Capítulo Oito - Margot

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Quanto tempo uma pessoa leva para enlouquecer completamente?

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Quanto tempo uma pessoa leva para enlouquecer completamente?

Era aquela a pergunta que eu vinha me fazendo com uma frequência impressionante durante um curto espaço de dois dias. Era quarta-feira e no dia seguinte faria uma semana de toda a loucura que tinha acontecido no The Rebels, e desde então eu não tinha atravessado os portões do palácio.

Eu sabia que podia sair dali se quisesse. Não estava sendo mantida em cativeiro, afinal de contas. Mas saber que onde quer que eu fosse Jack estaria lá, vigiando e observando tudo para mais tarde me dedurar para o meu pai, não me deixava assim tão empolgada para fazer qualquer coisa. Lilah e Ryan tinham aparecido no dia anterior e nós jogamos tempo fora, o que pelo menos serviu para me distrair um pouco, mas agora eu sentia como se fosse morrer se ficasse mais um dia enfurnada em casa. Eu queria sair.

Queria e precisava.

Como se quisesse me torturar mais um pouco, eu me levantei da minha cama - onde estava deitada mexendo no celular, que era uma das únicas coisas que vinha fazendo ultimamente - e fui até meu armário. Abri uma das gavetas com cuidado e tateei embaixo de todas as cacarias que jogava ali até achar o que estava procurando.

Puxei o cordãozinho de barbante e acariciei o pingente prateado em formato de borboleta com carinho, de repente sentindo um aperto no peito. Ainda me lembrava do dia em que Cassie havia me dado o colar como se fosse ontem. A lembrança vívida na minha mente.

Eu estava indo embora do abrigo, já pescando meus óculos escuros da bolsa e a echarpe que costuma usar em volta do pescoço quando ela me parou, segurando minha mão.

"Cassie!", ouvi a voz da mãe dela repreender, mas eu me apressei a dizer que estava tudo bem e me ajoelhei no chão de cimento grosso para que meus olhos ficassem na mesma altura dos da menina.

"Não queria que você fosse embora", ela disse para mim, se aproximando hesitante. "É tão bom quando você vem!"

Eu sorri, me sentindo um pouco patética pelo modo como me derreti por dentro ao ouvir aquilo. Passei uma mão pelos cabelos loiros e um tanto embaraçados de Cassie e falei:

"Vou voltar logo", prometi. "Não consigo ficar muito tempo longe de vocês, borboletinha."

Aquele era um apelido que eu costumava usar com ela. Quando nos conhecemos, semanas antes, reparei que Cassie sempre carregava um pingente em forma de borboleta na mão. Era prateado e já estava um pouco enferrujado, e quando perguntei o motivo pelo qual ela gostava tanto dele, ela disse que a borboleta era o pingente de um antigo colar que sua avó costuma usar todos os dias.

"Mas você demorou muito para volta dessa vez", Cassie disse, os olhos azuis fixos nos meus. "Foram...", ela parou para pensar por um momento, "semanas!"

"Eu sei. Sinto muito. De verdade."

Eu não queria ter levado tanto tempo para voltar ao abrigo, mas naquela época, meses antes, eu tinha sido cercada por uma multidão de paparazzi quando cometi a burrada de levar Penelope para tomar um café no meio da cidade sem me disfarçar suficientemente bem. Alguém da cafeteria deve ter me reconhecido e chamou a imprensa, e o que se seguiu depois foi uma confusão digna das que eu vivia armando por aí. O resultado, é claro, foi o caos. Papai ficou furioso comigo e começou a fazer vista grossa para onde quer que eu fosse, Sebastian também ficou bravo por eu ter metido sua namorada naquela confusão e nem tentou me defender. Isso somado ao fato de que naquela época Lilah e eu estávamos no meio do processo de adquirir o espaço que futuramente seria o The Rebels, me fez ficar afastada daquela parte da cidade por um tempo.

Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa ArtheniaOnde histórias criam vida. Descubra agora