Capítulo 21

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Aquilo logo se tornaria mais sério do que eu esperava.

Aquilo logo se tornaria mais sério do que eu esperava

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Mikki

Lembro da fissuração por borboletas, da época que eu era apenas um filhote de humano inócuo e nanico. Eu costumava sair escondida de casa e passar os dias na floresta, uma vez que eu sabia todos os caminhos possíveis do lugar, seja de manhã ou à noite. Ainda assim, buscava não sair depois que escurecesse – O que basicamente era para não levar um murro da minha tia.

Mamãe me contava histórias sobre como as borboletas poderiam trazer mensagens espirituais para quem as observa atentamente, sendo a própria sabedoria do universo para o dia a dia. Para alguns, seriam mensagens dos anjos, quanto para outros, a alma de uma pessoa não-humana que já partiu.

Às vezes eu realmente tinha a impressão de ouvir um sussurro em meu ouvido, com a atenção voltada para o bater de asas de determinada borboleta, mas eu nunca consegui compreender o que ela dizia.

Hoje, é como se eu tivesse esquecido o que elas significavam para mim antigamente. Transformação, esperança, serenidade... Não. Eram algo completamente diferente.

Pesquisando mais uma vez naquele velho computador, qualquer dieta milagrosa que me prometesse mais de um quilo por semana. Logo, mais rápido do que eu pudesse perceber, estava ajoelhada em frente ao vaso sanitário novamente, com uma escova de dentes em mãos, repetindo para mim frases motivadoras como: "Vamos, você consegue", "Não seja fraca" e "Borboletana".

E como um dilúvio, as lágrimas corriam e juntamente o meu estomago que se revirava, tentando lutar contra todas as tentativas de expelir qualquer coisa de dentro de mim. A parte de trás da escova atingia a área mais profunda que eu conseguia da minha garganta, fazendo com que eu fizesse estúpidos barulhos.

- Por que você é tão inútil? Nem para vomitar você serve! – Esfreguei meus olhos, irritada. Há quanto tempo estou trancada nesse banheiro? Joguei a escova na parede, puxando o meu cabelo de forma bruta e em seguida socando a parede com ódio. Era definitivo, eu estava surtando.

Não, não, não! Esse sentimento de novo não!

Me levantei, inquieta, andando de um lado para o outro no pequeno banheiro. Apertei meus seios por um momento, tentando sentir aquilo que eu sentia quando era punida por Armor. Medo? Nojo? Qualquer coisa que me fizesse sentir algo diferente, menos me lembrar do fato de eu ser apenas insignificante.

Ao me lembrar de Armor e seus toques, o sentimento de estar em borras impudicas caiu sobre mim. Suja, era como eu me sentia. Completamente suja!

Naquele momento, eu não me importava com as minhas roupas, apenas tive que entrar debaixo do chuveiro e pegar o sabonete o mais rápido possível. As lagrimas começaram a correr de forma mais intensa, e cá estava eu novamente, com as marcas que aquele toque foi capaz de deixar.

Quando As Ruínas Chorarem (ℍ 𝕀 𝔸 𝕋 𝕌 𝕊)Onde histórias criam vida. Descubra agora