Capítulo Dezoito - Jack

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"Vamos lá, Cody, você pode me ajudar com isso?", perguntei ao meu irmão mais novo, que tinha me acompanhado até a cozinha de casa

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"Vamos lá, Cody, você pode me ajudar com isso?", perguntei ao meu irmão mais novo, que tinha me acompanhado até a cozinha de casa. Abri um dos armários que ficava em cima da pia e tirei de lá duas cartelas de remédio, as estendendo para ele. "Qual desses é aspirina?"

Cody virou as cartelas e ajeitou os óculos para ler os rótulos. Eu não costumava precisar de ajuda para identificar remédios, porque há muito tempo tinha criado um sistema de cores que me ajudava com aquilo. Eu tinha vários blocos de post-its no meu quarto, que usava nos fracos e cartelas para diferenciá-los, assim como em muitas outras coisas na casa. Mas minha mãe ou Adeline deviam ter ido à farmácia recentemente, porque aquelas cartelas estavam sem post-its e eu não conseguia achar em lugar nenhum as aspirinas que eu costumava rotular de amarelo.

"Que nomes complicados!", Cody disse enquanto tentava ler. "Por que todo remédio tem nome esquisito?"

Eu abri um sorrisinho e me recostei na pia, massageando um ponto dolorido da minha cabeça.

"Eu não faço ideia."

Minha mãe tinha saído para entregar alguns trabalhos de costura e Adeline estava trancada no quarto, concentrada em seus desenhos para a lojinha que ela mantinha na Internet. Eu não queria perturbar minha irmã, então Cody era a minha última esperança para tentar aliviar aquela dor de cabeça.

"É esse aqui", ele disse, me estendendo uma cartela com menos comprimidos. "Esse outro é anti...", ele estreitou os olhos, parecendo ter dificuldade com a palavra, "anticoncepcional. O que é isso?"

Eu tirei a cartela da mão de Cody e a joguei de volta no armário, tentando não rir da cara confusa dele. "Eu não sei, não", falei. "Mas acho que é da Adeline."

Eu pressionei um dos remédios da cartela e a aspirina caiu na minha mão. A engoli em seco, desejando que fizesse efeito logo. Me aproximei de Cody e baguncei seus cabelos.

"Obrigado, amigão."

Havia muitas partes ruins em ser alguém que não consegue ler e escrever, mas sempre pensei que a pior delas era a sensação de estar cego em um mundo em que todos podem ver. Não é agradável saber que precisa de outras pessoas para fazer coisas que seriam consideradas simples para qualquer um, desde identificar um remédio no armário de casa até ir ao supermercado e confundir uma massa de bolo com um tempero para colocar na salada. Eu sabia que a minha família tornava tudo bem mais fácil para mim, mas não conseguiria dizer em voz alta que não me sentia um pouco envergonhado quando precisava recorrer a eles para fazer coisas tão fáceis.

Tentando afastar aqueles pensamentos, fui até a sala e liguei a TV. Não estava no clima de assistir nada, mas com aquela dor de cabeça, duvidava muito que conseguisse ir para a garagem e trabalhar em qualquer coisa que envolvesse máquinas barulhentas e uma atenção grande demais da minha parte.

"É até estranho te ver aqui à noite, sabia?", Cody disse, e eu ouvi sua cadeira de rodas nova e moderna se aproximando de mim. "Você fica mais no castelo do que em casa agora."

Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa ArtheniaOnde histórias criam vida. Descubra agora