Capitulo- I

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"Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam..."
Paulo Coelho

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O vento frio estava estranho naquela tarde de retorno para o rei Valério. Os gritos, eufóricos das pessoas estava causando um leve surto de lembranças dolorosas. Para tantas pessoas estarem feliz, muitos homens morreram, estavam machucados, com sequelas, permanente, a prova era o primo com uma cicatriz enorme no rosto após ser torturado e deixado a carne vivo. Heitor salvou trinta e oito soldados do exercício e se entregou como os inimigos queriam. Foi um desespero total entre os homens e tanto o rei como príncipe foram à beira da loucura, procurando o cativeiro dos chineses para resgatar o primo que por si só, retornou para ele todo machucado e com rosto deformado.

Em silêncio dentro da carruagem o rei respirou fundo para manter a compostura de um governante como aprendeu com falecido pai e principalmente com a mãe e acessou para a multidão que vibraram. De fato estavam felizes, por ter novamente uma Pátria em paz. Tudo voltaria ao normal, os bailes, os encontros casuais de aristocratas as tardes de passeios das famílias e damas ao parque de flores da cidade e os bailes atrasados então, era o mais esperado.

Moças devem, deputarem no tempo exato, já que casamento é visto como uma meta de vida. Pobres moças desesperadas por um elance fortunoso. Cruel talvez realidade, disfarçada pela etiqueta, monótono da sociedade de época.

O rei suspirou porque pessoas tinham morrido e uma delas foi Enzo. O soldado médico veterano que por amor à Pátria e ao irmão mais novo, se alisou pela última vez, convicto que retornaria para casa, mas isso não aconteceu, porque na tentativa árdua de salvar o irmão e ver que não tinha jeito, correu entre o campo que acontecia trocas de tiro e abraçou o mais novo. Enzo foi alvejado em plena luz do dia com diversos tiros. Os gritos ainda dos soldados atormentava o rei ao ponto de fazê-lo abadiar a cabeça, tampar os ouvidos e buscar força para respirar. Foi cruel ver um homem com tanto amor a vida, escolher morrer junto ao irmão.

Uma morte não justifica a outra e nada faria o rei exaltar a vida de um homem perdido com outro, todos eram iguais e possuíam o mesmo valor para ele. Podia não saber os nomes de guerras um por um dos soldados como o primo, mas a importância deles, no mundo sem sombra de dúvida ele compreendia. Uma bandeira estendia de luto, por três meses, apenas não seria o conforto útil, necessário para os que ficaram. Com tempo, talvez os nomeará dos soldados se tornariam homenagem, ruas, lendas...

Lágrimas molharam o carpete vermelho da carruagem e Valério, não impediu elas de caírem. Estava atormentado pelas lembranças, envergonhados e na certeza que se no meio do campo fosse o seu irmão, ele também teria feito a mesma atitude que Enzo. Não viria mais a mulher que ama os filhos que concebeu a mãe de idade que era seu maior exemplo de vida, porque por amor ele morreria com irmão, que assim como ele dava a vida pelo povo que gritava do lado de fora.

Como se desligasse do mundo externo, Valério puxou a cortina por alguns momentos, fechou os olhos tentando recuperar da crise de pânico que estava sofrendo. Estava vivo e teria a dádiva de conhecer o terceiro filho, que não viu nascer e tudo que sabia era que além de um parto sofrido a ordem de Penélope, que entre ela e o filho, escolhesse a criança, tudo que ele sabia era o nome, Arthur o terceiro, príncipe da família Marvel. Se algo tivesse acontecido com a sua amada, rocambole, sem sombra de dúvida o rei se enforcaria. Se casa por amor era como assinar um decreto de felicidade e a morte.

Tudo que Valério, precisava do momento era da sua casa, tal desejo era compartilhado com irmão que estava ainda mais bonito e com um ar de autoritário. Sem nenhum sorriso estampado no rosto, ou aquela honra de ter vencido uma guerra, Laércio por educação acenava para o público. Talvez o egoísmo de não se sentir culpado por ter sido o principal motivo da guerra o assustava.

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