Quando a princesa Margot Arthenia, quarta na linha de sucessão ao trono de Steinorth, se mete em apuros que quase termina em tragédia em uma das boates mais famosos da capital do país, seu pai decide que é hora de impor um castigo severo a filha mai...
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Eu pensei que ver Sebastian e Margot trabalhando juntos em qualquer plano que fizessem já era confuso e caótico o suficiente, mas quando o príncipe herdeiro - mesmo que relutante - se juntou aos gêmeos, me dei conta de que não havia a mínima possibilidade de o que quer que eles estivessem aprontado desse errado.
"Os convites estão aqui", Margot disse em uma manhã três dias depois da chegada do irmão mais velho. Ela jogou uma pilha de convites chiques em cima da mesa, todos em envelopes vermelhos e com os nomes dos convidados em alto relevo. "A gráfica nunca foi tão rápida, não é?"
Os príncipes deram uma olhada na pilha. Até onde eu estava por dentro daquele plano, o baile de verão seria um evento pequeno para poucos membros. Margot tinha contado que no verão passado Penelope Beverley fora uma das responsáveis por organizar tudo, e agora a princesa havia usado a desculpa de que o baile deveria ser uma tradição no castelo para convencer o pai a dar uma festa em cima da hora. Pelo jeito, tinha dado certo, a julgar pela pilha de convites e o fato de todos os funcionários do palácio estarem em um constante estado de agitação desde que o rei anunciou que haveria um baile na próxima semana.
Eu também me sentiria da mesma forma se tivesse que acompanhar Margot na noite da festa, mas o baile tinha sido marcado para uma das minhas duas noites de folga por semana, então pelo menos daquela eu conseguira escapar.
Não conseguia nem imaginar como deveria ser estar em um salão lotado de nobres e pessoas importantes, assistindo Margot dançar e conversar com os outros a noite inteira de um canto, sem poder me aproximar demais. Não era esperado que eu, sendo um guarda, conversasse sem preocupações com a princesa. E cada vez mais me sentia incomodado quando estávamos em público e eu tinha de fingir que éramos praticamente estranhos um para o outro.
É assim que as coisas deviam ser, uma voz dizia constantemente na minha cabeça, mas há muito eu já tinha decidido ignorá-la.
"E aqui está o de Mirian", Sebastian disse, chamando minha atenção. Ele puxou um dos convites do monte e o estendeu para o príncipe Steven. "Você sabe o que tem de fazer, não é?"
"É simples", ele disse sem preocupações. "Só dizer ao papai que Margot o está chamando na biblioteca, então finjo mexer na pilha de convites e peço que ele entregue este aqui para ela."
"Espero poder confiar nas suas capacidades de ator, Steven", Margot disse, em um tom quase ameaçador. "Se você estragar tudo porque não sabe mentir, vai se ver comigo."
"Eu sei mentir."
"Certo, Steven já sabe a parte dele, e você, Margot?", Sebastian interferiu, olhando para a irmã gêmea.
"Vou sair da minha aula com Mirian na biblioteca cinco minutos mais cedo. Vou fechar a porta e espiar de um corredor, quando papai entrar..."
"Eu tranco a porta." Sebastian tirou um molho de chaves do bolso e as girou no dedo com um sorriso. "Já disse o quanto amo ter chaves mestras?"
