[19] Estilhaços e a chave perdida

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Mas Jungkook não tinha casa

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Mas Jungkook não tinha casa.

Ele não tinha um ambiente seguro e reconfortante para chamá-lo de lar.

Ele deu um passo em direção à porta e hesitou.

Aquela não era a sua casa. Esse privilégio de se sentir pertencente a um lugar, nunca foi seu.

Durante anos, ele viveu naquele lugar, e durante anos nunca sentiu que aquele era o seu lar. Talvez um dia tenha sido, mas deixou de ser no dia que ele preferiu ir para a rua do que ficar dentro da própria casa.

Então, por que ele havia dito para Jimin que iria trazê-lo para sua casa? Por que ele caminhou entre as ruas e levou o antigo amigo de infância para aquele bairro suburbano? Ele nunca levou Jimin até ali antes, ou deixou até mesmo ele saber onde morava.

Sete anos. Era todo o tempo que não entrava ali. Quando foi embora para o internato de hóquei, aquele local deixou de ser sua casa, ou ter ganhado a bolsa foi apenas uma oportunidade na qual ele precisava para poder ir embora; precisava ter uma vida e expectativas para ela e Jungkook nunca achou que fosse para tão longe para poder conseguir isso, nunca achou que fosse necessário sair do própria casa para finalmente poder crescer.

Jimin esperou alguns segundos antes de perceber o quanto Jungkook parecia estar desconfortável naquele lugar, olhando inquieto para a rua, as sobrancelhas franzidas e o olhar escuro tenso...

O que ele estava esperando para abrir a porta?

Eu preciso de um cigarro, era tudo o que Jungkook pensava. Precisava de um cigarro urgentemente, pois esse era o único meio de escapatória que encontrava para conseguir se acalmar.

Jimin parou ao seu lado, de frente para aquela casa. A casa de Jungkook não parecia nem um pouco com o que imaginou. A cerca era velha e algumas madeiras estavam faltando, não havia jardim em frente ou alguma decoração agradável. Ele nunca foi nenhuma vez à casa dele ou conheceu seus pais ou esses foram lhe buscar na escola, assim como não sabia que tinha uma irmã antes. Entretanto, ele achou que o ambiente onde aquele garotinho que tanto adorava fosse no mínimo acolhedor, pois só sendo assim explicaria a personalidade gentil que o melhor amigo de infância possuía.

— Ei... — Jimin o chamou.

Mas Jungkook ficou em silêncio, indo em direção à porta, dando mais alguns passos hesitantes na pequena calçada desgastada de cimento velho que havia em frente enquanto dizia a si mesmo que as coisas não eram mais como antes. Mas tudo o que ele queria fazer era mexer as pernas e mudar a direção e ir para outro local, um lugar que pudesse conseguir respirar.

Jimin ficou ao seu lado, de frente para ele, e colocou a mão em seu ombro.

Ele massageou a extensão larga com os dedos, gentilmente. Jimin queria estar sóbrio naquele momento para conseguir reunir seus pensamentos de forma coerente. Tudo era um borrão, uma mistura de sentimentos que ele não sabia como lidar.

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