Trancada no armário de vassouras com Jack, eu tentei pensar que já tinha passado por momentos piores na vida. Além do mais, por mais constrangedora, desconfortável e ridícula que toda a situação fosse, não era o fim do mundo eu estar trancada em um espaço minúsculo com um cara grande. Talvez muitas garotas por aí matassem para estar no meu lugar, não é?
"Você está me esmagando", murmurei na escuridão do armário, tentando fazer minha mente pensar em outra coisa que não fosse a vergonha que estava sentindo. Porque aquela até não poderia ser a pior situação pela qual eu já tinha passado, mas sem sombra de dúvidas também não estava entre as melhores.
"Desculpe", Jack disse, e pelo tom da sua voz percebi que sua condição não estava muito melhor que a minha. Se houvesse uma ponte por ali, eu não saberia qual de nós dois pularia primeiro para escapar daquilo. "Estou tentando me afastar, mas não tem muito espaço aqui."
Eu estava colada contra o abdômen de Jack, e apesar de todas as camadas de tecido do seu uniforme, eu ainda conseguia sentir a rigidez dos seus músculos contra meu corpo. Não que eu estivesse prestando atenção naquilo. Porque eu não estava. Na verdade, eu só...
Reprimi um gemido de frustração. Pelo amor de Deus! A quem eu queria enganar?!
"Acho que consigo virar de costas", falei, pensando que aquela talvez fosse a melhor opção. "Se você conseguir se mover um pouquinho para lá, eu..." Tentei girar no lugar, mas o espaço era tão pequeno que tive que colocar meus braços para o alto. Um deles ficou preso na lateral do armário e eu fiz força para sair daquela posição, mas sem querer acabei dando uma cotovelada no rosto de Jack quando consegui me libertar. "Ai meu Deus, desculpe!"
"Acho que você acabou de quebrar meu nariz", ele murmurou com uma voz abafada.
"Sério?!"
"Não, mas foi quase."
Bufei e revirei os olhos, finalmente conseguindo me mover até os fundos do armário, mas foi só quando senti a respiração pesada de Jack na minha nuca e seus braços apoiados entre meu corpo, que percebi que talvez aquela fosse uma péssima ideia.
"Hum, Margot...", Jack começou a dizer, parecendo um pouco incerto. "Acho que assim ficou pior."
"Você acha?"
Fechei os olhos com força, desejando desaparecer. Meu corpo traidor estremeceu de leve quando a respiração de Jack me atingiu no pescoço e seus braços ficaram ainda mais rijos entre mim. Por que eu não consigo me controlar?!
"Bom, a Margot bêbada gostaria disso", eu falei, sem conseguir segurar minha língua de trapo, desejando que meus pensamentos se voltassem para outra direção. "Gostaria muito."
"Margot!"
"Desculpe", pedi outra vez, encostando minha cabeça nos fundos do armário e mordendo o lábio inferior com força. "Mas é verdade."
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Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa Arthenia
RomantikQuando a princesa Margot Arthenia, quarta na linha de sucessão ao trono de Steinorth, se mete em apuros que quase termina em tragédia em uma das boates mais famosos da capital do país, seu pai decide que é hora de impor um castigo severo a filha mai...