Chego ao meu escritório hoje com uma expectativa gostosa do dia que terei. Finalmente, conseguimos a aprovação da prefeitura para abrimos mais uma filial do supermercado e essa será a maior da cidade. Será localizada perto da rodovia, chamando a atenção também de viajantes, não apenas de moradores da cidade.
Logo pela manhã, tenho uma reunião com a equipe responsável para tratar dos detalhes do projeto e depois de uma lida rápida na agenda, Kátia, minha secretária, entra em minha sala e diz:
— Já estão aguardando você para a reunião, Isabela.
— Estou indo. Obrigada, Kátia — digo, dando uma rápida lida nos meus e-mails e fecho meu notebook.
Levanto-me e passo a mão pela minha saia lápis preta. Estou usando uma camisa social de seda rosa bebê e um scarpin nude fantástico. Pode parecer bobagem, mas quando tenho algum evento importante no trabalho, gosto de usar um look especial. Faz com que eu me sinta mais confiante e poderosa.
Não é como se fosse um personagem, pois essa Isabela mulher de negócios sou eu mesma, a versão que sempre quis ser. Dou uma rápida conferida no meu coque antes de sair da sala e continua perfeito como quando saí de casa, então deixo meu escritório e sigo em direção à sala de reunião, ao final do corredor.
Quando entro, todos já estão aguardando-me, como já tinha dito Kátia. Não olho diretamente para ninguém enquanto caminho para minha cadeira, dizendo:
— Desculpem o atraso, precisava responder alguns e-mails antes.
Finalmente sentada, corro o olhar pelos presentes e prendo a respiração subitamente quando vejo Rodrigo sentado na cadeira em frente à minha. Fico sem palavras, apenas olhando para ele, sem entender sua presença e ele devolve o olhar, fitando-me profundamente, com um quase imperceptível sorriso no rosto.
— Isabela, como combinado, temos aqui a equipe que será responsável pela construção da nossa nova sede — diz Guilherme, um dos meus executivos e apresenta as pessoas que eu não conhecia — ... e esse é o arquiteto Rodrigo Magalhães. — É a única frase em que consigo me concentrar.
Rodrigo faz um aceno educado com a cabeça para mim e tento aparentar naturalidade enquanto ele levanta-se e passa a apresentar o projeto que passa num telão.
Nesse momento, minhas lembranças me levam até o dia da apresentação do seu trabalho de conclusão de curso que fui assistir. Na ocasião, ele estava empolgado, mas nervoso em sua ainda inexperiência e juventude. Agora, alguns anos depois, admiro um Rodrigo seguro e confiante ao apresentar seu projeto para minha equipe.
Apesar da sala estar com ao menos quinze pessoas, é como se só estivéssemos nós dois, pois ele olha apenas para mim. Procuro demonstrar só interesse profissional por suas palavras, mas minha perna cruzada balança compulsivamente por baixo da mesa, pois preciso descarregar essa tensão de alguma forma.
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O Amor que Perdemos
RomanceO que acontece quando aquele amor que parecia perfeito tem um final amargo? Isabela e Rodrigo conheceram-se na faculdade e iniciaram um intenso romance, mas alguns acontecimentos resultaram na separação do casal e cada um seguiu com sua vida. 15 ano...