Eu odeio tudo sobre você

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Por Elaine

Ele havia me colocado a corrente novamente, depois de ontem anoite ele não colocava mais a máscara, mas também não fazia mais diferença, eu não conseguia nem olhar pra cara dele, estava de cabeça baixa o tempo todo, não dialogamos por nada dês de ontem, apenas quando estamos arrumando a casa e ouço um: "guarda", "limpa", "arruma" , nada além disso.

Me vejo de pé no meio da sala, não sabia pra onde ir, estava tudo tão desconfortável, eu estava tensa, ele passou por mim, me ignorando, abriu a porta de entrada e saiu, a trancando.

Comecei a ficar irritada, frustrada, eu não aguentava estar lá dentro, na verdade nunca aguentei, mas agora estar lá sabendo quem ele era parecia ter piorado tudo, não sabia o que fazer, me perguntava se realmente ninguém estava me procurando.

Comecei a entrar em uma crise, minha cabeça começou a me reprimir, era como se todas aquelas coisas na minha cabeça fossem colidindo formando um grande buraco negro que sugava toda minha felicidade, eu não tinha respostas pra nada.

Por que simplesmente não posso estalar os dedos e voltar pra casa? por que simplesmente não pode me dar uma resposta de que ficarei bem? Por que não posso fechar os olhos e voltar onde meus problemas começaram e tentar fazer tudo diferente?

Nada tinha resposta.

Meus olhos automaticamente miram para o rádio encima da geladeira, sem perder tempo pensando se ele iria brigar ou não, pego uma cadeira e a subo para ligar; A voz do locutor anuncia a próxima música.

Best Of You, Foo Fighters

A melodia me deixou um pouco mais triste, como se não bastasse, uma música depreciativa.

E em seguida

When They Call My Name, Black Veil Brides.

Eu sabia que era ele que estava cantando aquela música.
Sim, Andrew, você está louco, insano, apesar de ter sobrevivido neste mundo violento, assim como eu, você recebeu efeitos colaterais.

Eu sinto um calafrio no meu corpo, eu queria chorar, eu precisava chorar. Escorrego pelo balcão da pia me sentando no chão, começando a chorar, não saiu tão silencioso quanto eu queria, mas aquela dor no meu peito doía muito, e eu não sabia se chorar iria resolver isso, ou se iria abrir espaço para mais dor.

- Eu, sinceramente, do mais fundo do meu coração, não aguento mais - digo a mim mesma, já em prantos.

Levanto devagar me apoiando no balcão da pia, vou até a gaveta e a abro, olhando todos os talheres, pego a maior faca que tinha, o cabo branco, e a lâmina com poucos arranhões, estava afiada.

Ouço um barulho do lado de fora, sabia que era ele, ando até atrás da porta, seguro a faca firmemente esperando que ele passasse, meu coração batia rápido. Vejo ele entrar, e em seguida o apunha-lo pelas costas, começo a enfiar várias vezes a faca nele, e quando sinto que ele não estava mais vivo, me levanto, as mãos tremulas ensanguentadas, a respiração falha, e lágrimas escorriam do meu rosto. Ao ver o que eu tinha feito eu solto a faca do chão e me aproximo de Andrew.

- Me perdoa, Andy, eu te amo...

Meu coração palpita tão forte que dou passos pra trás quando percebo que nada realmente havia acontecido, pisco os olhos freneticamente, na minha mão, havia a faca grande com o cabo branco, e eu estava no mesmo lugar a encarando.

Respiro fundo tentando me acalmar, reparo que a música que tocava não era mais a mesma; Olho para meu pulso, e apenas encosto a lâmina da faca.

"Você está perdendo seu raciocínio, tem certeza disso? Vale a pena morrer?"

Ah, sim, vale, eu não sei quando tudo isso vai acabar, não sei quando esse vazio imerso vai ir embora, mas de uma coisa é certa, é que ele nunca me deixará ir, a não ser que seja a força, mas não vai ser eu que vai conseguir isso, e se ninguém está me procurando, do que adianta esperar? Eu queria acreditar que Sheila está me procurando, mas não parece real.

Perdão

Sinto a lâmina ser forçada contra minha carne, indo na horizontal e o sangue respingar no chão.

Apenas aperte e puxe rapidamente, fácil, certo?

Não estava doendo como deveria estar, a faca começa a rasgar a pele, fechei meus olhos e puxei a lâmina pra baixo fazendo ainda mais pressão, o sangue apenas jorrou mais ainda.

Me ajoelhei, ainda olhando o sangue escorrer, mas não demorou muito até minha vista embaçar, e meu corpo dormente cair para trás, e minha visão por fim, sumir.

Acho que nunca imaginei, que morreria por causa dele, talvez por amor, mas não por medo e ódio.

Eu odeio tudo sobre você, mas então, por que eu te amo?

O CativeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora