O Cativeiro

O encontro

Por Elaine

Encaro o teto do carro, tentei abrir o teto solar, mas só iria abrir se o carro estivesse ligado.

Respiro fundo e deito no banco de trás com os pés na janela, lembro que a mercadoria está toda no carro, abro algumas sacolas e acho o meu amendoim, estava tão tediante, até vê-lo compor seria mais divertido.

Começo a cantarolar algumas músicas que eu adoro, mas de pouco veio pequenas memórias de Maivys, Johnnie, Alex, Sheila, Jack, até mesmo da Alie que não vejo a anos, dês de que ela fugiu de casa no dia 28 de setembro.

Me pergunto se Ronnie acha que eu fugi dele, pra falar a verdade, aposto que ele até desistiu de mim, é uma pena nunca nem ter escutado a banda antes.

Em Memórias

Mensagens:

Mayvis: Já tá indo já?

Elaine: PARA DE ME MANDAR MENSAGEM EU TO ME ARRUMANDO SE TÁ ME ATRASANDO!

Mayvis: Para de escrever em capslock desgramada!

Elaine: te mando mensagem quanto eu estiver saindo.

Mayvis: Ok, manda foto quando terminar.

Elaine: 👍

Procurava como louca alguma roupa limpa, até porque a minha maquina de lavar estava no conserto e estava ao ponto de levar minhas roupas na casa da Sheila para lavar lá.

A toalha enrolada no corpo, e outra toalha enrolada no cabelo.

Pego uma calça legging preta, uma blusa larga e grande com a estampa qualquer, e meu coturno na sapateira.

Me visto rápido e seco o cabelo, passo um perfume que a Alex me deu de presente de aniversário.
Me encaro no espelho tentando lembrar se falta alguma coisa, dou uma jogada no cabelo e tiro uma foto, enviando diretamente pra Maivys.

Mensagens:

Mayvis: Tá gostosa amiga, super comeria seu c

Elaine: Vai te catar Maivys

Mayvis: Se é gata sempre, sua dlç ahsuhs não resisto

Elaine: Vou indo aqui.

Mayvis: Tchauzinho, divirta-se meu xuxu.

Abro a porta e atranco do lado de fora, certifico-me que nenhuma janela está aberta apenas olhando pela frente da casa.

- Pronta?- Ronnie surge atrás de mim, me dando um susto.

- Meu, que susto.- coloco a mão no peito, dando uma pequena risada, ele ri também.

- Vamos? - ele pergunta estendendo a mão pra mim.

- Claro.
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Ele ria me contando suas aventuras junto com a banda, enquanto caminhávamos próximo ao porto, de mãos dadas, era realmente muito engraçado.

- É uma pena que eu não tenha conhecido essa banda antes, eu me isolei um pouco de rede-sociais durante uns anos- digo sorrindo, tivemos uma pequena troca de olhares.

- A garota de cabelos azuis que te chamou pra ir?

- Sim, a Maivys, ela fez questão de pagar meu ingresso, eu me senti tão perdida, não conhecia nada da banda, e ainda não conheço.- dou uma risada debochando de mim mesma.

- Mas agora você pode.- ele tinha um sorriso no rosto, um sorriso divertido, e me olhava nos olhos.- eu adoraria levar você e seus amigos pra alguns shows de vez em quando, assim quem sabe, você não conhece mais ainda nosso trabalho.

- Que legal, eu ia amar, quem sabe assim eu já não viro a fã numero um.- rimos.

- Você mora sozinha?- Ele muda de assunto.

- Sim, problemas de família.- dou uma resumida.

- Quantos anos tem?

Fico com receio em dizer.- 17.

- 17? Nossa, eu não pensei que fosse tão nova...- ele não tinha o sorriso no rosto, e agora coçava a cabeça meio receoso.

Respiro fundo.- É; sou bem nova.- já havia sacado, ou achei que havia, ele queria muito mais que um encontro, e não me conhecer, ele não poderia transar e sair fora com uma garota de menor, é uma pena que eu já tivesse percebido suas intenções só por sua reação.

- Eu também sai de casa bem cedo, acho que não posso falar nada.- ele da um pequeno sorriso.- Não era o melhor lugar do mundo, sabe, dava pra viver lá, mas não conviver com as pessoas presentes.

- Sim, talvez meu problema tenha sido esse.

- Não me dava bem com meus pais.- falamos em uni som.

- Parece que somos bastante parecidos.- ele diz com o mesmo sorriso acolhedor.

- É...- digo meio perdida e envergonhada, porque talvez tivesse pensado algo ruim sobre ele precipitadamente.

Andamos até a ponte onde dava pra ver claramente o mar que batia forte nas rochas, e o farol não muito longe, próximo a costa, o vento meio húmido soprava rijo.

Era uma sensação tão penetrante e liberta, eu não queria sair daqui nunca, ainda mais com essa visão incrível.

Olhei para ele por alguns instantes, que já olhava pra mim, com um sorriso em sua feição, alternando entre meus olhos e boca, ele se aproxima aos poucos do meu rosto, quando quase nos beijamos, eu desviei para o outro lado rapidamente.

- Que horas são?- inspirando fundo, disfarçando o retraimento em relação ao beijo.

- 5:36, por que?

- 5:36?! Eu preciso ir.

- onde vai?

- Depois a gente pode conversa, eu preciso ir logo.

- Eu te dou carona.- segura minha mão indo em direção aonde tinha estacionado a moto. Ele me deixou em frente de casa, entreguei o capacete a ele e o agradeci pelo dia.

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- Não deu pra aproveitar muito.

- Teremos mais tempo, claro se você deixar.- ri com o nariz pelo que disse.

- Então...-digo sem jeito.- até aproxima, eu acho.- me despeço e viro-me para ir.

Ao entrar vejo ele por trás da cortina, parado por um tempo ali em frente, mas logo ele se foi.

Fim de Memórias.

Continha um sorriso bobo no rosto pela lembrança, até que a porta do carro é aberta com um pouco de força e minhas pernas que estavam pra cima apoiadas na janela caem com tudo para o lado de fora.