Ameaças

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Mike Wheeler

Desde o dia em que me assumi com Will na escola, tenho recebido ameaças em bilhetes do meu armário, no começo já estavam me preocupando com isso, mas agora estou muito mais.

Costumavam ser: "Fique de olho em seu namoradinho, ele pode correr perigo." ou "Seria uma pena se algo acontecesse com o Will, não seria?", mas hoje recebi um exatamente assim: "Dia 18 de março, em sua aula de matemática, venha para a pedreira e faça direito o que você adiou à anos, se não o Will que terá de fazer".

Esse bilhete foi o que mais me deixou preocupado, e agora eu sei que são os mesmos babacas que queriam que eu pulasse da pedreira na época em que Will tinha desaparecido.

Eu poderia simplesmente levar Eleven escondida pra ela tentar me pegar de novo quando eu cair, mas depois disso eles podiam muito bem fazer algo a Will, e El os matar não seria uma solução cabível.

Eu tenho 2 dias pra pensar, então quando o sinal bate falo com Will que não poderia ir pra casa dele hoje e sigo o corredor apressado, tão distraído que acabo esbarrando com um menino de blusa rosa e pochete, que no momento que esbarrei nele estava tentando pegar algo de dentro dela.

-Me desculpa!-Digo pegando uma espécie de bombinha para asma que deixei cair no chão, então a dou à ele.

-Você é o garoto que namora o Will não é?-Ele me pergunta, pegando a bombinha.

-Ah sim, claro, eu sou o Mike Wheeler, e você…?

-Eddie, Eddie Kaspbrak.-Ele disse, e nós demos um aperto de mão.- Sério, vocês dois são demais, depois do dia que se assumiram eu estou pensando em me declarar pro meu melhor amigo!

-Que legal! Vá com coragem, tomara que dê certo, sorte à vocês dois!-Disse com um sorriso.

-Muito obrigado, sério!- Ele diz e nos despedimos.

Continuo andando, agora me sentindo meio culpado por desistir quando descubro que talvez pessoas se inspirem em mim. Passo a noite acordado, chorando e preocupado com Will.

O dia 17 chega, e a única solução que ainda tenho é desistir e pular da pedreira: e se eu ficasse vivo?

Eu sabia que essa possibilidade era praticamente impossível, mas talvez isso me reconfortasse um pouco.

Passei o último dia com Will, aproveitei ao máximo sua presença, talvez aquele fosse o último que eu a teria.

Outra noite sem dormir, ansioso e pensando que talvez aquilo tivesse uma solução, mas não consegui acha-la.

Antes de ir pra escola fiz uma carta à Will, nem tão grande e somente com algumas dicas de onde eu poderia ter morrido, dicas que eu sabia que ele não entenderia de cara, não queria que ele tentasse me salvar, até porque eu pretendia a colocar em seu armário em sua aula de química, pois sabia que ele não iria o abrir tão cedo, não cedo o bastante.

Na minha aula de matemática esperei o sinal bater e dar o tempo para todos entrarem trancado no banheiro, deixei a carta no armário de Will e fui encarar minha morte, talvez conformado.

Andei um pouco e cheguei à pedreira, lá estavam os dois meninos, eles tinham armas, o que me deixou mais assustado e coloquei minhas mãos pra cima.

-Pula, e sem truques dessa vez!-O menino gritou e apontou para o abismo com a arma.

Cheguei na ponta e fiquei olhando, o que viria depois da morte? Aquilo era muito alto, não tinha chance de eu sobreviver, nenhuma chance.

Comecei a tremer e lágrimas insistiram em cair em meu rosto, eu não iria conseguir fazer aquilo.

-Anda logo porra!-Um menino gritou e deu um tiro pra cima.

Antes que eu pudesse ficar com mais medo, coloquei um pé no abismo e pisei, comecei a cair rapidamente, mas parecia em câmera lenta: eu via tudo caindo, o vento ressoava em meus ouvidos e sentia que que aquele vento estava tão forte que poderia me levar pra cima novamente, era a única coisa que me dava esperança àquela hora.

Eu estava cada vez mais perto da morte e o único destino que tinha era cair naquela água que eu tinha certeza que não seria minha salvação.

Too close to the stars-BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora