Expectativa

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Por Elaine

Eu acordo no meio da noite, meu corpo estava desconfortável na posição em que me mantive, viro percebendo a falta do rapaz na cama.

Levanto olhando ao redor, ignorando as pequenas dores do corpo, nem no banheiro ele estava aparentemente.

Andando em passos pequenos até a porta, uma pequena luz amarelada vinha além do corredor, era o abajur da sala, a porta range ao abri-la um pouco mais.

Com passos leves e a mão na parede para sustentar meu próprio corpo sonolento, me aproximo evitando o barulho das correntes.
Na medida em que me aproximo, conseguia ouvir vozes.

- Não me interessa, não era pra estar aqui, o que faz aqui?- aquela voz rouca e grossa dizia com estresse.

- Poxa, e assim que ira me tratar agora? - voz feminina.

- Não me venha com essa de "é assim", você merece isso, não me tire do sério, eu não ando tendo paciência.

- Ah, vamos, Andy.- ela diz em um tom instigante.- Aqui tem tantas memórias de nós dois, formamos um casal incrível, já estamos cansados de ouvir isso, não precisa ser assim, acabar com tudo.- se aproxima dele ficando bem próxima.- não sente falta?- Percebo que ele estava sem a marcará, mas aquela merda de iluminação atrapalhava e ele estava de costas. Ela olhava pra ele fixamente esperando uma resposta. 

- Não, eu não sinto falta.

- Certeza?- ela aproxima cada vez mais seu rosto do dele, suas íris alternavam dos olhos a boca. Ele segura seus ombros a afastando.

- Absoluta. Agora suma daqui, nem é horário para você estar aqui.- ele abre a porta principal dando espaço para que ela saísse.

- Não está preocupado comigo? Andar pela estrada sozinha de noite?- ele pega sua bolsa irritada, ele ri com o nariz.

- Conseguiu vir aqui sozinha e de noite, pode fazer o mesmo para voltar, não á por que me preocupar. 

Ela respira fundo, e da uma olhada para o lado de fora.

- Andrew eu...- ela é interrompida.

- Juliet, Vá embora.- curto e grosso, como sempre.

Sabendo que logo ele iria voltar, começo a andar de volta pro quarto, quando entro, ouço a porta bater com força, corro tentando fazer menos barulhos com as correntes e subo na cama me cobrindo e ficando na mesma posição de antes, fecho meus olhos e respiro fundo, pensando nas coisas que ouvi; Ele tem um nome, uma namorada apaixonada, ou melhor, ex namorada, agora o motivo de eu estar aqui se torna mais curioso.

Não sei como compreender, aprendi que é errado tentar entender o sentimentos das pessoas quando não é elas que nos dizem, e ele nem se quer me disse o próprio nome, ele nunca me disse nada sobre ele exatamente, mas eu mereço saber, é a minha vida.
Eu odeio esse lugar, tenho certeza que se eu sair daqui eu ficarei melhor. Ouço a porta fechar, a cama afundar atrás de mim.

- Você é uma burra.- ele diz, e eu não entendi, apenas ignorei sem olhar para trás.

Ele me virou pra ele, pensei por um momento iria ver seu rosto pela primeira vez, mas não, ele estava de máscara de novo.

Ele me olha com aqueles olhos azuis, petrificantes e soníferos.

- Queria passar despercebida, mas não deixou nem a porta do jeito que estava.- ele diz zombando de mim. Desviei o olhar. - Não ache que vai ficar assim, eu odeio curiosos, não irei fazer nada agora, estou cansado, então apenas durma e aguarde.- ele diz se virando de costas pra mim.

Meu coração aperta, e minha respiração falha, começo a suar, e pensar em mil possibilidades do que aconteceria amanhã, meus pensamentos não me deixaria dormir.
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- Você é cega?! Aqui ó!- ele pega o pano encima do armário.

- Como eu ia ver?! Olha meu tamanho! - Ele não tinha me castigado por causa dessa madrugada, as vezes acho que ele ignora certas coisas que acontecem.

- Está muito linguaruda não acha?- ele diz me entregando o pano.

- Eu só disse o óbvia, nunca que eu ia ver lá em cima.- digo baixinho, pego o pano e coloco dentro do balde.

Ele olha o celular.- Merda.- murmura se retirando da cozinha.

Ouço um barulho de carro do lado de fora, olho pela fresta da janela, um carro preto, com vidro esfumado.

Corro até o meio do corredor, o que me impediu de chegar ao quarto do "Andrew" foi a corrente que ficou presa na cadeira, rapidamente me desprendo de lá. Ouço alguém gritar do lado de fora.

- Andy? Tá ai?- uma voz masculina, bate na porta 3 vezes.
Corro até o quarto, a corrente faz barulho pelo chão.

Não sabia se seria uma boa o chamar pelo nome.- Tem alguém na porta.- digo em um tom que ele escutasse.

- Esse filho da puta já tá aqui.- Resmunga ele, me puxa pro quarto e sai tentando fechar a porta, a corrente atrapalha mas ele a tira do meu pé e logo me tranca no quarto.

Coloco o ouvido na porta tentando escutar algo.

- Tava arrumando a casa?

- Sim.

- Nossa, isso é uma novidade. Desculpa chegar assim, é que preciso muito da sua ajuda.

- Não chegue aqui do nada, eu quero um tempo de paz.

- Você não se sente sozinho? Sei lá, ou você chama "amigas" pra se entreter?

- Não me sinto sozinho, tenho minha própria companhia. Precisa de ajuda em que?

- Ah, sim, Isso aqui.

- Mas que merda é essa?

- Também não entendi, Radke disse que está muito preocupado com umas coisas, disse pra avisar a você que ele não vai poder te entregar o resto das notas tão cedo, só sou um pombo correio aqui.

- Preocupado com o que? Eu preciso muito das notas, o que seria tão importante quanto?

- Um caso de desaparecimento, o clima tá pesado por lá.

- Desaparecimento?

- É, não sei de quem, só sei que ele tá no caso.

- Eu só sei que quero minhas cifras.

- Nossa, quanta consideração. Eu vejo se trago pra você, tudo bem assim?

- Eu mesmo arrumo um jeito de ir buscar.

- Certo, já vou indo.

Em poucos as vozes deles se distanciam. Por alguma razão tinha esperança de estarem procurando por mim, mas não tinha como ser, não a ninguém com o nome Radke que eu conheça, ou sei lá, ninguém que eu conheça ou amigo da família que tenha esse nome.

De pouco em pouco a minha esperança some.

As vezes sinto que algo ruim está vindo a cada dia que passa, querendo ou não, esse lugar está me destruindo, e "fodida" é minha situação atual de qualquer maneira, espero que o homem pense que estão me procurando e me solte.

Este homem esconde algo de mim, e também me esconde das pessoas, não sei que tipo de vida ele tem, e nem o que entrou na cabeça dele pra ele sequestrar alguém desconhecido, poderia ter sido qualquer pessoa naquela rua.

Talvez ele seja só um compositor, e essas pessoas que veem aqui não sejam ruins como eu penso que devem ser, talvez da próxima vez que alguém vir eu tome coragem de pedir por ajuda.

Eu sinto pena dele, e raiva também, ele é assustador, problemático, e precisa de um terapeuta

O CativeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora