus olhos e diz-me isso.

— Eu não preciso de olhar para ti para dizer isso! — exclamei dando um passo para trás — Tu não és quem eu pensei e eu não encarei a verdade antes mas eu não posso ignorar um facto tão grande quanto o que eu vi com os meus dois olhos.

— De que é que estás a falar, Ella? — ele perguntou confuso, aproximando-se de mim. Senti a minha pele a aquecer só de antecipar que ele me pudesse tocar e o desejo começou a ser impossível de afastar.

— Afasta-te, Matthew. — avisei com a voz firme mas o desejo estava quase a vencer.

— Que mal tão grande é que eu fiz para tu mudares tão rápido? — os seus olhos buscavam respostas nos meus e eu não encarei-o com medo de ele a encontrar.

— Eu quero sair daqui. Deixa-me passar. — disse tentando afastar-me dele novamente mas as minhas pernas já não obedeciam os meus comandos. Estava tramada!

— Tu estás com medo de mim? — ele perguntou com o olhar atento e suponho que tentava esconder a dor — É como naquele dia no hospital, tu estavas com medo de mim. — ele dizia como alguém que tentava juntar os pontos — E se tu estás com medo de mim significa que tu — fez uma pausa e eu finalmente encarei os seus olhos que arregalaram-se — tu sabes.

Gargalhei nervosa e olhei por cima do seu ombro para ver o carro preto a estacionar.

— Sei porque vi-te, já faz um bom tempo. — olhei para os seus olhos com as mãos a tremer.

— Não é isso, tu estás a mentir. — ele abanou a cabeça e eu comecei a entrar em pânico — Tu sabes da minha história pela boca de outra pessoa, não achas que eu mereço dizer o meu lado?

— Tens dois minutos para dizer o que queres. — disse séria.

(...)

Depois do primeiro dispositivo explodir, o meu corpo ficou coberto de terra enquanto era lançado para o chão pelo corpo do Matt que tomou toda a força da explosão nas costas. Fechei os olhos e tossi com a pressão que foi feita no meu pulmão. Senti algo escorrer pela minha testa e passei a mão sentindo um líquido espesso. Abri os olhos para ver que era sangue e comecei a entrar em pânico quando vi que não era meu e sim do Matt. Ele estava com os dois antebraços apoiados de cada lado da minha cabeça e olhava atento para mim. A sua testa estava com um corte aberto e o seu lábio, que formava uma linha recta, também. O seu rosto estava tão próximo ao meu que sentia a sua respiração alterada no meu rosto.

— Matt. — levantei a minha mão para toca-lo no rosto mas mal tive tempo de falar o seu nome e outra explosão fez-se ouvir, e mais duas mas mais longe de onde estávamos.

Não tive tempo de pensar em nada quando outro explodiu mesmo perto de onde estávamos. Senti uma pressão na cabeça e um líquido a escorrer do meu nariz. Agarrei-me à camisa do Matt com os olhos bem fechados a tentar manter a calma e ele colou as nossas bochechas, sussurrando alguma coisa no meu ouvido mas eu não consegui ouvir devido ao "pin" continuo e irritante. Fechei os olhos com força e depois abri-os para tentar ver alguma coisa. O helicóptero ainda estava sobre nós mas assim que mais duas bombas caíram, eles saíram dali rápido.

Uma fumaça azul começou a ser espalhada e eu enruguei a testa.

— Matt. — tentei chamar por ele mas não conseguia ouvir nada. Ele levantou o olhar para mim e apontei com os olhos para a fumaça. Os seus olhos arregalaram quando viram aquilo e ele tentou levantar-se.








Olaaaa minhas lindaaaaassss
Que saudades de escrever para vocês ❤️
Muito obrigada por todo o carinho que tenho recebido, por todas as mensagem e comentários. Sou muito grata por todas e cada uma de vocês ❤️

Adivinhem só quem decidiu escrever a continuação deste livro?😮‍💨
Euzinha.

Fiquem atentas que logo sai o primeiro capítulo do segundo livro.

Beijoooooos e até já ❤️

EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora