— Já arrumou tudo, amor? — pergunta Daniel.
— Estou acabando, falta só aquela parte de cima do armário. — respondo.
Estamos em fase final de mudança para uma casa, depois de anos morando em apartamento. Como nossa filha Maria Júlia já tem 5 anos, está cada vez mais agitada e meu marido achou que deveríamos dar mais espaço a ela, o que concordo.
— Certo, vou levar a Majú pra casa dos meus pais, ela já tá com fome. — ele diz.
Como estamos ocupados com a mudança, acabei não fazendo almoço. Dou um beijo na minha filha e me despeço de Daniel. Quando fico sozinha em casa, tiro os pertences restantes do armário, é uma caixa relativamente grande. Sento no chão e pego o saco de lixo para separar o que vai e o que vou descartar. É impressionante a quantidade de velharia que guardamos ao longo dos anos.
Encontro lembranças de viagens, livros antigos, ingressos de shows e muitas fotos. Dou um sorriso ao me ver com minha amiga Natália quando éramos mais jovens. Meu cabelo ainda era comprido e com mechas californianas, diferente do castanho na altura dos ombros de hoje. São fotos em festas, na praia e com outras amigas que até já perdi o contato. Natália foi uma das poucas que ainda preservei.
Vou passando as fotos e acabo descartando as que não possuem mais nenhum significado para mim, não faz sentido guardar tantas. De repente, uma certa foto faz meu coração falhar uma batida. Rodrigo está me abraçando por trás e nossos sorrisos expressam tanta felicidade que sinto uma dor no peito.
Lembro exatamente do dia dessa foto, era aniversário da Natália e a ocasião em que ele me pediu oficialmente em namoro. Como minha amiga já sabia que eu era louca por ele e torcia para que ficássemos juntos, não resistiu e tirou essa foto nossa.
Fico alguns minutos olhando para a imagem e estendo a mão para jogá-la na pilha dos itens que estava descartando, mas, no último momento, coloco de volta no envelope em que estava e deposito novamente na caixa que iria para a nova casa, lacrando com fita adesiva.
Algum tempo depois, Daniel volta e finalmente levamos o que faltava da mudança para o carro. Contratamos uma empresa para levar os móveis, mas algumas coisas ficamos encarregados por nós mesmos.
— Tudo bem? — Daniel me pergunta quando estávamos a caminho da nova casa.
— Sim, só cansada mesmo. — tento disfarçar, mas a verdade é que a lembrança de Rodrigo mexia muito comigo. Nosso relacionamento não havia terminado de uma forma nada boa e ainda me doía pensar nele.
Demorei muito para superar e só depois de um bom tempo me abri para outra pessoa, que foi Daniel. Ele sabia que eu sofria por outro cara e foi paciente em me conquistar. Namoramos por três anos até ele me pedir em casamento e um ano depois fiquei grávida da Maria Júlia.
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O Amor que Perdemos
RomanceO que acontece quando aquele amor que parecia perfeito tem um final amargo? Isabela e Rodrigo conheceram-se na faculdade e iniciaram um intenso romance, mas alguns acontecimentos resultaram na separação do casal e cada um seguiu com sua vida. 15 ano...