Capítulo Dez - Jack

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Eu estava no banco de trás de um carro preto e discreto do palácio enquanto a princesa dirigia e tagarelava sem parar

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Eu estava no banco de trás de um carro preto e discreto do palácio enquanto a princesa dirigia e tagarelava sem parar. Quando olhei para o retrovisor e vi as torres distantes do castelo sumirem no alto da colina, senti meu corpo inteiro ficar tenso.

Aquela não podia ser uma boa ideia. Eu sabia que só estava fazendo meu trabalho, que era acompanhar Margot aonde quer que ela fosse, mas uma voz dentro da minha cabeça também me lembrava da promessa que tinha feito a ela no dia anterior sobre não contar ao rei o que faríamos naquela manhã. Eu quase desejava que a princesa se metesse em problemas para assim eu ter uma desculpa e fazer o meu trabalho direito.

"Nome completo?", a ouvi dizer de repente, chamando a minha atenção.

Cerrei o maxilar, contendo a vontade de revirar os olhos. Desde que ela tinha se levantado naquela manhã e me encontrado do lado de fora do quarto, não parava de fazer perguntas. Eu sabia que minha pequena provocação da noite anterior sobre Margot nunca ter chegado a perguntar nada a meu respeito não sairia impune, mas não esperava que ela fosse me torturar com aquilo até eu desejar me jogar de um carro em movimento.

"Você já sabe o meu nome", respondi com a esperança de que aquilo a fizesse ficar em silêncio, já que ignorar sua falação não estava adiantando em nada.

"Nada disso. Só sei o seu sobrenome. Você não tem um nome do meio?"

"Martin."

"Martin", ela repetiu devagar, como se analisasse cada sílaba da palavra com cuidado. "Que droga. Eu estava esperando que você tivesse um nome constrangedor para que eu pudesse te atormentar com isso. Por que você nunca facilita minha vida?"

Eu me faço a mesma pergunta com bastante frequência, Alteza.

Estávamos no meio do trajeto que levava até Arthenia quando Margot decidiu acelerar. Eu chequei meu cinto de segurança e pedi a Deus que aquela garota fosse mais cautelosa no trânsito do que era como pessoa.

"Idade?", ela continuou.

Eu suspirei, decidindo entregar os pontos.

"Vinte e dois."

"Sério?! Eu podia jurar que você era mais velho. Acho que é esse seu olhar que só os velhos rabugentos que vivem sozinhos em casas empoeiradas parecem ter."

Ela me lançou um sorriso travesso pelo espelho retrovisor.

"Você não devia olhar para frente?"

"Está com medo de andar comigo?"

Não respondi. Acho que ela entendeu a resposta sem que eu precisasse falar nada.

"Você devia pular para o banco da frente, sabia?", ela disse. "Os vidros são escuros, ninguém vai nos ver."

"Estou bem aqui."

"É mesmo?"

De repente ela deu uma freada brusca e eu fui jogado para frente, por pouco não batendo a cabeça no banco feito um idiota.

Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa ArtheniaOnde histórias criam vida. Descubra agora