Capítulo 5

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Certo dia, percebi que o ideal só existe em nossa imaginação

Bem, a não ser que você lute contra isso, e era o que eu planejava.

 Eu estava vasculhando os livros das prateleiras mais afastadas, os livros que faltavam ler dentre todos os que haviam ali

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Eu estava vasculhando os livros das prateleiras mais afastadas, os livros que faltavam ler dentre todos os que haviam ali. Eu havia passado toda a semana indo a biblioteca mais antiga de Cortona com a minha irmã a fim de encontrar alguma informação sobre qualquer Nação fora da cidade. Havíamos sim achado um livro na semana passada, mas não havia servido de muita coisa, uma vez que quase todas as suas páginas estavam ou manchadas ou rasgadas. Apenas pudemos descobrir os nomes de certos Reinos.

Foi quando eu achei um livro um tanto curioso, tal livro que eu nunca havia visto ali antes. Sua capa era tão marrom quanto o meu vestido daquele dia, e estava extremamente empoeirado, assim como os outros livros daquela prateleira. Elevei o livro para mais próximo do meu rosto a fim de assopra-lo. Os grãos de poeira me lembravam pequeninos flocos de neve, eles flutuavam por todo o ambiente, como se tivessem asas e quisessem aproveitar a sua tão amada liberdade.

O nariz da Mikki não pareceu gostar muito. Ela espirrava como nunca, enquanto tentava reclamar comigo, mas não conseguia dizer um 'A' entre os espirros

- Assim você quer fazer a minha alergia me matar - Ela resmungava

Quanto a minha pessoa, só conseguia fitar o livro em dizer uma única palavra, eu simplesmente não conseguia respondê-la, o impacto de ver o simples título daquele livro me atingia como se fossem fadadas granadas, e eu não soube identificar o motivo.

Igaria, A capital dos sábios

- Mana, tá tudo bem? - Disse, percebendo o meu transe

- Uhum - A olhei, um pouco trêmula - Eu acabei de achar um livro um tanto... Diferente. -Minha irmã chegou mais perto de mim, e eu inclinei o livro para ela, a fim de que ela possa vê-lo

- VOCÊ ACHOU UM LIVRO SOBRE...

- Fala baixo, cabeça de vento! Quer atrair atenção para cá?

- Pelas estrelas, acho que falei um pouco alto!

- Um pouco? - A olhei, cruzando os braços - Coloca esse livro dentro da sua mochila - Sussurrei

- Mas isso é roubo!

- Para com isso, só vamos pegar emprestado por alguns dias... Ou meses.

- Mas...

- Sem "mas", Mikki. - Estiquei o livro para ela, e ela pegou e guardou na mochila, bufando. Sair da biblioteca seria uma tarefa fácil, mas estar ao lado da minha irmã nisso pareceu deixar tudo ainda mais complicado. Ela parecia dar na cara que o que estávamos fazendo era errado. A típica cara de uma criança fazendo besteira.

Apesar disso, conseguimos sair de lá sem nenhum problema. Assim que colocamos nossos pés para fora e descemos os primeiros degraus da escada, demos as mãos e saímos correndo em direção a nossa casa enquanto ríamos juntas.

Entramos na nossa casa com uma euforia indescritível, subindo direto para o quarto.

- Nós, roubamos, um, livro! - Mikki dizia pausadamente, me olhando

- Pegamos emprestado - Eu a fitei, dando língua

- Vamos ler logo esse negócio, eu estou curiosa - Ela disse pegando a mochila e a abrindo, a fim de pegar o livro, e logo me entregou

Eu o abri rapidamente, me preparando para lê-lo junto a ela. Como sempre, todas aquelas letras vaziam a minha vista arder. Pisquei os olhos várias vezes, depois voltei a fitar o livro, lendo uma de cada vez.

- A dignifican. . . Dignificante ci. . . Cida. . . Cidade de. . . De. . . Igaria, Igaria! - Eu me esforçava para ler de forma correta, mas aquilo parecia horrível. Era insuportável. - É chamada de. . . Capital dos. . . Dos Sábi. . . Sábios pois é assusta. . . Assusta. . .

- Assustadoramente bem-sucedida. - Mikki colocou a mão no meu ombro, me fitando - Quer ajuda, mana?

Anuí

- A dignificante cidade de Igaria é chamada de 'A Capital dos Sábios' uma vez que é assustadoramente bem-sucedida em diversos quesitos, desde aptidão para compreender ou aprender por simples indícios, até o fato de possuírem força física e moral, eles possuem influência e valimento entre todas as outras nações. Igaria é temida no mundo e no submundo, nos céus e na terra. Sua população é composta em sua maioria por Magos. Numa escala de poder de 1 a 10 a cidade estaria em 9,7, um lugar realmente avançado em todos os quesitos. Sua política é uma das melhores já vistas antes, a cidade é conhecida por ser extremamente organizada em todos os quesitos, respeitosa e promissora. Os céus e a terra rogam pelo seu apoio na guerra santa, uma vez que isso poderia ser uma vitória garantida, mas por falta de interesse, Igaria prefere se manter fora de qualquer união.

- Ok... Mikki, já que eles são tão temidos assim, eles podem trazer risco para nós? - Ela me fitou, pensativa

- Aqui diz que eles se mantem neutros entre a guerra. Mas... Que guerra, exatamente?

- Estamos em guerra?

- Não sei. As coisas parecem estar normais.

Mikki folheou o livro, notando que a maioria das páginas estavam completamente manchadas ou rasgadas - Que nem a do livro que havíamos achado antes - algumas estavam se desfazendo aos poucos, afinal, aquele livro deveria ser tão antigo quanto aquela biblioteca, ou mais. Ela voltou para a primeira página, relendo-a mais de uma vez.

- Esse livro está mentindo! - Mikki largou o livro e se levantou

- Mentindo?

- Sim! Você não vê que está tudo bem conosco? Que a cidade está completamente ótima? Nós MORREMOS, não tem motivo para uma guerra depois da morte.

- E se tiver?

- Não tem

- Tá, mas e se tiver? - Eu me levantei - Mikki, o que você sabe sobre esse mundo? Me diz! Isso mesmo, nada. Pois nós nunca saímos dessa cidade, nós nunca saímos mundo a fora e nunca pudemos ler um livro que não estivesse manchado ou rasgado. E os nossos professores parecem fugir desse assunto. Você acha mesmo que isso não é estranho? Eles não querem que nós saibamos, mana, é a única explicação!

- Então talvez seja melhor não sabermos!

- Talvez o mundo lá fora esteja em guerra e você simplesmente não quer saber o que está acontecendo? - Eu já estava começando a me irritar nesse momento

- E se for isso?

- Se for isso, eu vou me virar sozinha para descobrir tudo

- Vai lá então! Eu não preciso de você!

- E nem eu de você

O resto do dia foi insuportável para nós duas. O clima pesado de uma leve briga era notável na casa inteira, e até a tia Alence havia percebido isso, porém preferiu não dizer nada sobre. Seu pensamento na verdade é que era que pequenas brigas entre crianças eram coisas normais e que logo estaria tudo bem novamente. Mas não éramos mais crianças! Não é?

O importante é que certamente esteve, quando o dia amanheceu agimos quase como se nada houvesse acontecido. Na verdade era como se eu e Mikki não conseguíssemos ficar muito tempo brigadas, ela era a minha melhor amiga afinal.

Porém, nunca mais tocamos no assunto. Se uma vez aquela discussão, a leitura daquele livro ou qualquer coisa relacionada a um lugar fora de Cortona, existiu de fato, estava sendo completamente ignoradas por mim e Mikki, isso evitaria muitas briguinhas sem sentido, uma vez que não acreditamos na mesma coisa. Ou pelo menos, ela não quer acreditar. Mas eu acredito que realmente há algo mal contado nessa história.

E eu preciso descobrir o que é, nem que custe a minha... morte?

Quando As Ruínas Chorarem (ℍ 𝕀 𝔸 𝕋 𝕌 𝕊)Onde histórias criam vida. Descubra agora