Por Elaine
Foram longos dias, e ele ainda não tinha voltado a ser como no início, eu não arrumava nada, não andava pela casa, eu só ficava ali dentro, confinada, dia após dia. Minha situação foi de ruim, para o miserável, e eu estava péssima com isso.
As vezes Ronnie descia aqui em baixo, mas não queria nem ouvir sua voz, o bom, é que diferente de Andrew, ele não me fazia mal nenhum, mas só de estar ajudando Andrew, já fodeu com tudo entre nós, e eu não quero nem olhar seu rosto, não importa suas desculpas ou lamentações, nada me faria o perdoar por ter beneficiado Andrew.
[...]
Quanto tempo se passou? Eu não sei, eu não contei, e não me lembro. Mas Andrew me deixou sem comer já faz dias, e meu estomago ronca e dói, não se passou um mês, disso tenho certeza, espero que ele não me deixe mais 34 dias sem comer repetidamente.
Ouço o barulho das grade abrir e levanto a cabeça tardiamente, meus olhos ardiam de tanto chorar. Andrew soltou meu tornozelo da corrente, me pegou no colo e me levou até a parte de cima da casa; Eu agarrei em seu pescoço para não cair, e senti que ele deu um sorriso quando fiz isso. Ele me sentou na cadeira da cozinha, e então enrolou a mesma corrente de antes, aquela que daria para andar pela casa toda, ouço o som da panela de pressão no fogão, meus olhos estavam tão cansados, estava com dor por todo corpo. Não demorou muito para que ele colocasse um prato em minha frente, e pela primeira vez um garfo.
Eu estava mais magra que a perna da cadeira, talvez seja exagero, mas meus dedos estão mais finos que o normal. Depois de comer, ele me pegou no colo novamente, foi tudo isso sem dizer uma palavra um com o outro.
Eu não estava entendo, por que isso agora?
Ele me sentou na cadeira que estava dentro do banheiro, começou a tirar minhas roupas com cuidado, até porque eu estava cheia de hematomas, e meu corpo parecia enferrujado, digo isso porquê meus ossos estralavam apenas com alguns movimentos, e meus músculos estavam doendo também.
Ele me deixou totalmente nua, diferente da primeira vez, eu não estava nem ai.
Ele me colocou na banheira cheia, e então eu segurei as bordas, pois me recordando da vez em que ele afundou minha cabeça para debaixo d'água. Fechei meus olhos e senti ele passar a mão nos meus cabelos, era como uma massagem, e pelo cheiro, ele estava banhando.
Respirei fundo, ou pelo menos tentei, pois até respirar era fatigante.
[...]
Ele me deitou em sua cama, mesmo com os cabelos molhados, ele me vestiu com uma de suas roupas. Estava frio, e eu sentia meu corpo arrepiar quando o vento entrava por alguma brecha e batia em meu corpo. Não sabia como, mas eu estava sentindo uma paz, Andrew me deixou em uma zona de conforto, e eu não estava entendendo como.
Eu estava deitada na sua cama quente, encolhida com os olhos fechados, quando pude sentir o colchão afunda, eu não abri os olhos, em nenhum momento, mas senti ele envolver seus braços em meu corpo, e com uma das mãos colocar minha cabeça em seu peite, ele acariciava meus cabelos. Conseguia ouvir seu coração bater, conseguia ouvir ele respirar, conseguia perceber seu peito subir e descer, conseguia sentir seu cheiro. O que estava acontecendo? Por que tudo parecia tão calmo?
Vagarosamente e com muito receio, comecei a envolver meus braços em seu corpo também, devolvendo o abraço, apenas porque minha posição estava horrível ali, mas ele havia inclinado sua cabeça para mais perto de mim, e então pude sentir, aquele beijo no topo da minha cabeça.
Aquilo era algo que o antigo Andrew faria, aquele de anos atrás, o mesmo que me deixou por outra, o mesmo que destruiu metade do meu espirito por um longo tempo. Mas por que eu não estava sentindo nada? eu só estava aproveitando a paz, era a única coisa que eu queria, depois de todo esse tempo.
...
Mas foi só questão de abrir os olhos que percebi, que era tudo mentira; Eu ainda estava na cela, eu ainda estava deitada na cama que deixava meu corpo doendo, era tudo ilusão da minha cabeça, eu só estava entre a realidade e um sonho.
Vi a grade ser aberta por Ronnie e ele quebrar a corrente e me pegar no colo exaltado.
- O que tá fazendo?- digo o olhando com a voz fraca.
- Vamos sair daqui.- ele diz isso, e então sinto meu peito se aquecer, porém ainda estava confusa.
- Como? - pergunto perplexa. Ele iria me tirar mesmo dali?
- Vai logo, Ronnie! - Ouço uma voz feminina, e eu de alguma maneira pude reconhecer aquela voz.
- Segura no meu pescoço.- ele diz e assim fiz.
Eu queria ver a pessoa, eu queria olhar para aquele rosto, e eu não podia acreditar que ela estava ali, nunca, jamais pensei nessa possibilidade.
E quando pude a ver, foi como um choque pra mim, fazia tanto tempo.
- Mayvis...- soltei num fio de voz, quase chorando.
Ela me olhou com os olhos encharcados.
- Vamos rápido.- Ronnie diz, passamos pelo corredor, passamos em frente ao quarto de Andrew, e então a sala e cozinha, e foi como se tudo estivesse sendo em câmera lenta, foi como se eu pudesse ter a chance de analisar cada detalhe daquele lugar antes de ir.
Mas era tão surreal, eu estava mesmo saindo dali? Ou apenas um delírio?
Vi Mayvis abrir a porta rapidamente e Ronnie sair as pressas comigo no colo.
- Abre a porta do carro, rápido, Mayvis! - Eles estavam muito desesperados, mas como isso poderia ter sido tão rápido?
Quando de repente outro carro aparece, a mas não era um carro qualquer, era "O carro", o bendito carro, o carro que dentro dele, quem nos fitava era Andrew Dennis Biersack. Um olhar de puro ódio, um olhar de fúria, e eu sabia bem que se ficássemos ali por mais um minuto, iriamos morrer.
- Entra!- ele diz fechando a porta ao meu lado, Mayvis entrou as pressas pelo outro lado, e Ronnie ao entrar no carro teve um puta arranco, pois Andrew havia batido com tudo no carro, por pouco, não teria pegado nele.
Ronnie tentava dar ré, mas Andrew vinha com tudo batendo o carro, parecia até possuído.
- Ronnie!! Dá um jeito de sair daqui antes que esse louco mate a gente!!- Grita Mayvis atormentada.
- Eu tô tentando! - ele grita de volta.
- RADKE! - pude ouvir Andrew gritar.- Você vai se arrepender muito, muito, MUITO POR ISSO!!- era uma voz rouca e parecia rasgar a sua garganta, um ódio límpido, estava tão furioso, que não sei se eu voltaria viva pra cabana desta vez. Ronnie conseguiu dar um contorno, mesmo que isso levasse um puto arranhão no carro, ele conseguiu colocar o veículo na estrada.
Andrew vinha logo atrás...

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O Cativeiro
FanfictionElaine tem um passado guardado em sete chaves, após ser sequestrado por um homem e passar dias sem poder ver seu rosto, estás memórias são desencadeadas, fazendo a notar que o inaudito cenário em que está vivendo tem uma razão. - [...] Lhe perder p...