Quando acordei na manhã seguinte, permaneci de olhos fechados por alguns segundos e tentei me convencer de que a noite anterior não tinha sido apenas um sonho. Porque para mim era muito fácil pensar que tudo havia sido fruto da minha imaginação. Talvez, se eu continuasse de olhos fechados, pudesse prolongar aquela sensação gostosa de felicidade por mais tempo.Isso é estupidez, uma voz disse dentro da minha cabeça.
Não me importo em ser um pouquinho estúpida agora, respondi preguiçosamente.
Passei uma mão pelo lençol macio e suspirei, no fundo sabendo que precisava olhar para o lado. Só assim eu me convenceria que a noite com Jack tinha sido real.
Então foi isso que fiz.
Virei na cama e abri os olhos, esperando vê-lo esparramado na cama ao meu lado. Eu não tinha conseguido observar Jack dormir durante a noite, mas de repente me dei conta de como seria bom vê-lo descansar tranquilo perto de mim.
Porém, tudo que vi foi um lençol amarrotado no lugar onde ele deveria estar. Distraída, passei a mão pela colcha e constatei que estava fria.
"Insensível", murmurei irritada, me levantando de supetão e amarrando o lençol branco em torno do meu corpo. "Deve ter saído quando ainda estava escuro. Todos os homens são mesmo iguais."
Fui até o banheiro e penteei meus cabelos com uma raiva que os pobres fios não mereciam. Escovei os dentes e estava prestes e vasculhar o quarto em busca das minhas roupas quando ouvi uma voz sussurrar do corredor:
"Margot?"
Me virei para a porta, os braços já cruzados na frente do corpo.
"Então quer dizer que agora você..."
Mas minha voz ficou presa na garganta quando me deparei com Jack parado diante de mim, os braços ocupados por uma enorme bandeja prateada que continha café da manhã suficiente para alimentar um pequeno exército.
Me deixei cair sentada na beira da cama, minha expressão irritada se desfazendo como que em um passe de mágica.
"Está tudo bem?", Jack perguntou, adentrando o quarto devagar. "Pensei que ainda estaria dormindo. Eu ia te entregar a bandeja quando acordasse."
"Você trouxe café na cama para mim?", perguntei como a grande idiota que era, acompanhando Jack com os olhos enquanto ele colocava a bandeja sobre a escrivaninha e se voltava para mim.
Suas bochechas assumiram um tom clarinho de vermelho e ele coçou a nuca, desviando o olhar do meu.
"Antiquado demais?"
Eu soltei uma risada alta que ecoou pelos quatro cantos do quarto. Jack se assustou e olhou para mim depressa.
"Você não pode ser real", disse com um sorrisinho. "Não mesmo."
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Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa Arthenia
RomanceQuando a princesa Margot Arthenia, quarta na linha de sucessão ao trono de Steinorth, se mete em apuros que quase termina em tragédia em uma das boates mais famosos da capital do país, seu pai decide que é hora de impor um castigo severo a filha mai...