"Embora não o soubesse na época, eu estava buscando o nome do vento."Terminei o capítulo e fechei o livro, um pouco receoso de erguer os olhos. Eu sabia que minha leitura ainda era bem ruim e eu tropeçava na maioria das palavras, mas para alguém que tinha fugido das letras a vida toda, pensei que estava fazendo progresso.
Ainda sim tinha medo que soasse ridículo demais minha tentativa de ler em voz alta. Por isso não queria olhar para ela.
A mão de Margot pousou no meu antebraço. Ergui o rosto, tentando não demonstrar o quão ansioso estava, por mais que eu soubesse que aquilo era impossível.
Ela estava sorrindo para mim. Os olhos brilhando.
"Jack... foi maravilhoso."
Eu abri um sorriso e maneei a cabeça.
"Não é pra tanto."
"É sim."
Ela colocou os braços em volta do meu pescoço e me fez olhar para ela quando disse:
"Sério, eu te ouviria ler a vida toda. Sem parar."
Havia um nó na minha garganta. Não daqueles que te sufocam quando você está angustiado, mas do tipo que se forma quando só as palavras não bastam para expressar direito o que está sentindo.
Puxei Margot para mais perto. Depois de ter sido obrigado a ficar formalmente longe dela quando nos conhecemos, agora parecia impossível de aguentar não tê-la nos braços. Precisava tocá-la e admirá-la sem medo, para lembrar de que não estávamos mais escondendo sentimentos de ninguém. Nem de nós mesmos.
"Você sabe que é em parte a maior responsável por essa mudança, não é?", sussurrei. "Se não fosse por você, acho que nunca teria procurado ajuda."
"Você teria, eventualmente", ela disse com uma certeza inabalável. "Você é determinado, Jack. E muito inteligente. Mais cedo ou mais tarde teria percebido a importância de deixar o medo para trás."
"Talvez", falei. "Mas você acelerou bastante o processo. O tornou mais fácil e... satisfatório."
Ela ergueu uma sobrancelha para mim, aquele sorriso travesso que eu já conhecia tão bem iluminando seu rosto.
"Satisfatório, é?"
"Não me esqueci das minhas recompensas. Qual foi o combinado mesmo? Um beijo para cada página lida?"
"Um beijo para cada dez páginas lidas."
"Mas hoje eu só li cinco!"
"Que pena que não existam meios beijos então, não é?"
Ela desceu do meu colo, rindo enquanto atravessava a sala de estar de uma das inúmeras casas da família real. Aquela ficava perto da costa, em Slottet. Apesar do inverno já ter começado, era bom se cobrir de casacos e ir ver o mar. Eu nunca tinha visto o oceano antes – o que é vergonhoso, se pararmos para pensar que moro em uma ilha – por isso Margot sempre dava um jeito de escapar comigo para caminharmos por quilômetros no alto das falésias de Steinorth.
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Mais que uma Princesa, livro 3 - Casa Arthenia
RomanceQuando a princesa Margot Arthenia, quarta na linha de sucessão ao trono de Steinorth, se mete em apuros que quase termina em tragédia em uma das boates mais famosos da capital do país, seu pai decide que é hora de impor um castigo severo a filha mai...