EU NÃO QUERIA SAIR DE casa naquela noite por uma série de motivos. Primeiro porque precisava trabalhar na manhã seguinte, e por mais que não tivesse dificuldades em acordar cedo a tarefa seria bem mais difícil se eu me privasse de algumas horas de sono. Segundo, tinha prometido a Cody que assistiria De Volta para o Futuro com ele e odiava pular fora daqueles programas simples, mas que para o meu irmão mais novo faziam toda a diferença.
Mas nunca tinha sido fácil negar qualquer coisa para Josh. Depois de buzinar na frente da minha casa a ponto da minha mãe me trancar do lado de fora e pedir que pelo amor de Deus fizesse o que ele queria, tive que entrar no carro. Resmunguei durante todo o caminho até a boate, mas Josh não se abalou. Ele queria uma companhia para cair na farra em uma quinta-feira qualquer e eu – para o meu azar – estava à disposição.
Nunca fui uma pessoa do tipo de me gabar e soltar o conhecido "eu te avisei" quando me provava certo no final, mas naquele momento, enquanto o caos se espalhava pela boate da cidade onde Josh e eu por acaso estávamos enfiados, quis muito olhar para ele e dizer que em parte era o culpado por termos nos metido naquela situação.
Para o bem ou para o mal, minha confusão mental misturada com uma pontada de raiva durou apenas um segundo depois da primeira explosão. Menos que isso, eu acho. Assim que um segundo estrondo ecoou pelas paredes da boate, eu já tinha segurado a garota desconhecida perto de mim pelo braço e a arrastado junto com o fluxo desesperado da multidão.
"O que está acontecendo?", a ouvi gritar perto de mim, mas não tinha tempo para responder. Olhei para os lados e vi Josh ainda perto da garota que tinha se aproximado de nós minutos antes da confusão começar.
"Vai para a saída de emergência!", ele gritou para mim. "Te encontro lá fora! Vou cuidar dela." E apontou para a garota de máscara preta ao seu lado, que pela expressão parecia prestes a desmaiar.
Eu assenti depressa, mas quando tentei puxar a garota que mal conhecia junto, ela resistiu.
"Preciso saber o que está acontecendo", ela me disse, enquanto éramos empurrados de um lado para o outro pela massa de corpos que tentavam sair da boate. O ar estava pesado e eu não conseguia respirar direito, os gritos da multidão me deixavam quase surdo. "Eu não consigo entender..."
Ela olhava para os lugares onde as explosões tinham acontecido. A fumaça branca ainda tomava conta do ambiente e subia na direção do teto, preenchendo tudo.
"Não é hora para isso", falei, tentando me manter calmo embora meu coração estivesse disparado e a adrenalina corresse pelas minhas veias. Me obriguei a respirar e clarear a mente. Não tinha tempo para entrar em desespero. "Precisamos sair daqui."
Eu vi a relutância nos olhos azuis esverdeados da garota. Ela olhava para a multidão com uma expressão de pavor e confusão. Era como se ainda não tivesse processado o fato de que duas explosões tinham acabado de acontecer a poucos metros de distância e que precisávamos sair dali.
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Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa Arthenia
RomantizmQuando a princesa Margot Arthenia, quarta na linha de sucessão ao trono de Steinorth, se mete em apuros que quase termina em tragédia em uma das boates mais famosos da capital do país, seu pai decide que é hora de impor um castigo severo a filha mai...