O Cativeiro

Mayvis

Por Mayvis Jhonson

2 dias após o sequestro de Elaine.

A manhã estava fria, e eu estava muito animada pra saber o que aconteceu no encontro da Elaine, queria saber todos os detalhes, afinal nem eu acreditaria que ele a chamaria para um encontro se eu não estivesse lá na hora.

- Buh!- sinto alguém tocar no meu ombro, Era Guilbert.

- Oi Johnnie!- nos damos um toquinho de mão como sempre fazemos.- Cadê a Alex?- pergunto, eles sempre vinham juntos.

- Tá com febre, deixei ela lá quietinha em casa, achei melhor.

-Entendi. Soube da Elaine?- digo animada.

- Saber do que? Pela sua cara parece coisa boa.

- Adivinha quem a chamou pra sair?- digo explodindo de euforia.
Ele me encara por alguns minutos pensativo, e logo faz uma cara de espanto.

- Não!- ele diz perplexo.

- Sim!- o puxo pelo braço super animada para que começássemos a caminhar em direção ao colégio.
Ele ainda parecia não acreditar.

- Pensei que a Alex iria lhe contar, ela 'tava' junto na hora.- digo sorridente.

- Não, ela não me disse nada. Caralho, vocês escondem tudo de mim.- ele diz manhoso.

- Que mentira mais... Ok, algumas coisas, mas isso não. E olha que vocês moram juntos.- disse vendo algumas pessoas da escola seguirem o mesmo caminho que nós.

- E o trabalho?

- Que trabalho?- digo confusa.

- Aquele que devemos apresentar com slides e o caralho.

- No grupo tá quem mesmo?

- Nossa senhora Maivys! Você é muito esquecida!

- 'Uff', Não tenho culpa, eu 'tava' muito preocupada com coisas mais importantes do que Sociologia.- disse em tom de superioridade.

- Você diz: Blog?

- Sim, exatamente.- Tenho um Blog de críticas e opiniões a mais de 4 anos, ele já é muito conhecido, estamos a quase 100k de seguidores, e meu sonho é me tornar uma grande crítica na mídia, enfim.- Quem está?

- Eu, a Alex, você, a Elaine e Diego.

- O Diego?

- Sim.

- Que milagre ele estar fazendo alguma coisa.
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Entramos na sala e tinha alguns alunos lá dentro.

- Estranho.- murmuro.

- O que?- Johnnie pergunta, jurava que ninguém havia me escutado.

- Percebeu que a Elaine ainda não chegou.- o encaro.

- Ué, São...- ele olha o celular e mostra a tela pra mim.- 6:30. Tá bem cedo ainda.

- Johnnie, a Elaine chega aqui 6:15, ela chega sempre cedo, ela odeia chegar na sala quando já tem gente.- digo preocupada.

- Vai que hoje ela se atrasou um pouco, tem sempre um dia que acontece algo assim, por mais frequente que as coisas sejam, relaxa Mayvis.

Respiro fundo, era meio difícil, Elaine era como... não sei dizer, tudo pra mim.

- Não sei não, Guilbert.

- você é muito preocupada.

- A Elaine é uma criança.

Ele ri.- Ela tem 17 anos, quase 18.

- Eu tenho 19 e ainda moro com meus pais, mesmo que seja na casa dos fundos. Ela não tem ninguém perto dela, naquela redondeza.

- É, comparada a nós, ela tá bem isolada. Vamos nos acalmar, essas coisas são tão normais e a gente já tá pensando no pior.

- Não é por nada não Guilbert, mas, não to sentindo algo bom.
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A cada aula eu só esperava que Elaine entrasse pela porta, ofegante, pedindo desculpas pelo atraso, mas a cada turno, isso era menos provável de acontecer.

No intervalo, eu fui a diretoria perguntar se pelo menos ela havia comparecido a escola, aquele "não" da secretária apenas me deixou mais agoniada.

Peguei meu celular, mandei muitas mensagens pra ela, nenhuma nem se quer chegou ao celular dela.

Ligo pra Sheila por fim, era única maneira de eu saber se havia acontecido algo.

-"Alô?"- A voz de Sheila soa pelo outro lado da linha. Corro para o pátio e vou até a parte de trás da escola.

- Sheila?

- "Maivys?"- a voz meio trêmula arrepia todo meu corpo, tinha acontecido algo definitivamente.

- Sou eu. O que aconteceu? A Elai...- fui interrompida.

- "Ela sumiu".- meu coração palpita bruscamente, meus pulmões sugam muito ar instantaneamente entrando em pânico.

- Como?

-" Sábado ela vinha buscar o Jack, mas ela não apareceu, eu pensei que ela tinha esquecido como uma outra vez; fiquei esperando notícias no domingo, e como estava querendo levar Jack pro parque, pensei em levá-la também. Nenhuma mensagem chegou ao celular dela, então fui a casa dela."- ela começou a conter o choro, dava pra ouvir ela engolir a seco tudo o que ainda queria dizer.-" A porta da frente 'tava' trancada, a vizinha apareceu dizendo que ela havia saído ontem a noite lá para umas seis horas. Eu ia lhe ligar perguntando se ela estava com você, ou com a Alex, mas nenhuma de vocês atendeu."

- Sheila eu sinto muito, meu celular 'tava' desligado e eu....- ela me interrompe novamente.

-"Venha aqui, você, Alex e Johnnie, quero que falem o que ela disse que ia fazer, com todos os detalhes. Eu já fui na delegacia dar queixa de desaparecimento, fiz hoje de manhã, por que ontem eles disseram para eu esperar mais um pouco."

- Não precisa se justificar, vamos hoje mesmo,

Depois de encerrar a ligação, paro um pouco com a mão no peito, lágrimas caiam dos meus olhos, aquele desespero ia crescendo de pouco em pouco.

Ouço o som de pessoas correndo em minha direção, era Johnnie e Diego, aparentemente estavam brincando de alguma coisa.

- May? O que aconteceu?- eles se aproximam.

- A Elaine Sumiu.- digo ficando cada vez mais desesperada.

- Que?- eles dizem em uni som.
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Não consegui prestar atenção na aula, e a cada lembrança da voz chorosa de Sheila no telefone, dava mais vontade de chorar.

No fim da aula, passamos na casa do Guilbert para falar com Alex, ela ficou mais desesperada ainda, o que piorou a dor de cabeça que ela estava sentindo.

A sensação de que algo horrível poderia ter acontecido, sempre martelava na minha cabeça, isso nunca aconteceu antes, nunca.
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Quando chegamos na casa da Sheila, vimos Jack lendo um livro na poltrona da sala, a Sheila nos ofereceu comida, copo d'água e logo nos fez perguntas sobre o que Elaine fez semana passada, tentamos dar o máximo de detalhes necessários, mesmo que na minha cabeça não parecia ser eficiente.