[0] Prólogo

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Entre os estilhaços, um amor.

[💙❄️⛸️🏒]

Eu não me sentia bem. Aquele não era eu.

No entanto, se eu experimentasse ser quem eu achava que era, eu teria que confiar no que o futuro iria reservar-me. E é um erro tentar se ver muito longe, principalmente quando você passou muito tempo da sua vida tendo os capítulos e páginas escritos por outra pessoa. Como irei saber se este é quem sou?

Quando criança eu sempre buscava imaginar como seria minha vida dez anos depois, se eu teria sentido a felicidade, o amor, a aceitação... se por acaso eu conseguiria ser o Park Jimin que eu apenas delimitei aos sonhos, ele se sentiria livre ou seria a partir daí que conheceria a dor?

Porque minha mente nunca descansa? Sempre tive esses pensamentos, e não gostava da dor que eles traziam consigo. Meus pensamentos são dissipados no momento em que ouço uma voz gritando ordens para alguém, era o treinador de hóquei no gelo. Ele era um homem maduro de cabelos claros com um rosto de marcações faciais fortes, e no lado direito de seu rosto havia um tapa-olho preto.

Um garoto alto e magricela em uma camisa larga com o número dez patinava no gelo enquanto jogava com seu taco o disco, passando pelos jogadores do time rival diretamente para a baliza. O treinador gritou em comemoração ao seu jogador número dez, Jeon Jungkook.

— Muito bem, garoto — o treinador Park disse para o magricela quando este se aproximou da parede que nos separava. — Você foi muito bem.

— Obrigado, treinador.

Ele sorriu largo para o treinador, esse que sempre possuía um olhar orgulhoso para o menino em sua frente, como se fosse um filho no qual nutria muito orgulho. O treinador não esconde que Jungkook era o seu aluno favorito.

— Saia do ringue e descanse antes de ir para a aula.

Ele ordenou quando Jungkook passou pelo portão e tirou o capacete. Ele assente apenas enquanto o treinador se distanciava para falar com os outros alunos, e então, os olhos azuis escuros e graúdos do dono da camisa número dez pousaram em mim, que respirei fundo pela décima vez, desconfortável.

— Você quer treinar um pouco? — Jungkook perguntou, se sentando ao meu lado na arquibancada. — Eu posso te ajudar.

— Se o meu pai não conseguiu me fazer ficar bom no hóquei, — eu disse e então olhamos ao mesmo tempo para o treinador na outra extremidade do ringue. — como você vai?

Ele me olhou e sorriu bem pequeno, sabendo que é um assunto sensível para mim.

Além de ser o treinador do time de hóquei no gelo da escola, ele também era conhecido como o meu pai.

— Eu já ensinei a você antes. — ele abriu mais seu sorriso, revelando os dentes alinhados e brancos, junto com as covinhas que o acompanhava. — Lembra?

O questionamento faz minha mente ter um gatilho para aquela lembrança de vários anos atrás. Eu não lembrava muita coisa de quando eu era uma criança que não conseguia sequer ter equilíbrio com os patins no gelo, mas nesse dia em específico, eu tinha certeza que nunca esqueceria.

— Claro que sim.

Éramos quase adolescentes agora. E percebi nesse momento que não importa quantas as coisas mudassem, Jungkook sempre estaria comigo. Era meu melhor amigo, afinal. Nós era a única coisa que sempre permanecia igual, esse pelo menos era o meu desejo.

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