Capítulo 1

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Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mario Quintana | Das Utopias

A primeira coisa que senti ao despertar foi o lacrimejar de meus olhos, talvez devido a intensa luz da esfera brilhante e calorosa que poderia ser avistada facilmente no alto do céu azul

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A primeira coisa que senti ao despertar foi o lacrimejar de meus olhos, talvez devido a intensa luz da esfera brilhante e calorosa que poderia ser avistada facilmente no alto do céu azul. Minhas mãos tocavam a macia grama - Ela estava quente como um bolo que acabara de sair do forno - Não pude evitar de olhar em volta, naquele amistoso local que eu conhecera há tão pouco tempo haveria somente algumas rosas brancas e uma grande árvore. 

Uma mistura de confusão tomava conta de mim, junto a uma dor de cabeça repentina. Levantei-me e olhei para o outro lado, diretamente para outra esfera, sendo que esta era azulada - e parecia estar mais próxima que aquela que eu vira há pouco - por algum motivo essa me trazia um enorme sentimento de paz interior e familiaridade, o azul que tomava parte de grande parte dela me atraia - tempos depois eu descobriria que é um vasto oceano que cobrira cerca de 71% daquele enorme mundo que eu admirava tanto.

Olhei também para mim mesma, eu não estava nua, havia um amável vestido branco com mangas largas e um pequenino laço - que de longe possivelmente não poderia ser avistado - localizado região dos seios. O vestido iria aproximadamente até meus joelhos, eu não usava sapato algum. Meu corpo era juvenil e pequeno.

- Olá? Tem alguém ai? - Disse alto, quase como se estivesse gritando. Eu sabia falar, porém a minha voz me soava estranhamente familiar. Naquele lugar haveria tanto silêncio que era possível escutar os grilos cantarem. Tudo que fiz foi abraçar meu próprio corpo e começar a andar, sem rumo. Minhas pernas se moviam de forma devagar e eram desajeitadas.

Eu sentia medo. Estava confusa. Teria que haver alguém. Eu não era a única daquele lugar. Eu não podia ser a única naquele lugar. Mal sabia eu do sofrimento que viria pela frente.

A exaustão era tão grande que eu sentia que a qualquer momento poderia desmaiar, mas continuei a andar, quase como se estivesse me arrastando enquanto adentro uma gigantesca floresta. As folhas verdes balançavam conforme a brisa soprava e pássaros emitiam sons maravilhosos, como se cantassem para a natureza a sua volta. Logo se tornou audível o som de água, e por algum motivo, tive forças para correr em busca dela. Pude chegar até a fonte e rapidamente pegar um tanto de água em minhas mãos e bebe-la com voracidade, após isso, meu olhar se prendeu ao reflexo da água serena.

Enrubesci. Era o meu reflexo! Observei com ternura a minha imagem refletida, garota com aparência infantil, pele clara, cabelo loiro escuro, quase como se fosse castanho e olhos brilhantes acastanhados como mel. Me apaixonei por aquela imagem no primeiro segundo que a vi, era familiar tanto quanto o planeta azul. Porém parei ao ver um detalhe diferente, uma marca em minha testa, como se fosse uma cicatriz de um machucado que eu tivera. Por algum motivo, aquela mísera marca mexeu comigo inexplicavelmente, e me deu uma imensa vontade de chorar, mesmo que eu não soubesse o porquê daquilo doer tanto dentro de mim. Aquela sensação ruim permaneceu por bastante tempo, até eu poder ouvir uma voz aguda soar atrás de mim.

Quando As Ruínas Chorarem (ℍ 𝕀 𝔸 𝕋 𝕌 𝕊)Onde histórias criam vida. Descubra agora